NOTICIÁRIO 46
Balasar (publicado em 9 de Fevereiro de 1938, n’A Propaganda)
Os
professores desta freguesia, Sr. António Costa e D. Conceição
Reis Proença, realizaram com louvor a festa da árvore, mandando
as crianças plantar algumas no largo da Igreja Paroquial e
ornamentando o adro com roseiras, instruindo os seus alunos no dever
de respeitar e estimar a árvore. Foi uma lição educativa que deve
aproveitar aos futuros cidadãos da Pátria.
Imagem:
D.
Conceição Reis Proença (a Çãozinha)
Mais
uma desgraça a lamentar com o correr desenfreado das camionistas. Há
dias, uma camioneta da Garagem Linhares dessa vila, ao passar no
alto da Serra de Rates, ia com tanta velocidade que galgou uma
parede, ferindo os passageiros, alguns gravemente, como o Luís
Calheiros, ajudante, Rosa Bernardina, casada com Manuel Livreiro, da
Rua da Caserneira, e Ludovina Folhetas, da Rua da Lapa. Os senhores
chauffeurs quando entrarão na ordem?
Esteve
entre nós o Sr. Leopoldino Gomes Loureiro, professor oficial dessa
vila muito estimado nesta freguesia onde encontra numerosos amigos e
admiradores do seu carácter e da sua ilustração.
Tomou
posse a nova mesa da Confraria de Santo Antão, que ficou assim
constituída: juiz, Adelino Gonçalves Ferreira (Regueiro); escrivão,
Aníbal Fernandes Fontinhas; tesoureiro, José Martins de Sá, do Telo;
procurador, António Ferreira de Faria; mordomos, Alfredo Furtado,
João Eusébio, António Geira e Miguel Gouveia.
Confortada com os sacramentos da Igreja, faleceu no lugar do Casal,
com 69 anos, a Sra. Teresa Gonçalves de Sá, natural de Laundos,
viúva do Sr. António da Bouça. Há 34 anos que sofria duma dolorosa
doença e há 17 que estava paralítica, sem movimento algum, sendo
necessário dar-lhe de comer. Que paciência a desta pobre mulher! Que
santa resignação a sua!
O
tempo invernoso vai impedindo as sementeiras do trigo e centeio, que
vão ficando tardias.
A
briosa comissão da festa do Menino Deus trabalha afanosamente no
brilhantismo da mesma, tendo convidado para pregar o Rev. Porfírio
Alves, digno Prior de Vila do Conde.
Guarda
o leito a Sra. D. Maria Emília Leitão, veneranda mãe do Sr. António
da Silva Leitão, professor do Colégio Povoense.
***
António Joaquim Leitão, que, em 1886, com 40 anos, casou com D.
Maria Emília Leitão, que então tinha 19, veio a comprar a Casa da
Quinta. Em 1938, D. Maria Emília Leitão estaria com 72.
NOTICIÁRIO 47
Balasar (publicado em 2 de Março de 1938, n’A Propaganda)
Tomou
posse a nova Junta de Freguesia que ficou assim constituída:
presidente, António Domingues da Silva Furtado, secretário, João
António de Sousa Ferreira, tesoureiro, Joaquim da Silva Ferreira
Costa. São homens probos, zelosos, de quem muito há a esperar a bem
da localidade.
Confortado com os sacramentos da Igreja, faleceu com vinte e três
anos o Sr. José Lopes de Sousa Campos, filho do saudoso António
Murado. O seu funeral foi bastante concorrido.
Com 81
anos, faleceu a Sra. Joaquina Ferreira Pontes (Chã), residente no
lugar do Outeiro. Era prima do Sr. Arcipreste António Gomes
Ferreira, abade de Terroso, a quem apresentamos sentidos pêsames.
O
professorado anda ensaiando as crianças para uma festa escolar em
benefício da Festa dos Crucifixos que se realizará brevemente. Deve
ser muito concorrida pelo fim patriótico a que se destina.
Na
Igreja Paroquial foi baptizado o filho primogénito do Sr. António
Lopes Alves da Silva e da Sra. Ana Maria da Silva, lavradores do
lugar do Casal. Foram padrinhos o Sr. Baltazar Murado e a Sra. Ana
dos Santos Maia, respectivamente tio e avó do neófito.
Vai
grande entusiasmo nas fileiras do jocismo local pela sua festa anual
a realizar no fim do mês, sendo orador o Rev. Dr. A. Molho de Faria,
ilustre professor do Seminário Conciliar de Braga.
No dia
7 de Janeiro, inaugurou-se, na escola do sexo masculino, o curso
nocturno para adultos regido pelo professor António Costa. O curso
conta já perto de 50 alunos; daqui se vê a necessidade da sua
criação.
NOTICIÁRIO 48
Balasar (publicado em 6 de Março de 1938, n’A Propaganda)
Constituiu-se nesta freguesia um grupo cénico dirigido pelo
professor primário Sr. António Costa com o fim de dar espectáculos
de beneficência. O seu reportório, constituído por peças
moralizadoras, tem agradado bastante. Desejamos-lhe larga vida e a
concorrência de muitos aficionados.
Foi um
sucesso a festa jocista ultimamente realizada. A Hora de Adoração
nocturna, no sábado, foi concorridíssima, estando Jesus Hóstia
exaltado num elegante trono adornado de profusão de lumes e lindas
flores. O sermão do Sr. Dr. Molho de Faria agradou muitíssimo. Findo
o acto religioso, os assistentes dirigiram-se (?) em grupos
alumiados por fachos ardentes e cantando versos a Jesus
Sacramentado, o que constituiu um espectáculo único.
No
domingo, pela manhã, houve missa dialogada, homilia pelo Sr. Dr.
Molho de Faria e comunhão geral a que acorreram algumas centenas de
fiéis. De tarde, realizou-se a tocante cerimónia da entronização do
Sagrado Coração de Jesus no salão paroquial, a que presidiu o Rev.
