GLORIFICAÇÃO
Esta "glorificação" não aconteceu dum
dia para o outro. Foram necessárias várias fases para a levar a bom termo,
pelo menos parcialmente. Aqui está como decorreu:
Em
1965, o Padre Humberto Pasquale, o segundo director espiritual de
Alexandrina, foi convidado pelo Arcebispo de Braga a pôr em marcha o
processo diocesano sobre as virtudes e a reputação de Alexandrina como
santo.
Um ano mais tarde, em 1966, todos os
escritos de Alexandrina, enviados por um grande número de destinatários,
foram recolhidos, e assim, no ano seguinte, 1967, foi possível prosseguir
com a abertura do processo diocesano sobre todos os seus escritos. As
testemunhas, em número de 48, começaram a ser interrogadas.
Um pouco mais tarde, em 1973, na
presença do Postulador salesiano, o processo diocesano foi encerrado e,
imediatamente a seguir, em 21 de Maio desse ano, a Sagrada Congregação para
as Causas dos Santos abriu também as duas caixas contendo todos os
documentos recolhidos.
No ano seguinte, a 26 de Março de 1974,
o primeiro teólogo, encarregado pela Santa Sé, deu um parecer favorável
sobre os escritos da Serva de Deus.
Dois anos mais tarde, a 30 de Novembro,
o segundo teólogo deu um parecer favorável sobre estes mesmos escritos. O
caminho estava agora aberto para o reconhecimento oficial.
Em 1978, a Sagrada Congregação para a
Doutrina da Fé concedeu o seu "Nihil obstat" para a continuação da causa.
Ao mesmo tempo, em Balasar, no norte de
Portugal, os restos mortais de Alexandrina foram transferidos do cemitério
comunal para a igreja paroquial a 18 de Julho do mesmo ano.
Também nesse ano — que parece ter sido
decisivo — a Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, num decreto,
aprovou os escritos da Serva de Deus, enquanto que em Setembro a Postulação
publicou o "Summarium", no qual estão registados todos os relatos dos
testemunhos recolhidos durante o processo diocesano.
No ano seguinte, 1979, foram enviadas
“Cartas Postulatórias” aos Cardeais e Bispos, à Conferência Episcopal de
Portugal e a outras personalidades eminentes da Igreja, pedindo ao Santo
Padre a beatificação de Alexandrina Maria da Costa.
Depois, as coisas pareciam estagnar um
pouco e, enquanto algumas pessoas — e nós temos de as compreender! —
encontraram o tempo demasiado longo, para a publicação do decreto que
introduziria concretamente a causa de beatificação e canonização na Sagrada
Congregação para as Causas dos Santos fosse assinado, o que aconteceu enfim
a 31 de Janeiro de 1983.
Em 8 de Janeiro de 1991 — oito anos
mais tarde! — foi apresentado oficialmente, na Sacra Congregação para as
Causas dos Santos, pelo Relator, um voluminoso documento chamado “Positio
super virtutibus”. Neste documento estavam recolhidos todos os
requisitos necessários para que pudesse ser declarada a heroicidade das
virtudes da Serva de Deus.
Le 8 janvier 1991 — huit années plus tard ! —, fut
présenté officiellement, à la Sacrée Congrégation pour la cause des Saints,
par le Rapporteur, un gros volume appelé “Positio super virtutibus”.
Dans celui-ci, sont recueillis tous les documents afin que puisse être
déclarée l’héroïcité des vertus de la Servante de Dieu.
Só cinco anos mais tarde é que notícias
tranquilizadoras e reconfortantes chegaram ao coração de todos aqueles — e
eram muitos! — que esperavam boas notícias de Roma. Esta notícia chegou em
12 de Janeiro de 1996: a natureza heróica das suas virtudes foi reconhecida,
daí o título de "Venerável" concedido a Alexandrina Maria da Costa.
Uma mulher portuguesa residente em
Estrasburgo, que sofria da doença de Parkinson, recorreu ao Venerável
Alexandrina e ficou completamente curada da sua doença. Este milagre, aceite
pelos teólogos e reconhecido como tal, e tendo os médicos dado o seu parecer
positivo, permitiu à Sagrada Congregação para as Causas dos Santos,
presidida pelo Cardeal português José Saraiva Martins, emitir o seguinte
comunicado:
«Esta manhã, na Sala Clementina, na
presença do Santo Padre, dos Membros da Congregação para as Causas dos
Santos e dos Postuladores das referidas Causas, foram promulgados 10
Decretos.
O Cardeal José Saraiva Martins,
Prefeito da Congregação, leu um discurso dedicado à vida dos futuros
Servidores de Deus [incluindo]:
— A Venerável Serva de Deus Alexandrina
Maria da Costa, uma leiga portuguesa e membro da União dos Cooperadores
Salesianos (1904-1955)».
A “porta” estava então bem aberta para
a “glorificação” que todo o Portugal esperava, e especialmente todos aqueles
que tinham uma devoção sincera e amorosa a Alexandrina.
A 25 de Abril — dia de festa em
Portugal — o Santo Padre João Paulo II de santa memória, na Basílica
Vaticana, concedeu à amada filha de Balasar um primeiro título de glória: o
de beatificação. Ele dirigiu-se à multidão reunida na Praça de São Pedro com
estas palavras:
«Tu amas-Me?" pergunta Jesus a Simão
Pedro. Ele responde: "Tu sabes tudo, Senhor, bem sabes que Te amo". A vida
da Beata Alexandrina Maria da Costa pode resumir-se neste diálogo de
amor. Investida e abrasada por estas ânsias de amor, não quer negar nada ao
seu Salvador: de vontade forte, tudo aceita para mostrar que O ama. Esposa
de sangue, revive misticamente a paixão de Cristo e oferece-se como vítima
pelos pecadores, recebendo a força da Eucaristia que se torna o único
alimento dos seus últimos treze anos de vida.
Pela esteira da Beata Alexandrina,
expressa na trilogia "sofrer, amar, reparar", os cristãos podem encontrar
estímulo e motivação para nobilitar tudo o que a vida tenha de doloroso e
triste com a prova maior de amor: sacrificar a vida por quem se ama.»
(Homilia do Papa João Paulo II: Domingo, 25 de Abril de 2004).
O seu dia de festa foi marcado para 13
de Outubro, a data do seu “nascimento no céu”.
NOTA:
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