NOTICIÁRIO 35
Balasar, 10 (de Janeiro, publicado em 16 desse mês de 1937, no Idea
Nova)
Conforme dissemos, esteve muito animada a festa do Menino Deus,
sendo muito apreciado o sermão do Rev.do Mariano Pinho. Para o
próximo ano, foi eleita, com autorização do Rev.do Abade, a seguinte
comissão de devotos: juiz, Manuel Lopes dos Santos, filho de Joaquim
Caetano, de Guardinhos. Mordomos: Florentino, filho de José Malta, e
Amadeu Costa, filho de Joaquim Franco, ambos do lugar de Além.
Juíza, Ana, filha de João Domingues de Azevedo, do lugar de Além.
Mordomas: Maria Amélia, filha de António Eusébio, do lugar do Telo,
e Lucinda, filha de Alberto da Ponte, do lugar do Calvário.
Passando,
no dia 7 do corrente, o 58.º aniversário natalício do nosso Abade,
Rev.do Leopoldino Mateus, houve nesse dia missa e comunhão geral por
sua intenção, que foram muito concorridas pelas juventudes
católicas, benjaminas, crianças da Cruzada Eucarística e muitos
fiéis. No fim da missa, as benjamnias, e crianças da Cruzada foram à
sacristia cumprimentar o seu director e oferecer-lhe o seguinte
bouquet espiritual: 1.000 sacrifícios, 250 missas, 150 comunhões
e 1.000 jaculatórias, o que muito sensibilizou o nosso Rev.do Abade.
De
passagem, esteve entre nós o Sr. José Assis Pereira da Silva,
considerado industrial dessa vila.
Regressou dessa praia, onde passou as férias de Natal com a família,
o Sr. Matias Gonçalves de Castro Quilores, professor de ensino
primário nesta freguesia.
Tem
passado doente o Sr. António José da Costa, benquisto comerciante
das Fontainhas.
Partiu
com a família para essa vila, onde fixou residência, o chauffeur
Sr. Celestino Manuel dos Santos (o nosso Miúdo).
Imagem: Padre Leopoldino Mateus
Vimos
nesta freguesia os nossos bons amigos Srs. Eduardo José de Andrade e
Francisco Pereira, proprietários dessa vila.
***
Sr.
Celestino Manuel dos Santos foi o actor e poeta popular. Estará o
Pe. Leopoldino a falar do período em que esteve na cadeia? Se está…
NOTICIÁRIO 36
Balasar, 7 (de Fevereiro, publicado em 13 desse mês de 1937, no Idea
Nova)
O
último temporal, se não causou grande prejuízos nesta freguesia,
pelo menos paralisou o serviço agrícola e transformou os campos num
grande lago, tal a abundância da água que os cobre. O que, porém,
mais embaraça os transeuntes e revela a indiferença dos edis pelas
necessidades do público são os caminhos que a chuva tornou
intransitáveis. Particularmente nos lugares do Casal e Monte Tapado,
a lama é tanta que só em carros de bois ou burros se pode passar. Os
próprios automóveis não marcham.
Já é
tempo para se olhar para este estado de coisas, que muito embaraça o
serviço do povo, que paga as suas contribuições para que ao menos os
caminhos públicos o não inibam do seu labor quotidiano.
Está
gravemente doente a Sra. D. Maria Raposo de Azevedo, virtuosa esposa
do Sr. José Fernandes de Sousa Campos, abastado proprietário do
lugar do Lousadelo.
Estão
de parabéns as jacistas pela bela festa que nos proporcionaram no
domingo passado e a que assistiu bastante gente de fora da
freguesia.
Acompanhado de alguns amigos do Porto, vimos nesta freguesia o
Rev.do José Plácido Ferreira Querido.
Damos
sentidos pêsames ao nosso amigo Sr. Miguel Alves Sousa, lavrador do
lugar de Gestrins, pelo falecimento da sua filhinha Zulmira.
Há
algumas noites, a população desta freguesia foi surpreendida com um
incêndio de um lindo prédio inabitado do lugar dos Feães, da vizinha
freguesia de Gondifelos, pertencente a uns sobrinhos do falecido Dr.
