NOTICIÁRIO 11
(SEXTO
ANIVERSÁRIO DA FEIRA DAS FONTAINHAS)
Balasar, 30 (talvez de Janeiro, publicado em 18 de Fevereiro de
1935, n’A Propaganda)
Passando, no dia 4 de Janeiro, o sexto aniversário da feira das
Fontainhas, a comissão promoveu uma distribuição de prémios que
trouxe ao mercado 516 cabeças de gado bovino. Foi uma grande feira,
onde se fizeram muitas transacções, comparecendo bastantes
negociantes a comprar gado.
Ao
Sr. Carvalho da Quinta de S. Cristóvão de Rio Mau foi dado o 1.º
prémio, por apresentar 270 (assim, mas com certeza só 27)
cabeças de gado à venda, e ao Sr. Joaquim Pereira Franco, do lugar
de Além desta freguesia, por apresentar 23 cabeças de gado.
Ao Sr.
Carvalho da Quinta de S. Cristóvão de Rio Mau foi dado o 1.º prémio
de transacções, por ser o que vendeu mais gado, e ao Sr. António
Correia (Cumieira), de Gondifelos, por ser o imediato.
Imagem: Cónego Molho de Faria
Aos
lavradores que expuseram gado à venda em todas as feiras, será
distribuída uma senha e o que obtiver maior número de senhas
receberá um prémio de 100 escudos na feira anual de Maio.
Entendemos que a Câmara Municipal deve apoiar esta feira, a única do
concelho, para se manter, pelos benefícios que traz à freguesia e
rendimentos ao município.
Passando no dia 7 de Janeiro o aniversário natalício do Rev.
Leopoldino Mateus, nosso zeloso e activo abade, por sua intenção foi
celebrada uma missa na Igreja Paroquial a que assistiram muitos
paroquianos e comungaram cerca de 100 pessoas. No fim da missa e
durante o dia, recebeu Sua Rev.ma os cumprimentos de muitos
paroquianos, que lhe consagram grande estima, respeito e
consideração.
No dia
7 de Janeiro, depois da reunião do professorado nessa vila, vieram a
Rates muitos professores primários, onde o seu colega Sr. Joaquim
Cancela fez uma larga explicação sobre o vetusto templo paroquial em
reparação, justamente considerado como monumento nacional.
Durante o ano de 1934, realizaram-se nesta freguesia 48 baptizados,
10 casamentos e faleceram 29 pessoas, crianças e adultos.
***
A
feira das Fontainhas não tinha futuro. Quem pagava a preparação dos
espaços onde ela decorria, os palanques, quem pagava os prémios?
Como
em Macieira, com as antigas festas, também em Balasar o caminho da
falência era inevitável.
Entre
o último noticiário e este passaram-se várias semanas. O Pe.
Leopoldino não terá enviado os seus noticiários? Talvez tenha e
talvez se não conservem os jornais.
Joaquim António Machado (Gresufes, 10 de Abril de 1888 – Lousadelo,
23 de Junho de 1970) foi um bairrista e político balasarense que
gastou muito dinheiro com a feira das Fontainhas e que viria a ter
de vender a casa tradicional da família em Gresufes, com as
respectivas propriedades rústicas.
NOTICIÁRIO 12
Balasar, 10 (publicado em 24 de Maio de 1935, n’A Propaganda)
Em
serviço de propaganda antituberculosa, acompanhado do nosso
conterrâneo Sr. António da Silva Leitão, esteve entre nós o Sr. Dr.
Calafate Ribeiro, que fez uma erudita prelecção sobre o assunto.
Teve bastantes ouvintes, que escutaram com interesse o ilustre
médico. Felizmente nesta freguesia não há tuberculose porque é muito
sadia, tendo vindo, anualmente, bastantes pessoas da Póvoa para
ares, indo completamente restabelecidas. A doença mais vulgar aqui é
o reumatismo, por ser muito fria.
