NOTICIÁRIO 3
(INÍCIO DO CULTO PAROQUIAL A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA)
Balasar, 18 (de Maio, publicado n’A Propaganda)
Aproveitando a oferta da nova imagem, feita pela Sr. D. Maria
Machado, virtuosa filha do nosso amigo Sr. Joaquim António Machado,
proprietário desta freguesia, o nosso pároco, Rev. Leopoldino
Rodrigues Mateus, iniciou o culto de Nossa Senhora de Fátima, de um
modo solene e eficaz.
No dia
12 à noite, saiu da casa da oferente (em Gresufes) uma grandiosa
procissão de velas em que tomaram parte cerca de 1000 pessoas,
empunhando lanternas com a figura da Senhora e os pastorinhos da
Cova de Iria, adquiridas na Póvoa. A maior parte do cortejo era
constituído pelos homens que sem respeito humano cantavam com
entusiasmo os versos de Fátima. Seguiam-se os Cruzados Eucarísticos,
andor da Virgem e as mulheres e crianças atrás, todos rezando e
cantando. As casas da passagem da procissão conservaram-se
iluminadas, o que na noite escura e serena produzia um lindo efeito.
À
entrada da igreja o nosso zeloso pároco, junto do andor da Senhora,
proferiu uma alocução preconizando a necessidade da hora presente em
que os católicos de credo e mandamentos se deviam integrar na acção
social sob a bênção da Padroeira de Portugal.
No dia
13, houve de manhã missa solene em que comungaram 300 pessoas e à
tarde exercício do mês de Maria e procissão do Terço, que também foi
largamente concorrido pelo povo da freguesia e das vizinhas,
notando-se o mesmo entusiasmo dos homens no canto. As ruas do
trajecto estavam magnificentemente decoradas, apresentando lindos e
artísticos tapetes de verdes e flores à moda da Póvoa. Junto da
igreja, o nosso Rev. Pároco proferiu uma bela alocução referindo-se
ao património de Nossa Senhora que, olhando com benignidade e amor
para o velho Portugal, com justa razão denominado Terra de Santa
Maria, dignou-se visitá-la por ocasião da grande conflagração
europeia, incitando-o à oração e penitência, para conservar a sua
autonomia, naquele momento tão em perigo. É dever do povo português
corresponder a esta ternura de Maria com uma vida de dedicação e
sacrifício pela causa de Deus; por isso, o culto da Senhora de
Fátima ia-se alastrando em todo o país para honra de Deus, glória da
Virgem e santificação do povo cristão. Tanto na véspera como no dia,
ao recolher da nova e linda imagem, feita na Casa Fânzeres & C.ª, de
Braga, houve uma grande manifestação do povo a Nossa Senhora,
dando-Lhe palmas, vivas e acenando com lenços. Foi uma festa que
deixou saudades não só ao povo da freguesia como ao povo das
freguesias vizinhas e às famílias da Póvoa que vieram assistir.
Confortada com os Sacramentos da Igreja, faleceu com 30 anos a Sr.
D. Delfina Matias de Oliveira, dedicada esposa do Sr. Lino da Silva
Araújo, considerado armador. O seu funeral foi muito concorrido.
Pêsames aos doridos.
***
“A
virtuosa filha do nosso amigo Sr. Joaquim António Machado”, a
Mariazinha Machado, mais adiante, veio-se a revelar não muito
virtuosa. Mas a ideia de iniciar na paróquia o culto público a Nossa
Senhora de Fátima, dezassete anos após as aparições, era muito
louvável. Os Machados viviam ainda em Gresufes.
Pelos
escritos da Beata Alexandrina, sabemos que a devoção dos
balasarenses a Nossa Senhora de Fátima já vinha de há anos.
É
possível que a imagem por ela adquirida seja a mesma que actualmente
se venera na igreja. A Mariazinha Machado foi mãe do falecido
acirrado bairrista Sr. António Machado, popularmente conhecido como
Toneca Machado.
NOTICIÁRIO 4
Balasar 15 (de Junho, publicado em 23 do mesmo mês de 1934, n’A
Propaganda)
Despertou grande entusiasmo a festa do SS. Sacramento há pouco
realizada. De manhã, houve grande concorrência de fiéis à missa
solene em que receberam o Pão dos Anjos algumas centenas de pessoas.