Baltasar Furtado, da azenha do trigo, residentes em Ribeirão. Foi
grande o prejuízo, pelo valor do prédio, que era bom e novo, e pelos
géneros e artigos (leitura duvidosa na nossa cópia) nele
guardados. Ignora-se a origem do incêndio, constando que vai ser
chamada a polícia de investigação criminal para descobrir as causas
do sinistro.
***
Maria
Raposo de Azevedo era a esposa de José Fernandes de Sousa Campos.
Que
faria na freguesia o Rev.do José Plácido Ferreira Querido? Já seria
visita da Alexandrina?
INAUGURAÇÃO DA JAC (E DO SALÃO PAROQUIAL)
(Fevereiro de 1937)
Na
mesma página onde saiu o noticiário anterior, saiu também esta
notícia sobre a criação da Juventude Agrária Católica em Balasar:
Merecem calorosas felicitações os grupos de jacistas da freguesia de
Balasar, deste concelho, pelo luzimento e entusiasmo da sua
inauguração oficial como organismo da Acção Católica. Esta festa
marcou pelo seu brilho, fervor e concorrência de fiéis da freguesia
e doutras vizinhas, que ficaram sabendo o fim desta santa obra tão
preconizada pelo actual Pontífice Pio XI.
Teve a
abrilhantá-la o verbo eloquente e persuasivo do nosso conterrâneo
Sr. Dr. Molho de Faria,
ilustre professor de teologia e moral no Seminário Conciliar.
No
sábado, 30, à noite, houve adoração ao SS.mo Sacramento num lindo e
artístico trono como nunca esteve naquela religiosa freguesia. O Sr.
Dr. Molho fez um bom sermão sobre os deveres dos católicos na hora
presente, incitando-os à frequência dos sacramentos e a ingressar
nas fileiras da Acção Católica.
No
domingo, 31, à missa das sete horas, fez o notável pregador uma
substancial prática sobre a Acção Católica, seu fim, organização e
necessidade – sendo escutado com atenção e interesse pelo povo
crente que enchia o vasto templo. Comungam todos os jacistas,
acompanhados de suas famílias, em número aproximado de 200 pessoas.
Às
onze horas, começou a missa solene, cantando os jacistas à Missa dos
Anjos, acompanhados a harmónio pelo Sr. Abade de Rates. Às catorze
horas, procedeu-se à inauguração do grande salão paroquial, onde
doravante se ensinará a doutrina cristã e se realizarão as reuniões
das juventudes, a horas diversas. Quando o Sr. Dr. Molho de Faria,
ilustre delegado das Comissões Diocesanas, entrou no vasto salão,
lindamente ornamentado com motivos agrícolas, acompanhado pelosa
Rev. Abades de Balasar e de Rates, foi vivamente saudado pela
numerosa assembleia, ansiosa de assistir à sessão recreativa e ao
mesmo tempo da propaganda da Acção Católica.
Falaram, e muito bem, sobre o objecto da Acção Católica, os dignos
presidentes dos grupos, sendo muito aplaudidos. Seguiram-se diversos
recitativos, diálogos, canções, cenas e o cântico jacista. Todos os
intérpretes, apesar de ser a primeira vez a aparecer em público e
simples trabalhadores do campo, houveram-se muito bem e podiam
apresentar-se em qualquer vila, o que denotou grande esforço dos
dirigentes.
Pouco
depois das quinze horas, verificou-se no templo, repleto de fiéis
que seguiam com curiosidade as fases da festa jacista, a Comissão
oficial no organismo da Acção Católica, de novos membros, sendo
catorze rapazes, treze raparigas, para a Juventude, e dez benjaminas
(há nesta frase algum erro ou falha). Foi impressionante o
acto da imposição do distintivo, acompanhado duma quente alocução do
Sr. Dr. Molho, bem como o compromisso tomado diante do SS.mo
Sacramento exposto. Foi umas cerimónia que deveras comoveu a
assembleia. Terminou o religioso acto com a recitação do terço e
bênção eucarística.
Os
dirigentes dos grupos jacistas foram vivamente felicitados pelo povo
da freguesia e estranhos, que ficaram conhecendo o objectivo da
Acção Católica.
Daqui,
também lhes endereçamos quentes aplausos, desejando que prossigam
eficazmente na sua obra tão recomendada pela Igreja, para benefício
espiritual da sua freguesia e ressurgimento cristão do nosso velho
Portugal tão fortemente fustigado pelo comunismo. M.