Para
se conhecer o estado sanitário desta freguesia, que conta 1434
habitantes, basta saber que até agora, durante o ano corrente,
deram-se os seguintes falecimentos: dois nados mortos, uma criança
de poucos dias, um homem de 69 anos, com hemorragia cerebral, e uma
mulher de 67 anos, com lesão cardíaca.
O
nosso amigo Sr. Matias Gonçalves de Castro Quilores, professor desta
freguesia, promoveu o sorteio de um relógio de mesa a favor dos
tuberculosos e do Instituto Sidónio Pais. Bem hajam todos os amigos
desta cruzada de bem.
Com
todo o entusiasmo e brilhantismo, verificou-se a festa da Senhora de
Fátima, que aqui conta com muitos devotos. A procissão das velas foi
imponente, os lindos tapetes e a ornamentação da estrada estavam
bem-feitos; da Mesa Eucarística abeiraram-se, no dia 13, cerca de
300 pessoas e os sermões do Rev.do Dr. Molho de Faria, ilustre
professor do Seminário de Braga, agradaram muito. Que a Virgem de
Fátima abençoe os seus filhos de Balasar, são os nossos votos.
NOTICIÁRIO 13
Balasar, 26 (publicado talvez em Junho de 1935 n’A Propaganda)
Foi
muito concorrida a última feira anual das Fontainhas. Povo da Póvoa
e dos concelhos vizinhos, Barcelos, Vila Nova e Vila do Conde, veio
em grande número, notando-se um movimento extraordinário. A feira do
gado bovino esteve animada, sendo concedido o 1.º prémio (100$00) ao
lavrador Manuel Moreira, de Rates, o 2.º (50$00) e outro igual, por
sorteio, ao Cumieira, de Gondifelos, e o 3.º (50$00) ao Sr. Manuel,
de Rates. Num elegante coreto, a tuna de Balasar tocou alguns
trechos, sendo muito apreciada. A polícia, sob a direcção do nosso
amigo Cândido Manuel dos Santos e do regedor António Geira (sic),
manteve a ordem, que não foi alterada apesar de se comer e beber
valentemente. Parabéns à comissão mantenedora da feira, única do
nosso concelho e que tão apreciável rendimento dá ao município.
Encontram-se entre nós, a ares, algumas famílias da Póvoa, sendo
esperadas outras brevemente. Esta freguesia tem bons ares e sossego
para os fracos e convalescentes.
Encontra-se em Cavalões, a convalescer da grave doença que a
acometeu, a Sra. D. Maria da Conceição Leite Reis Proença,
professora do ensino primário desta freguesia. Oxalá que volte breve
e restabelecida porque a escola fechada há alguns meses tem causado
grandes prejuízos à instrução das meninas.
***
“Parabéns à comissão mantenedora da feira, única do nosso concelho e
que tão apreciável rendimento dá ao município”: então a câmara não
pagava nada e ainda recebia da comissão balasarense!
O nome
da professora Sãozinha, a secretária da Beata Alexandrina, ocorre
pela segunda vez. As meninas deviam frequentar as aulas na casa
Faria.
NOTICIÁRIO 14
(FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS)
Balasar, 25 (publicado talvez em Agosto de 1935 n’A Propaganda)
Com
todo o esplendor, realizou-se nesta freguesia a festa anual do
Sagrado Coração de Jesus, promovida pelo Apostolado da Oração. Foi
precedida de uma semana de práticas em que o Rev.do Dr. Molho de
Faria, ilustre professor do Seminário, expôs com toda a clareza as
verdades da nossa fé. Na comunhão geral de domingo, comungaram cerca
de 800 pessoas, a maioria da freguesia. A festa concluiu com a
procissão eucarística
Passou
uma larga temporada entre nós, com a família, o Sr. Álvaro Fernandes
Lima, acreditado negociante dessa vila.