Abade Leopoldino Rodrigues Mateus, que foi incansável na organização
da festa. Benzida a imagem na igreja, foi conduzida apelos jocistas
cantando versos ao Senhor, até ao salão, onde foi entronizada e onde
ficou a presidir às reuniões da Acção Católica. A seguir houve
sessão solene de propaganda católica, presidida pelo Sr. Dr. Molho
de Faria, em que falaram da Acção Católica os presidentes dos
grupos, o nosso Rev. Abade e o Sr. Dr. Molho, recitando poesias
algumas benjaminas.
Na
Igreja Paroquial fez-se a seguir a admissão nas fileiras católicas
de algumas jocistas e benjaminas, fazendo sobre o acto um eloquente
discurso o Sr. Dr. Molho de Faria. O religioso acto terminou com a
recitação do terço, bênção eucarística e canto do novo hino a
Cristo-Rei, acompanhado a harmónio pelo Sr. Abade de Rates.
Assistiram à festa muitas pessoas das freguesias vizinhas e da Póvoa
de Varzim, afectas à interessante obra da Acção católica. Parabéns
às jocistas pelo brilhantismo da festa que marcou nos anais
religiosos desta freguesia.
***
Salão
Paroquial: criação do tempo do Pe. Leopoldino, o salão paroquial de
Balasar parece ter tido na origem forte ligação às organizações
juvenis da JOC, concretamente a JAC. Aí se exibiam ainda há pouco
vários dos que devem ter sido dos melhores jugos balasarenses.
NOTICIÁRIO 49
Balasar (publicado em 23 de Abril de 1938, n’A Voz da Póvoa)
Na
feira anual de Bagunte, obteve o primeiro prémio o gado do Sr.
Laurentino da Silva Malta, abastado proprietário do lugar de Além. O
jovem agricultor, que é presidente do grupo jocista, foi muito
cumprimentado pelos seus conterrâneos e companheiros da Acção
Católica.
De
visita aos seus parentes e amigos, esteve entre nós o nosso
conterrâneo Rev. Arcipreste António Gomes Ferreira, abade de
Terroso.
Já
melhorou da doença que o reteve alguns dias no leito o nosso amigo
Sr. Dr. João Ferreira Gonçalves da Costa (Castilho), médico desta
freguesia.
Por
motivo de grassar nesta freguesia a varíola, embora com carácter
benigno, a reclamação das junta de freguesia, o subdelegado de saúde
vacinou 99 crianças de ambos os sexos.
Com a
casa à cunha, realizou-se hoje a festa escolar em benefício do cofre
das escolas apresentando-se muito bem os alunos. O grupo Rambóias
desta freguesia cooperou no espectáculo com a engraçada comédia em
um acto Medicomania.
Principiaram as preces ad petendam pluviam por determinação
do Ex.mo e Rev.mo Sr. Arcebispo Primaz, para valer à secura das
terras, que é grande.
Na
quinta-feira esteve em Fradelos a pregar o sermão da Paixão o nosso
Rev. Pároco.
***
Ad
petendam pluviam
– expressão latina que significa “para pedir chuva”.
NOTICIÁRIO 50
Balasar (publicado em 29 de Abril de 1938 n’A Voz da Póvoa)
No
discurso de abertura da última récita escolar, o nosso Rev. Pároco,
referindo-se à comemoração do duplo centenário da constituição da
nossa nacionalidade e restauração da independência (1640),
preconizou a necessidade de se fazer entre nós essa festa para
instrução dos alunos das escolas e desenvolvimento da energia
patriótica de seus pais. A ideia do orador foi acolhida com aplauso
pela assembleia que enchia o salão recreativo, falando-se na
organização duma comissão, constituída pelos antigos estudantes,
Rev. Pároco, médicos, advogado, farmacêutico, professores,
proprietário João Henrique Alves da Costa Reis e actuais alunos do
Liceu Eça de Queirós. Oxalá que a ideia patriótica e simpática vá
por diante não só para corresponder aos desejos do ilustre
Presidente do Conselho, mas também para ilustração e educação cívica
do povo trabalhador desta freguesia.
Tem
passado bastante doente o nosso Rev. Pároco, Leopoldino Rodrigues
Mateus. Desejamos-lhe as suas melhoras.
Em
serviço clínico, esteve nesta freguesia o Sr. Dr. Vieira Trocado,
dessa vila.
A
passar as férias da Páscoa com as famílias, estiveram entre nós o
Sr. Dr. António da Silva Leitão, subdelegado do Procurador da
República desta comarca, e as académicas D. Maria Murado Torres e D.
Prisciliana Almeida.
Um dos
bois abatidos na matança da Páscoa pelo marchante Sr. Joaquim dos
Santos Oliveira, sucessor da firma Quintandura dessa vila, foi
comprado ao Sr. Joaquim Machado desta freguesia. Era um belo
exemplar, que muito foi apreciado na exposição dos bois da Pascoa,
em Quinta-Feira Santa.
De
visita aos seus amigos, esteve entre nós alguns dias o Sr.
Leopoldino Gomes Loureiro, professor primário dessa vila.
Encontram-se em Barcelos a fazer o retiro da Acção Católica os
jovens jacista Srs. Henrique da Silva Malta, Hilário Domingues da
Costa e Amadeu Ferreira da Silva Costa. Alguns dos seus companheiros
acompanharam-nos àquela cidade.
NOTICIÁRIO 51
Balasar 10 (publicado em 19 de Maio de 1938 n’A Voz da Póvoa)
Causou
geral agrado nesta freguesia a entrevista publicada neste jornal a
respeito da acção do Sr. Dr. Carlos Júlio de Matos Moreira como
presidente da câmara; Sua Excelência conta grandes admiradores nesta
freguesia porque, durante a sua gerência, conseguiu, com a
comparticipação do Estado, a reparação da estrada camarária desde a
Igreja Paroquial até à estrada nacional.
No
próximo dia 13, promovida pelas jacistas e cruzada eucarística, vai
haver uma festa à Senhora de Fátima pelas melhoras do nosso Rev.
Pároco.
Cá
chegou a tão suspirada chuva que, acompanhada de granizo e frio, tem
dado bastante prejuízo ao vinho e à fruta.
Prosseguem activamente os ensaios da interessante peça “Morte de
Abel”, que o grupo dos Rambóias vai brevemente levar à cena a pedido
de várias famílias.