***
O
abade de Rates já era o compositor Pe. Arnaldo Moreira. O harmónio
era o de Rates, que uma mulher transportava para Balasar, à cabeça
(não seria muito pesado).
Aqui
trata-se da inauguração oficial pois os jacistas já existiam.
NOTICIÁRIO 37
Balasar, 20 (de Fevereiro, publicado como atrasado em 6 de Março de
1937, no Idea Nova)
Confortada com os Sacramentos da Igreja, faleceu, aos 70 anos, a
Sra. D. Maria Raposa de Azevedo, virtuosa esposa do nosso amigo Sr.
José Fernandes de Sousa Campos, abastado lavrador do lugar do
Lousadelo.
O seu
funeral foi concorridíssimo, incorporando-se as Confrarias,
Apostolado da Oração e Cruzada Eucarística, com as suas bandeiras.
Teve ofício de corpo presente e o seu cadáver foi sepultado no
jazigo da família.
Principiaram as obras da escola do ensino primário, sendo construído
o salão do sexo feminino e reformado o do sexo masculino. É umas
obra de utilidade que, de há muito, devia ter sido realizada. Os
trabalhos foram confiados aos mestres Torres, de Beiriz, António
Magalhães e Francisco Ferreira, da Póvoa de Varzim.
Com 65
anos, tendo recebido os Sacramentos da Igreja, faleceu a Sra. D.
Leonor da Conceição Ribeiro, dedicada esposa do Sr. António Pereira,
do lugar de Gestrins. Ontem, realizaram-se os ofícios por sua alma,
sendo o seu funeral bastante concorrido.
A
Comissão Paroquial C.A.P.L. distribuiu pelos pobres alguns casacos e
xailes. Muito têm a louvar os indigentes o Estado Novo pela sua
grande obra de beneficência social.
Tem
passado bastante doente o nosso Abade Rev. Leopoldino Rodrigues
Mateus. Desejamos as suas melhoras.
***
“Principiaram as obras da escola do ensino primário, sendo
construído o salão do sexo feminino e reformado o do sexo
masculino”: antes tinha apenas um sala, mas devia ter anexo para a
residência do professor.
“A
Sra. D. Maria Raposa de Azevedo, virtuosa esposa do nosso amigo Sr.
José Fernandes de Sousa Campos, abastado lavrador do lugar do
Lousadelo”: esta Pratinha trouxe grande fortuna para a família.
“O seu
cadáver foi sepultado no jazigo da família” – onde está o antigo
abade, a cunhada e o marido da falecida.
NOTICIÁRIO 38
Balasar, 29 (de Fevereiro, publicado como atrasado em 17 de Março de
1937, no Idea Nova)
Causou
geral regozijo nesta freguesia, onde goza grande estima, a entrada
para a Câmara do novo vereador do pelouro das aldeias, o Sr. José
António de Sousa Ferreira, gerente e societário da Fábrica das
Fontainhas. Muito há a esperar da sua acção profícua em prol desta
freguesia, que muito carece da atenção da Câmara para realizar
inadiáveis melhoramentos, principalmente no lugar da Feira, no
Casal, Bouça Velha e Gresufes.
De
visita a sua família, esteve entre nós o nosso conterrâneo Rev.
Alexandre Lopes Alves da Silva, digno pároco de Mascotelos, no
concelho de Guimarães.
Damos
parabéns ao nosso amigo Sr. José Domingos da Costa Eiró, abastado
proprietário desta freguesia, mas residente em Gondifelos, por fazer
parte do Conselho Municipal de Vila Nova de Famalicão.
Foi
acometido de ataque de paralisia (mal ruim, como aqui lhe chamam) o
Sr. António da Costa Sousa, estimado carpinteiro do lugar do
Calvário. Desejamos as suas melhoras.
Cumprimentamos o nosso amigo Sr. Cândido Manuel dos Santos,
encarregado do posto do registo civil, pelo falecimento duma filha
recém-nascida.
Principia amanhã na Igreja Paroquial o mês do Patriarca São José.
No
próximo sábado, verifica-se o ajuntamento por desobriga do povo
desta freguesia.
No dia
7 de Março, realiza-se a comunhão colectiva, para desobriga, das
juventudes desta paróquia.
Depois
duma ausência de cinco anos e meio, regressou da França o Sr.