Vimos
nesta freguesia, de visita ao Rev.do Abade, os Rev.dos Arcipreste
António Gomes Ferreira, abade de Terroso, Francisco Fernandes da
Silva, pároco de Amorim, José Gonçalves Cascão de Araújo, capelão da
Senhora das Dores, da Póvoa, Eduardo José de Andrade, Alfredo de
Campos Matos e filhos, D. Amélia de Campos Matos, Pe. Joaquim Gomes
Loureiro, pároco de Laundos, Pe. José Gonçalves de Oliveira, de
Argivai, Joaquim Molho de Faria, de Terroso.
Foi
bastante concorrida a sessão comemorativa da Batalha de Aljubarrota,
em que falou o nosso Rev.do Abade Leopoldino Mateus sobre o
significado daquela festa, fazendo ressaltar a grande lição que os
portugueses têm a tirar da dedicação e patriotismo dos seus maiores
e da heroicidade e fé do grande Condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Continua bastante concorrida a feira das Fontainhas, onde se têm
efectuado bastantes transacções.
***
A
devoção ao Sagrado Coração de Jesus teve uma divulgação muito grande
após a sagração da Basília do Sagrado Coração (Sacré-Coeur)
em Paris. Nos anos finais do século XIX, em todas as paróquias da
área de Balasar teriam sido criadas associações do Sagrado Coração
de Jesus. Em Balasar houve-a.
Aqueles senhores todos teriam vindo todos de visita ao pároco? Não
seriam antes visitas da Alexandrina?
NOTICIÁRIO 15
Balasar, 9 (publicado talvez em 29 de Outubro de 1935 n’A
Propaganda)
Regressou dessa praia, onde passou, em companhia do seu venerando
pai, uns breves dias de férias, o nosso Rev.do Abade Leopoldino
Rodrigues Mateus, que tão estimado é e respeitado dos seus numerosos
paroquianos.
A
passar algum tempo de descanso, encontra-se entre nós, com a sua
irmã a Sra. D. Alice Ogando, prezada filha do Sr. António Ogando e
director do colégio feminino (há erro na cópia da frase no
jornal).
Parece
que nem estamos no tempo das colheitas tal a tristeza dos nossos
lavradores que atravessam um mau ano agrícola. A colheita do trigo
abateu 50% do ano anterior, o vinho é em quantidade muito diminuta:
proprietário que no ano passado colheu 30 pipas, este ano nem uma; o
milho diminui muito no rendimento porque, na terra lenta, falhou, e
no entanto as despesas são certas e as contribuições não falham. É
um ano muito ruim para os agricultores.
A
fazer as suas vindimas, estão na sua propriedade do Telo o Sr.
Alfredo de Campos Matos, esposa e filhos, as Sras. D. Maria Leonor e
D. Amélia de Campos Matos, proprietárias dessa vila, e o Sr. Jorge
Ramos, farmacêutico de Azurara.
Estão
nesta freguesia a passar algum tempo de descanso o Sr. Eduardo José
de Andrade, esposa e filho, o Sr. Luís Cervães Rodrigues e esposa,
D. Ísis Andrade, dedicada esposa do Sr. João Pereira Andrade,
acreditado negociante em Manaus.
De
visita à família do Sr. Eduardo Andrade esteve entre nós o Sr. Abade
Alexandrino Leituga, abalizado orador sagrado.
NOTICIÁRIO 16
Balasar, 25 (publicado no início de Dezembro de 1935, na Idea Nova)
No
sábado passado, o nosso Rev.do pároco Leopoldino Mateus celebrou uma
missa pela alma do Sr. Joaquim Oliveira, falecido há seis meses em
Pernambuco, Brasil. À Santa Missa assistiram muitas pessoas da
freguesia e o Sr. José Martins de Azevedo – Sobrado e esposa, de Rio
Mau, antigos patrões do falecido, que, no fim, distribuíram pelos
entrevados necessitados e pelos indigentes esmolas no valor de cem
escudos. Bom meio de sufragar as almas dos mortos.