NOTICIÁRIO 52
Balasar, 17 (publicado em 19 de Maio de 1938 n’A Voz da Póvoa)
No
próximo domingo realizar-se-á no salão paroquial uma reunião da
Corporação Fabriqueira, Confrarias, Junta de Freguesia, professores
e principais lavradores da freguesia para acordar na melhor forma de
receber o nosso Ex.mo Prelado, que vem em visita pastoral no próximo
mês de Junho.
A
última visita fez-se em Julho de 1917, sendo prelado o Sr. D. Manuel
Vieira de Matos e pároco o Rev. Manuel Fernandes de Sousa Campos,
ambos de saudosa memória.
A
visita é feita pelo Bispo de Arena, como visitante e delegado do Sr.
Arcebispo Primaz.
Há
dias, quando se estava para principiar o exercício do mês de Maria,
uma vela incendiou a cetineta que embeleza o trono da Virgem,
causando pânico nos fiéis. O fogo foi logo debelado, não tendo
importância alguma. Foi maior o susto que o prejuízo. Antes assim.
Foi
muito concorrida a festa a Nossa Senhora de Fátima pelas melhoras do
nosso Rev. Pároco. A igreja encheu-se por completo, como ao domingo,
e da mesa eucarística abeiraram-se mais de 200 pessoas.
***
O
Bispo de Arena, D. Luís de Almeida, natural de Cavalões e
resignatário de Bragança, era irmão do importante político
balasarense Manuel Joaquim de Almeida.
NOTICIÁRIO 53
Balasar (publicado em 21de Maio de 1938 n’A Propaganda)
Realizou-se há dias uma festa escolar. O teatro encheu-se por
completo e muita gente não assistiu por falta de lugar, tal o
interesse que o espectáculo despertou no ânimo do povo desta
freguesia e das freguesias circunvizinhas.
Pelo
enunciado do programa, ver-se-á a sua importância: A Avozinha, O
Riso, A Floreira, Os Ninhos, Sou gente, A Poveira, Fábula Polaca,
Homem do Campo, O Lobo e o Cordeiro, O Lagarto e a Cobra, Já Sou uma
Senhora, a patriótica canção José Maria, O Edital, A Tabuada,
O Delicado, O meu Gatinho, O Rantaplão, A Caminho da Feira, O que eu
Faço, Lição de História.
Terminou com o cântico A nossa Bandeira pela menina Maria
Adelaide Ferreira da Costa.
Insano
trabalho tiveram os professores António Costa e D. Conceição Reis
para ensaiar as crianças, fazendo de rudes moradores do campo lindos
actores que se houveram muito bem no desempenho dos seus papéis,
merecendo fartos aplausos.
Ao
iniciar o espectáculo o nosso Rev. Abade fez um importante discurso
sobre o tema ”Qual a missão do professor? Instruir e educar”.
Consta
que o espectáculo se vai repetir na segunda-feira de Páscoa em
benefício da caixa escolar.
No dia
21 de Março, ao romper da Primavera, fez 38 anos o nosso prezado
amigo Sr. António Carvalho Pereira da Costa, abalizado professor de
ensino primário nesta freguesia. Os nossos respeitosos cumprimentos.
Confortado com os Sacramentos da Igreja, faleceu com 66 anos, no
lugar da Gandra, o Sr. Sebastião de Sá Oliveira. Paz à sua alma.
Na
vizinha freguesia de Gondifelos realizam-se com esplendor as
tocantes cerimónias da Semana Santa.
***
Muito
aplicados os professores de Balasar.
D.
Conceição Reis é a Sãozinha dos livros da Beata Alexandrina.
NOTICIÁRIO 54
Balasar 20 (publicado em 26 de Maio de 1938 n’A Voz da Póvoa)
Da
reunião dos proprietários, no salão paroquial, para tratar da
próxima visita pastoral, resultou a nomeação duma comissão para
tratar do assunto. Para essa comissão, presidida pelo Rev. Pároco,
foram escolhidos os Srs. João Ferreira e José de Sousa Ferreira,
pela Fabriqueira, António Carvalho Costa, pelo professorado, António
Domingues Furtado, pela Junta de Freguesia, e Alberto Alves de
Oliveira, pelos lavradores. A comissão já iniciou os seus trabalhos,
promovendo uma subscrição, cuidando da reparação exterior da Igreja
Paroquial e preparando uma recepção condigna ao Ex.mo Prelado. Oxalá
que seja bem-sucedida, para honra da freguesia.
De
visita a sua estremecida avó, Sra. D. Adosinda Oliveira Ferreira,
está entre nós o Sr. Neco Ferreira, prezado filho do Sr. Ângelo
Ferreira, cortador de carnes verdes nessa vila.
Na
Feira Anual das Fontainhas, a realizar-se no dia 29 de Maio, serão
concedidos os seguintes prémios: à melhor junta de bois de trabalho,
4 a seis anos, 100$00 (1.º) e 50$00 (2.º); à dita de 2 a 3 anos,
70$00 e 40$00; à dita de novilhos, de 1 a 2 anos, 50$00 e 30$00; à
melhor vaca leiteira, raça “turina”, 30$00 e 20$00; ao porco ou
porca de mais peso, 25$00 ou 15$00; ditos de 4 a 8 meses, 15$00 e
10$00; porca de criação com mais filhos, 25$00 e 15$00.
Na
corrida de cavalos, ao cavalo ou égua que melhor correr travado,
100$00 e 50$00; corrida a galope, 100$00 e 50$00.
Há
esmerado serviço de restaurantes.
***
Em
relação à Feira das Fontainhas, é caso para dizer: e assim,
festivamente, muitos balasarenses corriam para a falência. Estes
prémios eram valiosos e saíam do bolso dos lavradores.
NOTICIÁRIO 55
(VISITA PASTORAL)
Balasar 26 (publicado em 30 de Junho de 1938 n’A Voz da Póvoa)
Foi
recebido com indescritível entusiasmo, na sua visita pastoral, o Sr.