Joaquim da Costa Correio, prezado filho do Sr. Manuel da Costa
Correio (Crespo), industrial do lugar de Gestrins.
NOTICIÁRIO 39
Balasar, 14 (de Março, publicado como atrasado em 20 do mesmo mês de
1937, no Idea Nova)
No
domingo passado realizou-se a comunhão pascal colectiva dos jacistas
desta freguesia. Não faltou um só à chamada e todos, depois de ouvir
a instrução religiosa do Rev. Assistente Eclesiástico, comungaram
com muito fervor, edificando os fiéis com seu exemplo e compostura.
No dia 19, promovem a festa a S. José, patrono dos trabalhadores,
com missa solene, de manhã, exercícios em honra do santo e admissão
de crianças na Cruzada Eucarística, de tarde.
São
dezanove os mancebos desta freguesia que entraram no recenseamento
militar do ano seguinte.
Depois
duma vilegiatura de dois meses nessa ridente praia, regressou com a
sua família a esta freguesia o Sr. Celestino Manuel dos Santos,
chauffeur da firma Rodrigues.
Retidos pelas gripes, estiveram doentes o nosso amigo Sr. José
António de Sousa Ferreira, vereador municipal, e esposa, Sra. D.
Idalina Maria de Sá Ferreira. Desejamos o seu restabelecimento.
Realizou-se há dias o baptizado do inocente Bernardino Leitão de Sá,
filho primogénito do Sr. Celestino Gonçalves de Sá e da Sra.
Mirandolina Leitão de Campos, abastados lavradores do lugar do
Lousadelo.
***
“Depois duma vilegiatura de dois meses nessa ridente praia,
regressou com a sua família a esta freguesia o Sr. Celestino Manuel
dos Santos, chauffeur da firma Rodrigues”: parece haver aqui
ao menos uma imprecisão. O Pe. Leopoldino penso que está a referir o
período que Celestino Miúdo passou na cadeia da Póvoa –
injustamente, diga-se; ora foram três meses e não dois. O modo de
referir esse período também não foi o mais apropriado.
No
número anterior tinha saído no Idea Nova uma longa nota sobre
Balasar. Mesmo sendo assinado por H, supomos que foi seu autor o Pe.
Leopoldino.
(MELHORAMENTO VIÁRIO)
Balasar, 28 (de Março, publicado como atrasado em 7 de Abril de
1937, no Idea Nova)
Estrada Municipal
– Lavra enorme regozijo nesta freguesia em virtude da obra que se
vai realizar de reparação da estrada municipal.
Trata-se de um grande melhoramento para esta freguesia. É sem dúvida
um apreciável benefício da ilustre comissão que se encontra à frente
dos destinos do nosso concelho. Conquanto se trate duma obra com a
comparticipação do Estado, pelo Fundo do Desemprego, àquela comissão
municipal devemos agradecer o seu esforço posto ao serviço da nossa
freguesia.
O
lanço da estrada que se vai reparar encontra-se intransitável, não
existindo no concelho outro que lhe chegue em mau estado. Se o
inverno tivesse sido rigoroso, o referido lanço apresentar-se-ia um
lodaçal onde nem a pé nem de carro de bois se transitaria.
Além
do melhoramento para a freguesia, devemos salientar o benefício que
advém para os nossos trabalhadores desempregados, a braços com a
miséria: muitos se vão ocupar nos trabalhos da reparação.
É pois
justo o regozijo que reina nesta freguesia.
À
Câmara Municipal apresentamos a expressão do nosso mais vivo e
sincero reconhecimento.
De
visita
- Vieram a esta freguesia, há dias, os Srs. Dr. Carlos Moreira
(Presidente da Câmara), Capitão Canelhas e Domingos Figueiredo, que,
acompanhados da Junta, visitaram o lanço da estrada a reparar e a
capelinha do Senhor da Cruz.
***
Não
numeramos este noticiário por nos parecer, alguns pormenores, mais
correspondência de Cândido dos Santos.
Estava
em marcha a ampliação da escola primária e ia-se reparar a estrada
do Cubo para a Igreja: era o Estado Novo a recuperar o país das
anteriores décadas de desgoverno.
