A Ordem
da Companhia de Maria Nossa Senhora, Instituto Apostólico na Igreja,
foi fundada por Santa Joana de Lestonnac. O projeto de fundação,
elaborado a partir de 1605, foi aprovado pelo Papa Pio V, em 07 de
abril de 1607.
Santa
Joana de Lestonnac nasceu em Bordeaux, na França, em 1556, época de
muitas guerras político-religiosas. Foi batizada na Igreja Católica,
apesar de sua mãe ser calvinista, contrariando assim os costumes da
época, em que a menina deveria ser educada na mesma religião da mãe.
Recebeu formação e orientação de seu pai, Ricardo de Lestonnac, que
era católico. Também influenciou em sua educação o filósofo
humanista Miguel de Montaigne, irmão de sua mãe, Joana Eyquem de
Montaigne.
Joana
de Lestonnac buscava a oração como forma de entender e integrar a
luta interior em que vivia: o conflito religioso em seu país e em
sua casa. Num desses momentos de oração, ela foi sensível à voz de
Deus, que lhe dizia: “Cuida, minha filha, de não deixares apagar a
chama que acendi em teu coração e que te leva, com tanto ardor, ao
Meu serviço”.
Desejava ser religiosa para fazer na França o que Teresa d’ Ávila
fazia na Espanha; porém, aceita o acordo sobre seu casamento,
confiando em seu pai como mediador do querer de Deus para com ela,
naquele momento. Aos 17 anos, casa-se com o Barão de Montferrant.
Durante seus 24 anos de matrimónio, enriquece-se como mulher, nas
dimensões de esposa e mãe de 7 filhos, dos quais duas jovens
tornam-se religiosas.
No
cumprimento de seus deveres de esposa e mãe, seu coração continuou
sendo todo de Deus. Aos 41 anos de idade, fica viúva e perde também
o filho mais velho. A partir de então, Joana assume a administração
do património da família e dedica-se a completar a educação de seus
filhos. Voltam, entretanto, ao seu coração, as inquietações da
juventude e o desejo de consagrar-se a Deus. Entra, então, no Cister
de Toulouse, mosteiro da Ordem de São Bernardo. O estilo de vida e
as austeras penitências prejudicam-lhe a saúde e os médicos exigem
que Joana deixe o Cister, no qual vivera durante dez meses como
noviça. Joana resiste em aceitar tal determinação mas, em sua última
noite no Mosteiro, expondo a Deus toda a sua angústia, vê-se
mergulhada em uma experiência de luz em que vislumbra sua futura
missão: vê diante de si uma multidão de jovens prestes a cair no
inferno, perdendo-se por falta de ajuda, e sente que era ela quem
deveria estender-lhes a mão.
Ao
deixar o Cister na manhã seguinte, seu coração está em paz. Um
projecto novo começa a germinar a partir dessa experiência. No
silêncio do Castelo de la Mothe, um lugar retirado, Joana busca a
reflexão e o amadurecimento para o que vira em sua última noite no
Cister. E surge uma nova Ordem Religiosa, sob a protecção de Maria,
dedicada à educação da juventude feminina, que deseja reparar as
injúrias lançadas contra a Mãe de Deus, testemunhadas na infância
por Joana. Tratava-se de um novo estilo de vida religiosa para
aquela época: unia contemplação e acção.
Dois
anos mais tarde, Joana vai a Bordeus prestar socorro às vítimas das
epidemias, pois sente que deve estar sempre onde alguém necessita de
sua ajuda. Encontra nos padres de Bordes e Raymond, jesuítas, o
auxílio necessário para concretizar através de um projecto todas as
ideias que vinha tendo, tudo o que vinha sentindo. À luz da
experiência obtida ao fazer os Exercícios Espirituais de Santo
Inácio, elabora as Constituições da Companhia de Maria. A síntese do
novo Instituto é Maria Nossa Senhora, presença inspiradora que
convida à interioridade e ao compromisso.
Joana
pôde ver a rápida expansão de sua Ordem pois, já em 1638 publica o
texto definitivo das Constituições. Morre num dia consagrado a
Maria, 2 de Fevereiro de 1640, aos 84 anos de idade.
Após a
morte de Santa Joana, a expansão da Ordem fora dos limites da França
não se fez esperar: em 1650 chegou a Barcelona, na Espanha, e, no
século seguinte, em território americano (México – 1753; Argentina –
1780; Colômbia – 1783). A Revolução Francesa quase extingue a
Companhia de Maria na França, mas ela é restaurada no século XIX e
entra em nova fase de expansão, atingindo, no século XX, outros
países da América (entre eles, o Brasil, em 1936) e, posteriormente,
África e Ásia.
A
Companhia de Maria é um Instituto Apostólico na Igreja desde sua
origem. No entanto, constituiu-se numa Ordem Religiosa com Mosteiros
Autónomos e Clausura Papal, atendendo às exigências da Igreja na
época de sua fundação. As religiosas exerciam a missão de
educadoras, recebendo as alunas dentro dos Mosteiros. O espírito
apostólico-missionário mantinha-se, graças a uma frequente e eficaz
comunicação entre as casas, conforme o desejo da fundadora.
Em
1921, deu-se a união de uma boa parte das casas e começou a existir
um governo geral para estas. A união total só aconteceu em 1956. A
partir do Vaticano II, com o Decreto Perfectae Caritatis, a
Companhia de Maria foi dispensada da clausura papal, por ter sido
concebida, desde a sua origem, como Instituto dedicado às obras
externas do apostolado.
No XI
Capítulo Geral realizado em Roma, em 1979, a Companhia de Maria revê
suas Constituições e, a 15 de maio de 1981, a Igreja aprova essa
releitura. Com esse gesto, mais uma vez, a Igreja acolhe o Carisma
de Santa Joana de Lestonnac, confirmando sua validade e vitalidade,
que lhe permitem expressar-se em novas formas, adaptadas a novos
tempos e lugares.
Joana
de Lestonnac foi canonizada pelo Papa Pio XII no dia 15 de maio de
1949, data consagrada para a celebração anual de sua festa. Em 1999,
a Companhia de Maria celebrou, em profunda acção de graças a Deus, o
cinquentenário da canonização de sua Fundadora.
Fonte:
https://www.oarcanjo.net/site/index.php/testemunhos/santa-joana-de-lestonnac/ |