Bispo de Arena, que se fazia acompanhar dos Rev.dos Arcipreste
Ferreira e Abade Leituga. Sua Ex.cia Rev.ma era esperado pelas
corporações religiosas, jacistas e muito povo, que o acalmaram com
frenesi. O trajecto da capela da Quinta à Igreja Paroquial estava
lindamente decorado pelo Sr. Carlos Ferreira, de Argivai,
apresentando um artístico tapete de flores feito sob a direcção do
Sr. professor A. Costa.
O
vasto templo encheu-se de fiéis que ouviram com atenção e agrado a
substanciosa instrução do ilustre Prelado. Receberem o sacramento da
Confirmação 460 pessoas na quase totalidade desta freguesia.
Concluída a visita pastoral, Sua Ex.cia Rev.ma subiu ao salão
paroquial onde recebeu as saudações dos jacistas que, nas pessoas
dos seus presidentes, lhe dirigiram calorosos discursos, respondendo
o Prelado com uma erudita conferência sobre a Acção católica.
O
salão estava artisticamente decorado com motivos agrícolas, sendo
para notar os formosos cânticos dos grupos jacistas. O Sr. Bispo de
Arena foi de novo saudado com entusiasmo pelos jacistas, que ficaram
maravilhados das atenções prestadas pelo bondoso prelado.
Hoje
realizou-se uma festa escolar nas escolas do ensino primário,
havendo na Igreja Paroquial missa e comunhão geral dos professores e
alunos, com alocução do Rev.do Pároco.
Em
seguida, reunidas as crianças e o povo no salão paroquial, houve
sessão solene em que falaram, muito bem, sobre o motivo da festa, o
Rev.do Pároco e os professores locais. Terminada a sessão, as
crianças dirigiram-se, cantando, às escolas, onde houve a cerimónia
da entronização. Finda a festa, foi distribuído um lanche aos alunos
das três escolas. Parabéns aos seus promotores.
NOTICIÁRIO 56
Balasar 20 (publicado em 26 de Maio de 1938 n’A Voz da Póvoa)
No
lugar de Corvos da vizinha freguesia de Bagunte, há a ermida de
Nossa Senhora das Neves, vínculo da Quinta de Cavaleiros, hoje
pertença do Sr. Bessa, ex-arrendatário do Casino dessa praia. Há
tempos, a imagem, a que estão ligadas interessantes tradições,
desapareceu, ignorando-se o seu paradeiro. Iria para algum museu?
Nada se sabe. A família bem mandou proceder a investigações, que não
deram resultado. Por esse motivo, a festa que costuma realizar-se
anualmente no dia 5 de Agosto foi adiada.
Acompanhado de sua esposa, a Sra. D. Deolinda Fortunato Loureiro,
tem estado entre nós o nosso amigo Sr. Leopoldino Gomes Loureiro,
antigo professor oficial dessa vila e activo jornalista poveiro.
No dia
10, às dezoito horas e meia, principiam as práticas preparatórias do
tríduo do Sagrado Coração de Jesus, cuja festa se realiza no dia 14.
É conferente o Rev.do José Maria Figueiredo, missionário do Espírito
Santo residente no Porto.
Em
passeio de vilegiatura, foi com a família ao Bom Jesus e Sameiro o
nosso amigo Sr. António Carvalho Pereira da Costa, professor
oficial.
No
próximo domingo, vai a Gemunde, Famalicão, pregar na festividade de
Nossa Senhora da Guia o nosso Rev.do Pároco Leopoldino Mateus.
Há
dias, a automaca dos bombeiros, acompanhada pelo 2.º Comandante, Sr.
Costa Novo, veio conduzir para o hospital dessa vila o menor de 14
anos Lino da Costa Oliveira, filho do jornaleiro António da Costa
Oliveira (o Gato), do lugar de Gestrins.
A
prolongada estiagem tem secado muito o rio Este, que atravessa esta
freguesia, que, apesar da sua pouca água, muito tem beneficiado os
campos marginais com as regas dos pequenos motores. Apesar disso,
não faltam ignorantes que lancem no leito do rio animais mortos,
pedras, entulhos, que o vêm atuindo, o que é severamente punido pela
Lei. Onde está o guarda-rios para dar providências?
***
Desde
há muito, os balasarenses mantinham uma devoção especial para com a
Senhora das Neves de Bagunte.
“O Sr.
Bessa, ex-arrendatário do Casino dessa praia”, era o pai da
escritora Agustina Bessa-Luís.
De
notar a referência aos motores que tiravam água do Este para a rega.
Era uma novidade tecnológica.
NOTICIÁRIO 57
(FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS)
Balasar 9 (publicado em 11 de Agosto de 1938 n’A Voz da Póvoa)
No
próximo domingo realiza-se a festa do Sagrado Coração de Jesus,
precedida de tríduo, com o seguinte programa; às cinco horas e meia,
missa, prática e comunhão geral; às oito e meia, comunhão solene das
crianças; às dez e meia, missa solene; às dezasseis, exposição
eucarística, terço, sermão, consagração e procissão em que
incorporarão as crianças da Cruzada, da Catequese, Jacistas e
Confrarias.
No dia
15, haverá a festa de Nossa Senhora, com missa dialogada e comunhão
pelos defuntos; às seis horas, tocante cerimónia de renovação das
promessas do Baptismo pelas jacistas e consagração da freguesia ao
Imaculado Coração de Maria.
Está
entre nós, a passar as férias do Verão, o Sr. Dr. António da Silva
Leitão, subdelegado do Procurador da República nesta comarca.
Passando, no dia 1 do corrente, o décimo terceiro aniversário do
falecimento da Sra. D. Laura Mendonça da Rocha, primeira esposa do
Sr. Joaquim António Machado, foi rezada, por sua alma, na Igreja
Paroquial, uma missa a que assistiram muitas pessoas amigas da
família.
Fez
exame do segundo grau a menina Alice Gonçalves Santos, filha do Sr.
Cândido Manuel dos Santos.
Tem
passado bastante doente a Sra. D. Maria Mendonça da Rocha Machado.
Desejamos as suas melhoras.