NOTICIÁRIO 40
(VISITA PASCAL)
Balasar, 20 (de Março, publicado como atrasado em 14 de Abril de
1937, no Idea Nova)
Com um
dia lindo e criador, realizou-se ontem a visita pascal, que é sempre
motivo de festiva alegria para os crentes.
Às
oito horas e meia, saía da Igreja Paroquial o nosso Rev. Abade, que
percorreu toda a freguesia, que o recebeu com urbanidade e atenções.
À saída, estralejaram os foguetes e durante o percurso o mesmo sinal
era dado para conhecimentos dos visitados. Tudo decorreu na melhor
ordem e alegria. Eram dezanove horas e meia quando o compasso
recolheu à igreja, dando então o mordomo da cruz, o nosso amigo Luís
Murado Torres, algum fogo de cores, que foi muito apreciado.
A
passar as férias com sua extremosa mãe, está entre nós o Sr. Dr.
António da Silva Leitão, professor do Colégio Povoense e advogado da
nossa comarca.
Há
dias, o mendigo Manuel Pereira Dias (o Gato Cego), dirigindo-se para
casa da sua residência, ao lugar do Casal, não podendo seguir pelo
caminho, intransitável pela água, subiu uma baixa parede para
atravessar uma bouça; mas fê-lo com tanta infelicidade que, caindo
abaixo, escanhotou a cabeça, tendo de recolher ao hospital dessa
vila. É já tempo de se repararem esses caminhos de grande trânsito,
para bem do povo que paga e trabalha.
Causou
dolosa impressão no povo desta freguesia a resolução definitiva do
arranque das videiras americanas pois a maior parte dos lavradores
fica sem vinho durante alguns anos para gasto de casa, tendo de
mandar os filhos e jornaleiros beber água do rio ou do poço.
***
O Pe.
Leopoldino fez a visita pascal a toda a Balasar em menos de 12
horas? Uma maratona!
NOTICIÁRIO 41
Balasar, 18 (de Abril, publicado em 1 de Maio de 1937, no Idea
Nova)
A
invernia tem causado alguns prejuízos à lavoura, particularmente às
árvores de fruto, impedindo também a enxertia das videiras
americanas, que não poderá estar pronta para 15 de Maio, havendo
necessidade do prolongamento do prazo ou tolerâncias do decreto.
Uniram-se pelos laços do matrimónio cristão o Sr. Agostinho da Costa
Lopes (Mariano), solteiro, de 62 anos, considerado maestro da
extinta capela musical desta freguesia e lavrador do lugar do Casal,
com a Sra. Maria da Silva Varziela, de 26 anos, solteira, criada de
servir da freguesia de Pereira, Barcelos. Aos nubentes desejamos um
porvir cheio de venturas e flores domésticas.
Embarcou para o Rio de Janeiro o Sr. Henrique da Costa Lopes, filho
mais velho do Sr. António da Costa Lopes (Eusébio), lavrado do Telo.
Casa
brevemente em Touguinhó o ferroviário Mário da Costa Gonçalves,
filho do nosso amigo Cândido Manuel dos Santos, funcionário do
registo civil, com a Sra. Maria Julieta Gomes Fernandes, operária de
fábrica, residente naquela freguesia. Desejamos-lhe muita ventura.
Estão
em vias de conclusão as obras de reparação da escola Albino
Montenegro, do ensino primário desta freguesia.
De
visita à sua família, esteve entre nós a nossa conterrânea Sr. D.
Guilhermina Cândida Alves da Costa Reis, esposa do Sr. José Marques
da Cunha, de Braga.
***
No
penúltimo parágrafo, o Pe. Leopoldino dá a importante informação de
que a escola primária da freguesia se chamava Escola Albino
Montenegro. Albino Montenegro deveria ser brasileiro e ter custeado
a construção do edifício primitivo. Mas em concreto nada sabemos
sobre ele. Penso que Balasar o esqueceu completamente.
Terminam os noticiários para a Idea Nova.
NOTICIÁRIO 42
Balasar (publicado em 17 de Julho de 1937, n’A Propaganda)
Deve
chegar brevemente a esta freguesia o Sr. Joaquim Domingues de
Azevedo, prezado irmão do nosso amigo João Rodrigues de Azevedo,
lavrador do lugar de Além. O nosso conterrâneo regressa da cidade do
Rio de Janeiro, onde se encontra há 28 anos, adquirindo no comércio
uma avultadíssima fortuna.
