SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA MARIA DA COSTA

   

 

 

Pe. Leopoldino Mateus
 

NOTICIÁRIOS BALASARENSES
das décadas de 1930 e 1940
 

Recolha, transcrição e notas: José Ferreira

Preâmbulo

 

Quando, aos 54 anos, foi para Balasar, o Pe. Leopoldino tinha atrás de si uma longa carreira de colaboração em jornais. A nova ocupação não o impediu de continuar a marcar presença na imprensa, ao menos na da Póvoa. Em Setembro de 1933, iniciou a publicação duma duradoura série de noticiários semanais de acontecimentos balasarenses. Temos connosco perto de 300 deles, mas ele escreveu muitos mais, porventura o triplo. São assinados apenas pelo C de correspondente e a uma primeira leitura não parecem de modo nenhum atribuíveis ao pároco pois o seu autor manifesta por ele um apreço declarado e continuado. Mas começam quando ele chega e acabam quando ele deixa a freguesia. Sendo publicados em variados jornais – A Propaganda, Idea Nova, A Voz da Póvoa, O Comércio da Póvoa de Varzim e Ala Arriba –, o tipo dos temas noticiados não varia muito e o estilo é sempre o mesmo. Um dos últimos denuncia tratar-se claramente do Pe. Leopoldino, um outro, do princípio, porque fala na primeira pessoa, está assinado por Z, como os artigos sobre a Santa Cruz. Há um testemunho fidedigno duma balasarense a confirmar a autoria do Pe. Leopoldino relativamente a tais noticiários.

Aqui publicamos os que escreveu entre 1933 e 1940. Este diário dum pároco de aldeia constitui uma variada crónica balasarense paralela ao que se conhece das biografias da Beata Alexandrina; os acontecimentos relatados por vezes cruzam-se e nalguns casos até coincidem.

Neste período Balasar foi uma paróquia em renovação: criaram-se e manifestaram grande actividade a Cruzada Eucarística das Crianças, a Juventude Agrária Católica, as Marias do Sacrários-Calvários. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria viveu anos de esplendor. Chegaram a dezenas os rapazes que frequentavam os seminários. O salão paroquial construi-se para responder à dinâmica do momento.

Ao nível mais estritamente leigo, a informação é abundantíssima. Fala das figuras mais gradas da freguesia, mas também de muitas bem humildes, fala da lavoura e das suas variadas dificuldades – da duradoura crise que afectou tantos lavradores –, fala das pequenas indústrias e dos seus donos, das intempéries, dos melhoramentos conseguidos pelos autarcas, etc., etc.

Estes noticiários permitem também formar uma ideia do modo como se vivia no meio rural do Norte sob o Estado Novo, e que contradiz quase tudo o que sobre o assunto hoje a Esquerda propala.

Já tinha havido um correspondente de Balasar para a imprensa da Póvoa, Cândido Manuel dos Santos ou Cândido Pardal. Depois de o Pe. Leopoldino assumir o papel de correspondente, ele praticamente pára.

Devia ter vindo ordem superior para os párocos prestarem este serviço; de facto, os noticiários do pároco de Balasar estão muito longe de ser caso único no tempo.

Com poucas excepções, obtive as cópias dos noticiários na Biblioteca Municipal. 

José Ferreira

 

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