Estiveram entre nós a visitar as suas famílias os nossos
conterrâneos Rev. Celestino Domingues da Silva Furtado, pároco de
São Veríssimo de Tamel, Rev. Joaquim da Costa Machado, abade
aposentado de Ferreiró, e arcipreste António Gomes Ferreira, abade
de Terroso.
NOTICIÁRIO 58
(VISITA PASTORAL)
Balasar (publicado em 12 de Agosto de 1938 n’A Propaganda)
Esta
importante freguesia do nosso concelho recebeu com ar festivo e
reconhecido contentamento o Sr. D. Luís António Almeida, ilustre
Bispo de Arena, aquando da sua visita pastoral. O simpático
visitante era irmão do nosso saudoso amigo e benemérito desta
(freguesia) Manuel Joaquim de Almeida, pelos grandes serviços
aqui prestados e como vereador da Câmara e político militante do
partido progressista.
Sua
Ex.cia Rev.ma apeou-se junto da Capela da Quinta onde era esperado
pelo Clero, Confrarias, Jocistas e muito povo que o saudava com
frenesim. A estrada até à Igreja Paroquial estava decorada pela
firma Carlos Ferreira, de Argivai, e o pavimento apresentava um
lindo tapete feito por algumas Senhoras, sob a direcção do Prof. Sr.
António Costa. Na igreja, o Prelado, que se fez acompanhar dos Srs.
Arcipreste Ferreira e Abade Leituga, fez um importante discurso
sobre o sacramento da Crisma, que em seguida administrou a 460
pessoas. Foi o maior Crisma das freguesias e aproximou-se das vilas.
Feito o interrogatório da doutrina às crianças e visitados os
altares e a pia baptismal, sufragados os mortos, deu Sua Ex.cia
Rev.ma entrada no salão paroquial, belamente decorado com motivos
agrícolas pelos jocistas. Aí se realizou uma sessão de propaganda da
Acção Católica em que falaram os Presidentes dos Grupos e o Prelado.
O Sr.
D. Luís deixou Balasar verdadeiramente satisfeito pelo bom
acolhimento recebido e por encontrar tudo em ordem, graças ao zelo
do Rev. Abade Leopoldino Mateus, a quem enviamos cordiais
felicitações.
***
Este
noticiário é muito semelhante ao da Ideia Nova de 26 de Junho.
NOTICIÁRIO 59
Balasar 5 (publicado em 8 de Setembro de 1938 n’A Voz da Póvoa)
Foi
banhada nas águas lustrais do baptismo a menina Maria Alexandrina de
Campos Eiró, prezada filhinha do Sr. José Domingues Costa Eiró e da
Sra. D. Maria das Dores Azevedo Campos, abastados lavradores do
lugar do Lousadelo. Foram padrinhos o avô materno, Sr. José
Fernandes de Sousa Campos, e a tia paterna, Sra. D. Maria da Silva
Campos Eiró, presidente das jacistas de Gondifelos.
A
imprudência de um jornaleiro que deixou acesa a ponta de um cigarro
incendiou a bouça da Sra. Teresa Oliveira (Patusca) sita no lugar da
Bela. O sino tocou a rebate, acudindo o povo que, com custo debelou
o fogo, por falta de água.
Seguiu
para essa praia onde vai passar uma temporada o nosso Rev.
Leopoldino Rodrigues Mateus.
Encontra-se entre nós a passar algum tempo com a família o Sr. José
Pereira de Campos (Lino), capitalista dessa vila.
Regressou da Sertã bastante doente a Sra. D. Deolinda Ana da
Costa (Vicente - na imagem), presidente das benjaminas da Acção
Católica. Desejamos as suas melhoras.
Acompanhado da sua filha Maria, seguiu para o Gerês o Sr. Joaquim
António Machado.
Realiza-se brevemente o casamento do Sr. Arlindo Fernandes de
Carvalho, farmacêutico das Fontainhas, com a Sra. D. Felisbela
Augusta da Costa, professora, de Penedono, Viseu.
***
A Sra.
D. Deolinda Ana da Costa (Vicente) é a Deolinda Maria da Costa, irmã
da Beata Alexandrina.
Estes
noticiários, que tanta e tão diversificada informação fornecem sobre
a freguesia, são indispensáveis para se conhecer o contexto da vida
da Beata. Parece contudo claro que o Pe. Leopoldino não é
inteiramente objectivo e mesmo imparcial. Ele selecciona e trata a
informação segundo critérios que por vezes nos custam a aceitar.
Há um
extraordinário episódio passado com o Pe. Humberto em Penedono. A
ida dele a Penedono alguma coisa haveria de ter a ver com a D.
Felisbela Augusta da Costa.
NOTICIÁRIO 60
Balasar 20 (publicado em 29 de Setembro de 1938 n’A Voz da Póvoa)
Constituiu-se uma comissão para conseguir da Companhia do Norte a
conservação do actual movimento de comboios na linha da
Póvoa-Famalicão durante a época de Inverno. É uma reclamação justa,
que deve ser atendida pela direcção porque a falta desses comboios
representa grandes prejuízos para o público das aldeias, a quem os
mesmos servem.
Está
comprovado que as mercadorias mantêm as despesas dos referidos
comboios. Se o movimento dos passageiros é diminuto, fomentem-no com
melhor horário e preços mais razoáveis, e não faltará povo a viajar
de comboio. Oxalá que a comissão seja feliz na sua boa iniciativa.
Em
resposta ao congresso dos “sem Deus”, realizado em Londres, os
grupos jacistas desta freguesia realizaram actos de reparação e
desagravo a Jesus Sacramentado, que foram ao mesmo tempo uma
afirmação pública e desassombrada da sua fé.
Na sua
casa do Telo, encontram-se a passar a época das vindimas as famílias
Campos Matos dessa vila.
No dia
29 do mês corrente, irão catorze mancebos desta freguesia aos nossos
Paços do Concelho para se submeterem à inspecção militar.
De
visita à sua família, esteve entre nós o Sr. Carlos Augusto Lopes,
maquinista aposentado da CNP e cartorário de “A Beneficente”.