Há
dias, no lugar da Quinta, incendiou-se a cozinha da Sra. Maria
Loureiro, viúva do Salvador, consumindo o que ali estava. O fogo foi
originado no lume, que estava aceso, sem pessoa alguma ficar em casa
a guardá-lo, indo todos para o campo trabalhar. O incêndio foi
prontamente (ilegível) pelo povo, que acudiu alvoroçado pelo toque
do sino pedindo socorro. Os prejuízos são bastantes e não estão
seguros em companhia.
No
lugar de Gestrins, reside a Sra. Maria da Silva Malta, solteira,
lavradeira, com fama de possuir cordões, pulseiras e bastante
dinheiro. Uma noite destas, os amigos do alheiro, aproveitando-se da
sua ausência, entraram pelo telhado, vasculharam tudo, encontraram
só três escudos numa algibeira. Ficaram logrados porque os haveres
estão fora, em lugar seguro. Quando a proprietária regressou do
serão, altas horas da noite, a sua casa, encontrando a janela aberta
e a casa destelhada, logo desconfiou da visita noctívaga de algum
meliante. Não se incomodou. Deitou-se sossegadamente e só no dia
seguinte é que foi examinar a obra do gatuno.
A
passar uma larga temporada, encontra-se entre nós a família do Sr.
Dr. Armindo Graça, abastado advogado desta comarca, e a Sra. D.
(ilegível), dessa vila.
NOTICIÁRIO 43
Balasar (publicado em 12 de Setembro de 1937, n’A Propaganda)
A
imprudência duma criança pegou fogo a uma meda de trigo do lavrador
Manuel Domingues da Costa, de Escariz, causando-lhe prejuízos
superiores a três contos, valendo-lhe o auxílio do povo na debelação
do incêndio, aliás o desastre seria maior.
Vitimada por uma síncope cardíaca, faleceu com 45 anos a Sr. D. Rita
Murado Torres, virtuosa esposa do lavrador Sr. Luís Murado Torres e
tia do Sr. Dr. Joaquim Torres da Costa Reis, desta comarca. Teve
ofício de corpo presente com assistência de onze sacerdotes,
incorporando-se no funeral a maior parte dos homens da freguesia,
muitas pessoas das freguesias dos concelhos vizinhos e diversos
amigos dessa vila. Fechou o caixão o nosso amigo Sr. Dr. Joaquim
Alves Torres, cunhado da extinta. Sentidos pêsames aos doridos.
Uniram-se pelos laços do matrimónio cristão o Sr. Januário Lopes
Rodrigues e a Sra. Joaquina dos Santos Martins, costureira, de
Gondifelos. Muitas felicidades.
A
assistir ao enterro da Sra. D. Rita Murado, estiveram entre nós os
Srs. Pe. Alexandrino Leituga, Dr. Joaquim Alves Torres, Dr. Domingos
Graça, Dr. Costa Reis, António dos Santos Graça, Lino Fernandes
Troina, Fernando Ribeiro Pontes, Eduardo José de Andrade, António
Caetano Calafate, Salazar Coelho, Manuel Ferreira Graça, Agostinho
Cadilhe e outros dessa vila.
Realiza-se brevemente nesta freguesia a festa do Sagrado Coração de
Jesus, precedida de novena e prática, sendo orador o Rev. Domingos
Gonçalves, activo director da oficina de S. José, de Guimarães.
Encontra-se em Caldelas a Sra. D. Maria da Conceição Leite Reis
Proença, professora oficial.
Está
em vias de organização nesta freguesia a Legião Portuguesa.
***
A
vinda ao funeral de António dos Santos Graça, de lamentável memória,
leva a supor que Luís Murado Torres teria simpatias republicanas.
NOTICIÁRIO 44
Balasar (publicado em 20 de Novembro de 1937, n’A Propaganda)
Com
toda a gravidade e ordem, realizou-se a eleição da nova junta da
freguesia, que ficou assim constituída: António Domingues da Silva
Furtado (Gandra), Joaquim Pereira da Silva Costa (Franco), João de
Sousa Ferreira Júnior (Fontainhas), José da Silva Oliveira (Além),
José da Silva Malta (Vila Pouca) e Manuel Fernandes da Silva Malta
(Telo).