A procissão da tarde constituiu uma verdadeira apoteose a Jesus
Sacramentado, estando os caminhos festivamente engalanados e os
pavimentos cobertos de lindos e artísticos tapetes, de verdes e
flores. O estralejar dos foguetes, os cânticos do povo e o grande
acompanhamento de pessoas vitoriando Cristo-Rei dava um aspecto
imponente ao cortejo. Grande é a fé do nosso povo! Sem músicas nem
iluminações, fez-se uma festa que muito alegrou o bom povo desta
freguesia. Para recreação do público, houve ao final lançamento de
fogo japonês, que muito agradou. Parabéns aos seus promotores!
Vai
prometedor o ano agrícola. Os trigos e os centeios estão
lindíssimos, o vinho quase limpo e o milho vai em bom caminho. Deus
se amerceie deste bom povo que luta com grandes dificuldades
económicas.
Foi
bastante concorrido o exercício de Nossa Senhora de Fátima.
No dia
do Sagrado Coração de Jesus, houve na Igreja Paroquial exercício,
comunhão geral, prática pelo Rev. Pároco, admissão de novos
zeladores e cânticos.
Têm
vindo a esta freguesia alguns negociantes da Póvoa à compra de
vinho, que está num preço normal e convidativo.
***
“Este
bom povo que luta com grandes dificuldades económicas”. A crise dos
anos 30 devia estar a atingir o seu máximo: grandes casas de lavoura
faliram umas atrás das outras até entrados já os anos 40. Os
balasarenses do tempo criaram uma fama de desgovernados que durou
dezenas de anos e estendeu-se léguas para além dos limites da
freguesia. Foi um fenómeno especificamente local; muitos falam dele,
mas ninguém ainda o estudou. O Pe. Leopoldino pouco diz sobre o
caso, para proteger os seus paroquianos: ele dá sobretudo notícias
boas ou destacando o lado positivo.
NOTICIÁRIO 5
Balasar, 8 (certamente de Julho e publicado em 25 desse mês de 1934,
n’A Propaganda)
No dia
de S. João fui de passeio até à freguesia de Vilarinho das Cambas,
do vizinho concelho de vila Nova de Famalicão, onde se realizava a
festa do Santo Precursor de Cristo. Depois de ouvir um concerto pela
música das Caldas das Taipas, assisti à missa da festa onde fez o
panegírico do Santo o nosso abade Rev.do Leopoldino Mateus. Depois
de jantar com umas pessoas amigas, assisti ao desfile da procissão,
dirigida pelo nosso abade e em que foram conduzidos os andores com
as imagens de S. Sebastião, Senhora da Paz e S. João. O grande largo
fronteiriço à Igreja Paroquial estava repleto de povo das freguesias
circunvizinhas para assistir à exibição do carro dos pastores. Este
carro é uma imitação do de Braga e as crianças, apesar de rústicas,
não representavam menos mal o nascimento do Baptista, despertando
entusiasmo os bailados dos pastores acompanhados pela música. Foi
uma festa simples que muito agradou aos forasteiros que a viram.
Parabéns à comissão.
O ano
agrícola, que estava muito prometedor, tem-se retraído um pouco. Com
excepção do trigo, centeio e aveia, que são abundantes, o resto está
muito atrasado e em declive. O vinho, que era tão copioso à
nascença, com os nevoeiros têm desaparecido de dia para dia os
cachos, tendo-se já perdido talvez um terço do vinho. A seca traz o
milho em atraso e, se S. Tiago não vier com a cabaça dar a sua rega,
vai um ano de fome. Que será das famílias pobres?
De
visita ao nosso Rev.do abade, estiveram nesta freguesia os Srs.
Benjamim Ribeiro de Faria, comerciante de sucata, Eduardo José de
Andrade, proprietário da Casa Sanatório, e João Pinheiro Cadilhe,
cartorário da Casa dos Pescadores.