***
Sobre
o Congresso dos sem Deus referido no noticiário, pode ver alguma
informação aqui:
http://onlinelibrary.wiley.com/.../j.1467-9809.../abstract
NOTICIÁRIO 61
(FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS)
Balasar (publicado em 8 de Outubro de 1938 n’A Propaganda)
Verificou-se com grande brilho a solenidade do Coração de Jesus,
promovida pelo Apostolado da Oração, de que é incansável director o
nosso abade Rev. Leopoldino Mateus. A pregação, confiada ao Rev.
José Maria de Figueiredo, do Porto, missionário da Congregação do
Espírito Santo com estadia de vinte e três anos na África Ocidental
e director da revista “Missões de Angola e Congo”, agradou mito. As
comunhões foram numerosíssimas e a procissão eucarística bem
organizada. A comunhão solene, que há doze anos se não realizava na
freguesia, foi comovedora, fazendo os discursos dos perdões o menino
José Maria Gonçalves Neto e a menina Maria Alice da Silva, que se
houveram muito bem. Fizeram a sua comunhão 50 meninos de ambos os
sexos, a quem o nosso Rev. Abade ofereceu um almoço e distribuiu
lindas e artísticas estampas. Parabéns à mesa e zeladoras a
Associação do Coração de Jesus, promotores da melhor festa da
freguesia.
Por
inédita, causou sensação a cerimónia da renovação das promessas do
Baptismo, feitas perante o Rev. Abade, na sua cadeira paroquial,
pelos grupos jocistas devidamente uniformizados. Foi impressionante
(o gesto) dos jovens, estendendo o braço, afirmarem perante a
Santa Igreja estar dispostos a cumprir indefectivelmente as
promessas que por eles fizeram seus padrinhos no momento da recepção
do sacramento do Baptismo, que lhes deu entrada na verdadeira Igreja
de Cristo.
Já de
manhã tinha havido missa dialogada e comunhão geral, como preparação
para tão solene acto, que coroaram com a consagração ao Imaculado
Coração de Maria. É assim que a nossa juventude se vai preparando
para a luta contra o erro, os vícios e as paixões que tanto molestam
a mocidade. O nosso Rev. Abade fez aos jovens uma quente alocução
apropriada ao acto que deixou excelentemente impressionada a
assembleia dos fiéis.
Seguiu
para Lisboa, a descansar dos seus trabalhos escolares a Sra. D.
Maria da Conceição Leite Reis Proença, professora do ensino
primário. Boa viagem.
NOTICIÁRIO 62
Balasar 8 (publicado em 13 de Outubro de 1938 n’A Voz da Póvoa)
Referimo-nos na última correspondência à restauração e reabertura ao
culto da pequena ermida da Senhora da Conceição no lugar das
Fontainhas, cuja população anda por 172 pessoas na sua maior parte
pertencentes à freguesia de Balasar. Temos a acrescentar que, ao fim
da tarde, foi rezado o terço e cantada a ladainha pelo grupo coral
da igreja da Misericórdia dessa vila, talvez o mais bem organizado
da província.
Por
ocasião da festa, falou-se na necessidade da urgente construção de
uma elegante capela no lugar das Fontainhas, para a qual há já
avultadas ofertas e conhecidas dedicações atendendo à exiguidade e
deslocamento desta ermida. Oxalá que a ideia vá por diante porque a
população crescente do lugar, auxiliada pelo povo de Modeste, muito
pode fazer em benefício espiritual próprio atendendo à longa
distância das igrejas paroquiais.
Reabriram as escolas do ensino primário devendo em breve ser aberto
o novo posto de ensino que será dirigido pelo nosso conterrâneo e
amigo Sr. José Vieira.
No dia
2 do corrente, inaugurou-se o novo teatro das Fontainhas, explorado
pelos irmãos Gomes da oficina de consertos de automóveis e
bicicletas. Da parte cénica está encarregado o grupo recreativo de
Balasar, habilmente dirigido pelo Prof. Carvalho da Costa. O pequeno
teatro tem tido grandes enchentes, agradando as peças representadas.
Ora qui têm os nossos amigos de Rates um belo meio de passar as
tardes dos domingos. Vão às Fontainhas e não se arrependem.
De
passagem, esteve entre nós o Rev. Manuel Novais Varela, prefeito do
Seminário de Braga.
***
“Referimo-nos na última correspondência à restauração e reabertura
ao culto da pequena ermida da Senhora da Conceição no lugar das
Fontainhas”: não possuímos essa correspondência.
NOTICIÁRIO 63
Balasar 10 (publicado em 13 de Outubro de 1938 n’A Voz da Póvoa)
No dia
28 de Setembro, uniram-se pelos laços do matrimónio cristão o nosso
conterrâneo Sr. Dr. Arlindo Fernandes de Carvalho, proprietário e
director da Farmácia Saudiva, das Fontainhas, e a Sra. D. Felisbela
Augusta da Costa, prendada filha do abastado proprietário Sr. Aníbal
Augusto da Costa e da Sra. D. Felisbela de Jesus Costa.
O
religioso acto realizou-se na Igreja Paroquial de Tondela da Beira,
concelho de Penedono, diocese de Lamego, paraninfando o acto, por
parte do noivo, sua irmã D. Ana da Silva Reis e marido, Manuel
Gonçalves da Silva, proprietários de Ribeirão, e da noiva o Sr.
Alegria e esposa, de Penela.
Os
pais da noiva ofereceram aos convidados um lauto banquete, que
decorreu com a maior cordialidade, brindando ao toast os
médicos Srs. Dr. Guedes Pinheiro e Dr. João Pereira Gonçalves da
Costa, o professor Sr. António da Silva Ferreira, agradecendo o
noivo. Os noivos seguiram em viagem de núpcias para Viseu e Lisboa,
tendo já regressado a esta freguesia, onde fixaram residência no
lugar de Gestrins.
Aos
simpáticos noivos enviamos o nosso cartão de sinceras felicitações.
Com
destino à carreira sacerdotal, seguiram para o Seminário das Missões
do Espírito Santo o Sr. José Maria Gonçalves Neto, sobrinho do nosso
pároco, Rev. Leopoldino Mateus, e para o Seminário de Braga o Sr.