Na
próxima sexta-feira, principia na Igreja Paroquial, às 5 horas da
tarde, a novena da Imaculada Conceição, como preparação da sua festa
que se realiza com brilho no dia 8 de Dezembro, havendo, às 7 horas,
missa rezada e comunhão geral, às 10, missa solene pela orquestra de
Fradelos e, às 15, exposição eucarística, sermão pelo Rev.do Reitor
de Silveiros, ladainha, Tota Pulchra e bênção. No fim, há,
perto da igreja, leilão de prendas. Os juízes da festa são o Sr.
Octávio da Costa Faria, do lugar da Covilhã, e a Sra. Rosa Domingues
Gonçalves, do lugar da Gandra.
O
temporal do dia 19 poucos estragos fez nesta freguesia: alguns muros
derrubados apenas e poucas terras de sementeiras arrastadas pelas
águas. Mas o célebre tufão do dia 23, se dura mais tempo, é que não
sei até onde chegaria a sua acção destruidora.
Têm-se
inscrito bastantes desempregados para trabalhar nas obras do porto
de pesca da enseada da Póvoa de Varzim. Está encarregado de aceitar
essas inscrições o nosso amigo Sr. José António de Sousa Ferreira,
digno presidente da comissão local da União Nacional e director da
fábrica de moagem e serragem das Fontainhas.
Têm-se
acentuado as melhoras do Sr. Manuel Ferreira da Silva e Sá, antigo
chefe da estação do caminho-de-ferro neta freguesia.
***
Tota Pulchra:
oração muito antiga (em latim) de louvor a Nossa Senhora.
NOTICIÁRIO 17
Balasar, 7 (publicado em 21 de Dezembro de 1935, n’A Propaganda)
A data
da Restauração de Portugal em 1 de Dezembro de 1840 foi celebrada
pelas crianças (a quem) explicaram o significada daquela
festa, que concluiu com vivas e canto do hino nacional.
A
passar o mês de Dezembro, encontra-se entre (nós) os novos
médicos Srs. Dr. João Gonçalves da Costa e Dr. José Gonçalves da
Costa, prezados filhos do saudoso clínico Dr. Castilho. Os jovens
médicos concluíram com honrosa classificação a sua formatura na
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tencionando seguir
no próximo mês para a capital a fim de praticar nos hospitais.
Ainda
está na memória de todos os balaseiros o terrível ciclone que
açoitou esta freguesia no dia 9 do mês passado, à tarde. Principiou
numa bouça do Sr. Luís Torres, sita no lugar do Casal, passou por
aquele local até ao Telo. Causou bastantes prejuízos, derrubando
árvores, destelhando cobertos, desfazendo beirais e arruinando
latadas. O que valeu foi ser dia e rápido, aliás haveria a lamentar
maiores prejuízos e talvez perda de vidas.
No dia
1 de Janeiro festeja-se com grande pompa na nossa Igreja Paroquial o
Menino Deus, havendo, às 7 horas e meia, missa rezada e comunhão
geral, às 10, missa solene pela orquestra de Fradelos e sermão ao
lavabo pelo Sr. Dr.
Molho de Faria, ilustre professor do Seminário Conciliar de
Braga, e, às 15, exposição eucarística, terço, sermão pelo mesmo
orador e beijar a mão do Menino. Concluída a festa religiosa, haverá
no largo leilão de prendas e fogo do ar.
***
O Pe.
Leopoldino chama balaseiros aos balasarenses, mas mais ninguém o
faz. Etimologicamente não estaria mal.
Ele
costuma estar muito atento às andanças dos dois irmãos médicos
balasarenses, os Drs. João Gonçalves da Costa e José Gonçalves da
Costa
As
intempéries de Balasar não são só cheias: desta vez foi um “terrível
ciclone”. Reaparece o Dr. Molho de Faria. |