Há
dias, no lugar dos Casais da vizinha freguesia de Arcos, deu-se um
desastre que muito emocionou o bom povo daquela freguesia. Maria da
Silva Meira, de pouco mais de 30 anos, lavradeira, casada com
António Rodrigues, indo pelo quintal da sua casa, ao retirar um
cântaro de água, perdeu o equilíbrio e, caindo à água, foi
encontrada moribunda, vindo a falecer pouco depois. Deixou alguns
filhos menores e o marido na desolação. Paz à sua alma. Z
***
Foi a
primeira vez que o Pe. Leopoldino pregou na vizinhança e quis
propagandear o serviço de pregador certamente junto dos párocos de
freguesias próximas. Daí o excepcional, inesperado estratagema
narrativo usado a princípio. Depois, volta tudo ao normal, excepto o
Z com que assina a correspondência.
Repare-se na actividade agrícola tão diferente da actual.
Imagem –
Quando o Pe. Leopoldino ia pregar a maior distância, João Salazar
Coelho, sócio da fábrica de conservas A Poveira, Lda., que tinha
casa no Telo, emprestava-lhe o carro de cavalo para a deslocação. A
charrete chegou a ser um meio de transporte muito comum entre os
lavradores de Balasar. A da imagem pertenceu ao Sr. António
Machado.
NOTICIÁRIO 6
Balasar, 30 (talvez de Agosto e publicado em 15 de Setembro de 1934,
n’A Propaganda)
No dia
25 de Julho, em tempos passados, verificou-se (sic) na
vizinha freguesia de Macieira de Rates, estrondosas festividades
(sic) em honra de Santiago Maior, apóstolo e mártir da Igreja
Católica. Eram chamadas as bandas mais afamadas, escolhidos os
fogueteiros de maior renome e contratados os melhores iluminadores.
Era uma festa grande em tudo, que chamava à freguesia milhares de
forasteiros. A Póvoa também dava o seu contingente, principalmente
quando era convidada a afamada banda, de regência do saudoso maestro
Sr. Luís Gomes Loureiro. Hoje tudo acabou porque o grande dispêndio
da festa arruinou as casas de muitos lavradores.
Este
ano, realizou-se, no mesmo dia, uma festa não ruidosa como as dos
tempos idos, mas mais simpática – a missa nova do Rev.do Luís Maria
de Oliveira (Cascalheira), querido filho da freguesia. Lindos e
artísticos arcos de triunfo foram colocados na estrada atapetada de
verdes, ouvia-se ao longe o estrondo dos foguetes e o contentamento
lia-se em todos os habitantes de Macieira, que encheram a sua igreja
para assistir à missa nova do seu conterrâneo. A festa esteve
brilhante, boa orquestra, linda armação do Sr. Lino Palhares, desta
freguesia, e grande número de eclesiásticos, alguns condiscípulos do
novo levita. O sermão, confiado ao Sr. Pe. Manuel Domingues Bastos,
ilustre professor do Seminário de Braga, foi importante e a
cerimónia do beija-mão muito concorrida. No fim da festa, o novo
sacerdote ofereceu um lauto banquete aos seus amigos. Parabéns ao
amigo Pe. Luís Oliveira.
Há
dias, foi dado sinal de incêndio para uma bouça que o nosso amigo
Sr. Joaquim da Costa Machado possui em Gondifelos. O incêndio foi
causado por uns canhoteiros que, entregando-se ao seu mister,
lembraram-se de assar umas maçãs, descuidando-se de olhar pelo lume
que, pegando no mato, deu grande prejuízo.
Regressou de Braga, onde esteve a fazer os seus exercícios
espirituais, o nosso digno abade Rev.do Leopoldino Mateus.
Na
Igreja Paroquial, uniram-se pelos laços do matrimónio, o Sr. Manuel
Lopes dos Santos Murado, prezado filho do Sr. Manuel Murado, de
Escariz, e sobrinho do lavrador Sr. Luís Murado Torres, com a Sra.
D. Alexandrina Martins de Oliveira, prendada filha do Sr. Bernardo
Martins de Oliveira (Gaspar), de Gondifelos. Presidiu ao religioso
acto, lançando as bênçãos nupciais, o nosso zeloso abade, servindo
de testemunhas o Sr. Lino Martins da Silva Araújo e Baltasar Lopes
de Sousa Campos, cunhado e primo dos nubentes, a quem desejamos
muita felicidade.