Manuel da Costa Sousa Eiró, filho do Sr. José Domingues da Costa
Eiró (Pratinha) e da Sra. D. Maria das Dores Azevedo Campos,
abastados lavradores do lugar do Lousadelo.
De
visita à família Campos Matos, esteve entre nós o Sr. Joaquim José
Machado, negociante dessa vila.
Depois
duma estadia de dois meses na sua quinta da Covilhã, retirou com a
família o Sr. Augusto César Alves, acreditado comerciante de S.
Mamede de Infesta, Matosinhos.
NOTICIÁRIO 64
(CORTEJO FOLCLÓRICO NA PÓVOA)
Balasar 7 (publicado em 10 de Novembro de 1938 n’A Voz da Póvoa)
Todos
os trabalhos do carro desta freguesia, apresentado no cortejo
folclórico da festa marítima, estiveram em exposição no Palácio
Cristal, do Porto, sendo muito apreciados e admirados pelos
visitantes. Realmente, são muito para admirar os trabalhos dos
nossos lavradores que de ervas do campo fazem bom linho que as
nossas tecedeiras transformam em lindos artefactos. Era bom que
nessa vila os negociantes de panos de linho se interessassem pela
indústria caseira adquirindo nas nossas freguesias as interessantes
obras das nossas tecedeiras.
Vai
melhor dos seus incómodos o Sr. Bernardino Gonçalves de Sá
(Laundos), reservatário do lugar do Lousadelo.
Estiveram nesta freguesia os Srs. Eduardo José de Andrade e filha D.
Etelvina, Cervães Rodrigues e Lopes, alferes do Grupo de
Administração Militar, e Carlos Cunha, industrial dessa vila.
Seguiram para essa praia, para uso de banhos quentes, o Sr. António
Alves Ferreira e esposa, D. Ana Ferreira Serra, abastados lavradores
do lugar de Guardinhos.
No dia
da feira de S. Miguel, o comerciante Sr. Joaquim Furtado da Silva
Martins inaugurou no seu estabelecimento das Fontainhas a nova sala
de jantar, que foi muito visitada pelos seus numerosos fregueses. É
uma boa sala, muito bem situada, com linda vista, onde se podem
apreciar os bons petiscos.
Constituiu uma homenagem de verdadeira saudade a romagem de
terça-feira ao cemitério, cujos jazigos e sepulturas estavam singela
mas lindamente ornamentados. No dia dos Fiéis Defuntos, a igreja
encheu-se por completo para ouvir as três missas, comungando muitos
fiéis. Nesse dia de luto, de dor e caridade, na antiga vivenda da
chorada D. Rita Fernandes de Sousa Campos, ao Lousadelo, em sufrágio
da sua alma, foram distribuídas esmolas de milho a algumas dezenas
de pobres da freguesia.
O
grupo jacista festejou dum modo condigno o dia de Cristo-Rei,
havendo pela manhã missa dialogada e comunhão geral e de tarde todos
os jacistas se acercaram do seu pároco, que, sentado na cadeira,
recebeu, com o missal aberto, o juramento da sua fidelidade à
Igreja, fazendo então uma instrução apropriada ao acto. A tocante
cerimónia, que foi presenciada por muita gente, concluiu com o canto
do hino jacista.
Grassa
com intensidade o sarampo, que tem visitado uma grande parte das
crianças da freguesia.
***
Na
mesma página donde se copiou este noticiário, vinha um de Rates que
falava da recente visita de Salazar às obras de restauro da igreja
românica local. Seria a segunda vez e com certeza a última que ele
vinha à Póvoa. Na altura esteve em Arcos, em casa do Dr. Josué
Trocado.
D.
Rita Fernandes de Sousa Campos era a irmã do antigo pároco de
Balasar Manuel Fernandes de Sousa Campos.
NOTICIÁRIO 65
Balasar 21 (publicado em 24 de Novembro de 1938 n’A Voz da Póvoa)
Na
festa comemorativa do duplo centenário da fundação e restauração da
nossa independência, a imprensa diária refere-se com insistência ao
dever de serem restaurados os cruzeiros das freguesias, onde os
houver, e construídos, onde não existam. Ora esta freguesia não tem
cruzeiro, devendo a Junta de Freguesia e a União Nacional agir para
que o cruzeiro seja construído durante o centenário nacional.
De
visita à sua família, esteve entre nós o Sr. Mário Gonçalves Xavier,
dessa vila.
Na sua
casa de Além, tem estado bastante mal a Sra. D. Ana de Araújo
Furtado, de 82 anos, veneranda avó do Sr. Laurentino da Silva Malta,
presidente do grupo jacista.
Uma
toura do Sr. António Domingues Furtado, lavrador do lugar da Gandra,
tentando fugir da corte por uma pequena janela, quebrou uma perna,
sendo abatida.
Por
ter emigrado clandestinamente para Espanha, respondeu no Tribunal da
Caminha, ficando condenado a 450 escudos de multa, o moço João da
Costa Lopes (Eusébio), desta freguesia.
No dia
14 de Outubro, faleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde residia há
dezanove anos, a nossa conterrânea Sra. D. Ana da Silva Pereira, de
51 anos, irmã do nosso amigo Sr. Joaquim da Silva Pereira Franco,
abastado lavrador do lugar de Além.
Passando, no dia 14 do corrente, o quinto aniversário (da morte)
da saudosa mãe do nosso Rev. Pároco, por sua alma foi rezada a
missa e feito o exercício da Via-Sacra. Assistiu muito povo e
comungaram muitas pessoas pela mesma intenção.
Uniram-se pelos laços do matrimónio cristão o Sr. Octávio da Costa
Faria, motorista, e a Sra. D. Carolina Leitão da Costa Lopes,
lavradeira do lugar do Telo. Presidiu ao religioso acto e lançou as
bênçãos nupciais o nosso Rev. Pároco Leopoldino Mateus, que proferiu
uma alocução apropriada ao acto, testemunhado pela Sra. D. Carolina
Lopes Ferreira Costa, madrinha da nubente, e os Srs. Antero Alves da
Costa Reis, negociante, e Lino Martins da Silva Araújo, armador. Os
noivos seguiram em viagem de núpcias para o Bom Jesus e Sameiro.