A
assembleia foi muito concorrida, apesar de não haver oposição, não
só por os eleitos serem do agrado da freguesia, mas também para lhes
manifestar o seu apoio às reclamações a fazer em benefício da
localidade e do seu povo.
Na
verdade, uma das aspirações deste laborioso povo é a criação de um
curso nocturno de instrução primária, pelo grande número de
analfabetos aqui residente, por deficiência do ensino escolar e
descuido do país. Presentemente a escola do sexo masculino tem à sua
frente o professor Sr. António Costa, que já conta 58 alunos
matriculados, devendo ainda aumentar esse número dentro da idade
escolar. Mas os maiores, que passam o dia nos campos ou na oficina?
Só no curso nocturno e tendo o novo professor aplicação e zelo para
exercer com fruto o seu múnus; é de grande vantagem a sua criação,
já no presente inverno.
Esteve
entre nós de passagem o nosso velho amigo Sr. Eduardo José de
Andrade, proprietário da acreditada casa de pasto Santório, dessa
vila.
Passando no dia 18 de Outubro o quinto aniversário do falecimento do
saudoso António Lopes de Sousa Campos (Murado), por sua lama
celebrou missa o nosso Rev. Abade Leopoldino Rodrigues Mateus, a que
assistiram a família e muitos amigos que ainda deploram a morte do
querido extinto, um dos homens mais prestáveis e importantes da
freguesia.
Mudou
o estabelecimento para a casa que comprou no lugar da Cruz o nosso
bom amigo Sr. Antero Alves da Costa Reis, o depositário da caixa do
correio, tendo sido muito cumprimentado no dia da sua abertura.
Tem
passado doente a Sra. Ana Martins de Campos, virtuosa esposa do Sr.
Bernardino Gonçalves de Sá (Laundos),
abastado lavrador do lugar do Lousadelo.
NOTICIÁRIO 45
Balasar (publicado em 25 de Outubro de 1937, n’A Propaganda)
Fixou
residência nesta freguesia o novo professor do ensino primário e
nosso amigo Sr. António Costa, que tem sido visitado por muitos
amigos da Póvoa. Muito tem a fazer o novo professor no campo da
instrução porque los nossos lavradores descuidam-se muito de mandar
os filhos para a escola.
Tendo
passado entre nós alguns meses, retirou para a sua casa da Azurara o
Sr. Jorge Ramos, hábil farmacêutico.
Faleceu com dez anos e meio o menino Mário, querido filho do nosso
amigo Sr. António Alves Santos (Geira), regedor desta freguesia. O
seu funeral foi muito concorrido.
Na
noite do dia 1 de Outubro, o nosso povo andou todo alvoroçado com um
céu ígneo que dá na torre da igreja e nas casas um reflexo como se
fosse a lua cheia a romper por entre o pinheiral.
Pouco
depois, passando nas Fontainhas a viatura dos bombeiros dessa vila,
se soube que o reflexo era originado por um forte incêndio que
devorava as importantes fábricas dos Srs. Cancela e C.ª, em
Famalicão.
Seguiram para Lisboa, onde vão frequentar o curso de oficiais
milicianos, os nossos conterrâneos Srs. Drs. José e João Ferreira
Gonçalves da Costa (Castilho), conceituados médicos desta freguesia.
Causou
dolorosa impressão o desastre da estrada nacional, junto do lugar de
Gestrins, em que uma camioneta do Sr. Timóteo Vasconcelos destroçou
um carrinho de carga, matando o burro e ferindo tão gravemente o seu
condutor, Manuel Baptista, de Rio Mau, de 37 anos, que veio a
falecer no hospital dessa vila, onde se procedeu à autópsia do
cadáver. A vítima deixa viúva e filhos em precárias condições. Mais
cuidados com as pressas!
A
passar a época das vindimas, encontra-se entre nós com a família o
Sr. Alfredo de Campos Matos.
O ano
agrícola é bom, havendo muito vinho e milho, que alegrou os nossos
lavradores, que viviam tristes por a produção de trigo, centeio e
aveia ser muito escassa.
De
visita aos seus venerados pais, que passam muito doentes, esteve
entre nós o Sr. Carlos Augusto Lopes, ferroviário aposentado e
cobrador de “A Beneficente”.
***
Com
escola para meninos e meninas, há dois professores, homem e mulher.
Parece que o Prof. Quilores se aposentou. |