Depois
de passar uma temporada, retiraram para a Póvoa as filhas do Sr.
João Pinheiro Cadilhe, cartorário da Casa dos Pescadores,
encontrando-se entre nós a família do Sr. Dr. Armindo Graça.
***
Aparentemente, o Pe. Leopoldino foi à missa nova do Pe. Luís Maria
de Oliveira, a Macieira. Segundo a monografia de Macieira, o seu
nome seria Luís Mariz de Oliveira. Este sacerdote tinha nascido em
1906 e faleceu em 1993.
Havia
gente da Póvoa que ano atrás de ano passava uns tempos do período
estival em Balasar.
NOTICIÁRIO 7
(CRIANÇAS DA CATEQUESE VÃO À ERMIDA DA SENHORA DAS NEVES)
Balasar, 4 (de Outubro e publicado em 25 desse mês de 1934, n’A
Propaganda)
No
domingo foram de longada até à pequena ermida de Nossa Senhora das
Neves, sita no lugar de Corvos, da vizinha freguesia de Bagunte, as
crianças da catequese desta freguesia, acompanhadas do nosso zeloso
abade Leopoldino Rodrigues Mateus e das catequistas. No pitoresco
local esperavam-nas as crianças das freguesias de Arcos, Bagunte, S.
Martinho, S. Simão e S. Cristóvão, com os seus párocos.
Corre
entre o povo a tradição de que a imagem da Senhora das Neves
apareceu naquele lugar, sendo conduzida à Igreja Paroquial de
Bagunte; mas desapareceu do altar para de novo ser encontrada no
mesmo local.
Repetindo-se o acto três vezes e reconhecendo o povo crente ser
vontade da Senhora ficar ali, erigiram-lhe uma ermida, dando à
imagem a invocação de Nossa Senhora das Neves.
É
grande a devoção do povo a esta Senhora, para quem se têm por vezes
dirigido procissões de penitência a pedir chuva ou outras graças. A
sua festa realiza-se anualmente no dia 5 de Agosto, sendo este ano
pregador o nosso digno abade. As crianças e o povo, depois de
fazerem a romaria, dando três voltas à capela rezando, postaram-se
no caminho em frente, onde rezaram o terço e ouviram o sermão
pregado pelo nosso Rev. Abade.
Em
seguida, algumas criancinhas das diversas freguesias recitaram
poesias e discursos com grande calor e entusiasmo, sendo fartamente
aplaudidas pelos circunstantes, que ficaram admirados da habilidade
dos oradores.
Finda
a acadência (?), os Rev.dos Abades ofereceram às criancinhas,
cada um da sua paróquia, uma merenda que decorreu no meio da maior
cordialidade e animação. Todo o povo ficou satisfeito com o passeio
e não cessava de louvar o zelo dos Rev.dos Párocos, que tanto se
esmeram na educação cristã dos seus rebanhos.
No
próximo domingo, o nosso digno abade vai fazer a distribuição de
prémios às crianças que mais assíduas foram na catequese, frequência
de Sacramento, actos de piedade e sacrifício e bom comportamento.
Finda
a construção ou reparação da estrada principal desta freguesia, os
trabalhadores reuniram-se em fraternal convívio, fazendo estralejar
foguetes em sinal de regozijo.
***
É só
daqui que conhecemos esta lenda da origem da devoção a Nossa Senhora
das Neves em Bagunte. Ao que me dizem, a imagem que se venera na sua
capela tem dois aspectos originais: é gótica (o que a faz duma
antiguidade rara) e é uma Nossa Senhora da Expectação (que
corresponde à padroeira de Bagunte).
O mais
antigo ex-voto à Senhora das Neves foi oferecido em 1701 por uma
balasarense.