Muitas felicidades e largos anos.
NOTICIÁRIO 66
Balasar, 10 (publicado em 15 de Dezembro de 1938 na Voz da Póvoa)
O
nosso Rev. Pároco leu na missa paroquial do último domingo um aviso
do facultativo municipal em que Sua Ex.cia comunicava aos
interessados que as consultas gratuitas aos pobres da respectiva
área se realizam todos os dias, com excepção dos domingos, dias
santificados e feriados, no seu consultório de Terroso, das 9 às 12
horas.
Para
serem atendidos, os interessados devem apresentar o documento
comprovativo de estarem inscritos no cadastro dos pobres e
indigentes da sua freguesia. Terminada a missa, o povo, reunido em
magotes no adro da igreja, comentava desagradavelmente o referido
aviso não só pela longa distância do consultório, 13 quilómetros por
caminhos íngremes, através da serra de Rates, como por estarem
poucas família inscritas no referido cadastro. O povo quer, e deve
ser atendido, que o consultório seja em Rates, freguesia mais
central, e as consultas a todos os pobres da freguesia. Não poderá a
Câmara resolver satisfatoriamente o assunto para bem do povo que
sofre? Que dizem a Junta de Freguesia e a União Nacional a tal
respeito? Dormem o sono dos justos?
Pelas
últimas instruções recebidas da Comissão Concelhia da obra de
protecção às famílias numerosas, foram inscritas 84 famílias, que
tiveram mais de cinco filhos, incluindo os mortos.
A
automaca dos bombeiros dessa vila conduziu desta freguesia ao Porto,
onde foi radiografada e se encontra em tratamento, a doente
Alexandrina Maria da Costa (Vicente), do lugar do Calvário, que
entrevou há 14 anos. Acompanhou-a o seu médico assistente, Sr. Dr.
João Alves Ferreira, de Macieira de Rates.
Foi
muito concorrida a missa do sétimo dia do saudoso balaseiro Sr.
Manuel Gonçalves Ferreira. A viúva, Sra. D. Teresa da Silva
Ferreira, tem sido muito cumprimentada por pessoas da freguesia e de
fora.
Regressou dessa praia, onde esteve a uso de banhos, o Sr. Manuel
Lopes dos Santos, abastado lavrador do lugar de Guardinhos.
A Sra.
D. Clementina da Costa Gomes (Saldanha), viúva proprietária do lugar
de Caminho Largo, representada por seu genro, Sr. António Joaquim
Ferreira da Silva, requereu à Câmara, fundamentada no Decreto n.º
3.040, para serem arrancados os eucaliptos e pinheiros da bouça de
Celestino Gonçalves de Sá (Laundos), lavrador do lugar de Lousadelo,
na parte confiante com o seu prédio de lavradio sito no lugar de
Trás da Serra desta freguesia, que prejudicam e ensombram o mesmo
prédio. Os eucaliptos foram plantados há mais de doze anos pelo pai
do reclamado e só agora é que a vizinha se lembrou de fazer a
reclamação!
Na sua
casa do lugar do Telo, confortada com os Sacramentos da Igreja,
faleceu com 42 anos a Sra. D. Idalina da Silva Campos Furtado. Teve
ofício de corpo presente e regular acompanhamento ao cemitério,
incorporando-se a Pia União das Filhas de Maria, dessa vila, com o
director, Pe. José Cascão, e presidente, D. Amélia de Campos Matos.
***
COMENTÁRIOS
A
notícia da ida da Alexandrina ao Porto é a primeira que sobre ela
publica o Pe. Leopoldino. A Alexandrina escreveu na Autobiografia:
Resolveram que fosse ao Porto. Custou-me muito a convencer-me,
devido ao estado em que me encontrava. Temia não poder fazer a
viagem e, ao convite do médico assistente, respondi-lhe: “Então o
Sr. Doutor, em 1928, não consentiu que eu fosse a Fátima e agora que
eu tenho piorado tanto quer que eu vá ao Porto?” Sua Exa. disse-me:
“É verdade que não consenti, mas agora queria que fosse”.
Perguntei-lhe se o meu Director espiritual sabia do caso e, como me
afirmaram que sim, cedi ao pedido.
No dia
6 de Dezembro de 1938, pelas 11 horas, fui tirada da minha cama para
uma automaca. Naquela manhã, fui muito visitada por pessoas amigas e
em quase todas via lágrimas nos olhos, assim como nas pessoas da
minha família. Eu procurava alegrar a todos, fingindo que nada
sofria. Foi dolorosa a minha viagem, pois foram precisas três horas
e meia para chegar ao Porto. Parámos inúmeras vezes.
No
Porto, no consultório do Sr. Dr. Roberto de Carvalho, tirei a
radiografia e por ele fui tratada com todo o carinho. Disse-me
assim: “Ai minha menina, quanto sofres!”
O Pe.
Mariano Pinho queria que o que se passava com a sua dirigida ficasse
num âmbito o mais restrito possível: já bastava o que ela sofria,
não convinha que esse sofrimento fosse agravado por curiosos e
ignorantes de todos os géneros. A ida ao Porto, porém, era um facto
público, que ninguém podia ocultar, por isso o Pe. Leopoldino o
noticiou.
O
médico assistente era o Dr. João Alves Ferreira, de Macieira.
Na
primeira notícia, como noutras ocasiões, o autor mostra uma atitude
crítica face aos detentores do poder. Isso merece ser destacado pois
está em inteiro desacordo com a perspectiva que muitos ignorantes ou
mal-intencionados apresentam do tempo do Estado Novo.
A
propósito da Serra de Rates, convém notar que, em sentido comum, não
há em Rates nenhuma serra, o mesmo se passando em Balasar… Estranho
uso da palavra! Outro vocábulo que em Balasar e um pouco em Bagunte
tem um uso menos comum é “vale”. Noutros tempos identificavam-se
vários vales em Balasar e um ou outro em Bagunte.
O
referido problema dos eucaliptos vai-se prolongar por muitas
décadas, por vezes com episódios graves. |