NOTICIÁRIO 8
Balasar, 30 (de Outubro, publicado em 18 de Novembro de 1934, n’A
Propaganda)
O
nosso amigo Sr. Lino António Ferreira, acreditado negociante desta
freguesia, sofreu o duplo golpe da perda do seu irmão Manuel e do
seu tio António. O irmão Manel foi vítima dum desastre, dando com a
cabeça numa roda de carro conduzindo balsas com uvas, e tal pancada
sofreu que durou apenas alguns minutos. O tio António, essa
veneranda relíquia de 87 anos, o homem mais velho da freguesia, a
quem todos respeitavam, sofreu tal abalo com a morte súbita do
sobrinho que poucos dias durou, tendo recebido, a seu pedido, os
Sacramentos da Igreja.
Lino
Ferreira soube nesta ocasião quanto era estimado pelos seus
conterrâneos que em grande número correram a cumprimentá-lo e a
acompanhar os funerais. Tem direito a consideração e estima porque
Lino Ferreira tem um coração bondoso e caritativo. Há tempo a sua
jornaleira Olívia Maria de Sousa foi acometida dum ataque
apopléctico; sendo muito pobre e sem recursos para tratamento, Lino
Ferreira manda vir o médico, paga-lhe os medicamentos e agora
remeteu-a para a Póvoa a fim de tomar banhos quentes. Actos destes
louvam-se e registam-se: não admira que quem os pratica adquira a
simpatia do público.
Voltou
a fazer serviço na escola desta freguesia o nosso amigo Sr. Matias
Gonçalves de Castro – Quilores. Já era tempo de ser aposentado ou
pelo menos colocado numa das escolas da vila este antigo cavouqueiro
da instrução. Velho e doente, com 46 anos de bom serviço, o velho
mestre-escola já não está muito em condições de andar por longe,
devendo-se respeitar a sua idade, os achaques e os serviços ou
reformando-o ou dando-lhe serviço mais acomodado às circunstâncias
da sua vida.
A
Junta de Freguesia, a pedido da Mesa da Irmandade da Póvoa, tirou um
peditório para auxiliar as despesas do Hospital, que luta com
grandes dificuldades para tratar dos doentes, tendo presentemente
quatro desta freguesia. O peditório apenas rendeu 250 escudos porque
as circunstâncias financeiras dos nossos lavradores são muito
precárias, não tendo dinheiro para comprar adubos e estrumes para as
sementeiras por não terem recebido a importância dos trigos
depositados nos celeiros.
Foi
muito concorrida a feira anual das Fontainhas realizada no último
domingo de Outubro. A Tuna Poveira, da regência do Sr. Ângelo Vieira
Maio, foi muito apreciada. Fizeram-se muitas transacções e a feira
do gado apresentava bons exemplares, que receberam os seguintes
prémios: bois gordos e bois de trabalho: todos os prémios foram
ganhos pelo Sr. João Gonçalves Faria; de dois a quatro dentes: 1.º,
o Sr. José Alves da Silva Ferreira, 2.º, o Sr. António Alves Santos;
vaca leiteira: 1.º, o Sr. Manuel Alves Ferreira Júnior, 2º, o Sr.
António Alves Ferreira; vaca barrosã: 1º, o Sr. Miguel Meira, 2.º, o
Sr. David Rodrigues Martins. Na corrida dos cavalos, ganhou o 1.º
prémio o Sr. Gaspar Domingues Luís e o 2.º o Sr. José dos Santos
Murado.
***
O Pe.
Leopoldino falhou bastante no que disse sobre o Lino Ferreira.
Sabe-se o tipo de pessoa que ele foi. Sabe-se pelo que ele escreveu
como correspondente para imprensa (felizmente foram poucas essas
correspondências) e como patrão-carrasco da Beata Alexandrina,
sabe-se o que ele fez quando lhe invadiu a casa e sabem-se as
inqualificáveis atitudes que teve como presidente da junta. O Pe.
Leopoldino ainda estaria mal informado.
Os
lavradores de Balasar andavam mal das suas finanças. Era a crise,
que os custos com a feira agravam.
NOTICIÁRIO 9
Balasar, 27 (publicado em Novembro de 1934, n’A Propaganda)
Foi
muito concorrida a última feira bianual realizada no lugar das
Fontainhas, desta freguesia. Ali acorreram em grande número pessoas
dessa vila e dos concelhos de Barcelos, Famalicão e Vila do Conde. O
mercado das mulheres era soberbo e as feiras do gado bovino e gado
suíno apresentavam bons exemplares, fazendo-se algumas transacções.
No local tocou a Tuna de Fradelos, que foi ouvida com geral agrado.
Apesar da grande concorrência de povo e dos estabelecimentos
comerciais fazerem bom negócio, não houve alteração da ordem. É uma
feira que deve ser mantida, ainda mesmo com o auxílio da Câmara, que
dela tira bons proventos.
Tem
passado muito doente o Sr. Manuel Ferreira da Silva e Sá, antigo
chefe da estação das Fontainhas e respeitável sogro do Sr. José
António de Sousa Ferreira, activo gerente da Fábrica de Serração e
Moagem das Fontainhas. O Sr. Silva e Sá é um homem de grande
prestígio neste lugar e tanto se interessou pelo seu progresso que
não quis seguir a Escola da Companhia preferindo a sua permanência
aqui. Foi iniciador da feira das Fontainhas, esforçando-se por a
manter. Desejamos as suas melhoras.
Vai em
via de conclusão a reparação da estrada que liga a feira das
Fontainhas ao lugar de Modeste, da vizinha freguesia de Macieira de
Rates. É um melhoramento útil para o povo daquela laboriosa
freguesia.
Mas
entre nós há também uma obra de urgente necessidade, a reparação do
caminho que liga os lugares do Monte Tapado, Casal e Bouça Velha e
que é intransitável no inverno apesar da sua frequência. A nossa
Junta de Freguesia deve reclamar junto da Câmara para obter, pelo
Fundo do Desemprego, a verba necessária para isso.
***
A
feira das Fontainhas a que este noticiário alude parece ser a mesma
já referida no noticiário anterior.
O Pe.
Leopoldino insistia na necessidade da estrada da Cruz para Monte
Tapado, mas foi preciso esperar quinze anos pois a sua abertura só
começou em 1949.
NOTICIÁRIO 10
Balasar, 20 (publicado em Dezembro de 1934, n’A Propaganda)
Está à
venda a casa do Sr. José da Costa Faria, sita no lugar da Cruz,
junto da Igreja Paroquial. É um edifício com capacidade bastante e
de fácil acomodação para as escolas do sexo masculino e feminino e
moradia dos professores. É certo que a Junta de Freguesia, apoiada
pela Câmara, já enviou à competente repartição o projecto do novo
edifício escolar para os dois sexos, orçamentando em 13 contos. Mas
o novo edifício fica apenas com dois salões, sem habitação para os
professores. Ora os mestres de ensino, não tendo casa de moradia e
com o pequeno subsídio do Estado, deixam de concorrer para as
escolas desta freguesia e vão para as escolas que ofereçam mais
vantagens. Isto pode dar em resultado as crianças ficarem privadas
do ensino por falta de professor. E aqui está como uma medida de
economia se torna prejudicial ao povo, que carece de instrução. Para
obviar a esse mal, é que lembramos a aquisição do prédio do Sr.
Faria.
À
Festa da Aviação, no campo da Senhora da Hora, foram algumas pessoas
desta freguesia e, entre elas, o Sr. Manuel Domingues dos Santos,
abastado lavrador do lugar de Gresufes. No auge do entusiasmo,
quando ao longe se ouvia uma voz – ó patego, olha o balão – um
gatuno empalmava ao Sr. Santos a corrente e relógio de oiro no valor
de 1.500$00. O roubado bem reclamou à polícia, mas em vão porque não
soube quem foi.
Está-se mobilizando o trigo para ser enviado à Federação que, após o
recebimento, efectuará o pagamento aos produtores. Já não é sem
tempo porque os lavradores lutam com falta de recursos para as
sementeiras. Aplaudimos a lei da mobilização do trigo, a fim de
evitar a saída para o estrangeiro, mas deve fazer-se o pagamento
mais cedo para o lavrador remediar sua vida e adquirir os adubos
para a nova sementeira. Oxalá que nos anos futuros se remedeie esse
mal porque assim convirá à economia do produtor.
***
Chegou
a haver aulas na casa do Sr. José da Costa Faria, talvez desde 1930.
A questão da escola para meninas estava a ser tratada desde esse
ano.
Os
lavradores continuavam com “falta de recursos”… |