Alexandrina Maria da Costa

SENTIMENTOS DA ALMA

MARÇO 1953

6 de Março de 1953 – Sexta-feira

Tormento da minha vida ter de falar da minha dor, daquilo que Jesus me manda esconder. Para obedecer tenho de falar do sofrimento, outra coisa não tenho. Mas, para consolar a Jesus e fazer o que Ele me pede, esconder a dor, esforço-me tanto quanto posso por sorrir e sorrir sempre, mesmo quando tenho a alma e o coração retalhados, o corpo moído pela violência do sofrimento. Se não fosse para obedecer, a ninguém, ou a quase ninguém, eu fazia compreender o meu calvário. O que será de mim, meu Deus, sem o Vosso auxílio! Vinde depressa, Jesus, vinde socorrer-me. Sinto que não posso mais e sinto as ânsias mais consumidoras de mais e mais sofrer. Não posso pensar nem saber que Jesus é tão ofendido. Não posso pensar que as almas se perdem e vão para o Inferno! Ai, eu ver o Sangue do meu Jesus perdido, não posso, não posso! A minha dor é tão grande como o mundo, é mais que imensa, é infinita! As ânsias, a dor de pôr termo ao pecado, de amar e ver Nosso Senhor amado por todos os corações são tão infinitas e tão grandes como Deus. Pela minha ignorância não sou capaz de exprimir isto melhor. Sofrer uma ida inteira, sofrer enquanto o mundo for mundo, com a graça e a força do Senhor não custa; o que custa é não poder remediar o mal, o que me custa e causa uma agonia de morte é o não amar nem fazer que o meu Jesus seja amado. Que pavor ter em mim um mundo dos mais horrorosos crimes e ter que responder por eles ao Senhor. Todo o meu ser apodreceu e foi desfeito pelos vícios; todos os meus sentidos andam loucos, perdidos à busca de se satisfazerem nas paixões. Tudo em mim é veneno e maldade. O meu coração sangra, é um mar de sangue. Está todo apunhalado, cercado e trespassado de espinhos. Mas isto sempre a toda a hora, a cada momento. Não posso viver no mundo, não posso estar mais aqui. A inutilidade roubou-me o passado e o futuro; não poderei ter nada para oferecer ao Céu. E, para maior tormento, agora tenho receio de partir. Não sou sincera a Jesus quando Lhe peço o Céu e me parece que as minhas ânsias não podem ser maiores. Sinto que aquilo que Lhe não é verdade, tenho medo d’Ele e de comparecer na Sua presença. Não posso respirar com o peso de tudo isto e o peso das humilhações e do abandono que sinto de toda a gente. Parece que estou esgotada de fazer a vontade do Senhor, de querer o que Ele quer. Valei-me, Senhor, valei-me. Ai que tremenda noite! Já vem mais perto aquela morte cruel e ingrata. À medida que se vai aproximando, torna o meu coração mais ofegante, mais dorido e apavorado. Bendito seja tudo o que me dá o Senhor! Não posso deixar de O louvar e de Lhe agradecer. Chamo por Ele e pela Mãezinha tantas vezes para virem em meu auxílio! Mas eu não sou digna de ser atendida e parece-me que não sou d’Eles, que não Lhes pertenço. Ai, quanto eu sofro, meu Deus, quanto eu sofro e quantos sofrimentos escondo. Só Vós os sabeis, meu Jesus. Ontem de manhã, o Calvário levantou-se no meu coração. Como ele sangrava ferido por cruel lança! Que tremenda montanha! Este sofrimento prolongou-se em todas as horas do dia. Era já de noite e eu toda mundo, toda podridão e pecado tornei-me responsável para diante do Eterno Pai. Era só eu a pagar-Lhe esta inigualável dívida. Para um mundo pecado e de podridão um mundo de sangue e purificação. Tinha que lavar toda a terra. O coração principiou a jorrar sangue. As veias rasgaram-se e uma inundação de sangue mergulhou em si toda a humanidade manchada. Fui presa com Jesus e com Ele levada aos pontapés para os tribunais. Condenada a morrer, e morte de cruz, segui com ela sobre os ombros para o Calvário. O meu coração sentia os suspiros íntimos de Jesus; os Seus olhares terníssimos gravaram-se bem nele. Ele, sem me falar, chamava-me e convidava-me a segui-Lo. A inutilidade roubava-me o Seu chamamento. Um amor, que não era meu, obrigava-me a subir a montanha e, no cimo dela crucificada, bradava ao Eterno Pai. Quanto mais a agonia aumentava, mais só e abandonada me sentia. O Céu fechava-se mais fortemente e o meu brado parecia não entrar lá. O coração estalava de dor e toda a terra tremia. Era um poder supremo que a fazia estremecer. Que medo, que medo, que pavor vindo da terra, que pavor vindo do Céu! Jesus expirou e eu com Ele dei a vida. A minha alma desprendeu-se e pareceu-me deixar o corpo. Após alguns momentos desta separação, veio Jesus. Deu-me a vida e falou-me assim:

— “Minha filha, minha filha, Eu sou o Senhor. Dou-te a minha vida. Minha filha, minha filha, é bem triste a minha dor. Vejo o mundo perdido a precipitar-se no abismo. Vejo as almas loucas, loucas a fugirem com Satanás, a condenarem-se ao inferno, a perderem-se eternamente. Não pode deixar de sofrer o meu Coração de Deus, o meu Coração de Pai. Dei o Sangue, dei a Vida. Abri o Céu, abri o Céu, a minha habitação. Ofereci-O, ofereci-O a toda a humanidade. Pobres filhos! Ingratos filhos! Desperdiçam o meu Sangue! Recusam a minha oferta. Não querem o Céu, mas sim o inferno. Preferem a satanás.”

— Ó meu Jesus, ai tanto sangue!... Tanto sangue da Vossa sacrossanta cabeça. Pelas Vossas faces divinas rolam lágrimas, muitas lágrimas de sangue saem dos Vossos olhos divinos, que perderam todo o seu brilho, todo o seu encanto. Onde está a Vossa beleza? Onde está a Vossa formosura atraente? Porque Vos transformais assim, Jesus? Ao ver-Vos dessa forma, desfaleço. Parece que não tenho sangue nas minhas veias, nem fôlego de vida. Porque Vos transformais assim? Porque Vos transformais assim, meu Amor? Aceitai o meu peito, o meu coração, para aparar o Vosso Sangue, as Vossas lágrimas. Aceitai o meu sofrimento para bálsamo das Vossas feridas e para Vos secar as lágrimas.

— “È para isto, minha filha, é para receber a tua oferta, para mostrar ao mundo a tua loucura por Jesus e pelas almas. É para compreenderes a causa de todos os teus sofrimentos. Só assim sofrendo, reparas e consolas Jesus. Só assim sofrendo, as almas são salvas. Só assim sofrendo, vês a Jesus belo, formoso, encantador. És vítima, és vítima, minha filha. Deixa-te, deixa-te imolar. Pede, pede a meu Eterno Pai para que as almas sejam poupadas à sentença eterna, à condenação do inferno. O mundo, os corpos têm de ser punidos. A justiça do Senhor tem caído e mais cairá ainda sobre a terra. És das almas. Criei-te para as almas. Acode às almas. És a mãe dos pecadores à semelhança da minha bendita Mãe. És a vítima salvadora à semelhança de Cristo Redentor. Quero almas vítimas, muitas almas vítimas, minha filha! E tenho tão poucas!... Espalha, espalha no mundo o perfume, a fragrância das tuas virtudes. Haja luz! Faça-se luz! Jesus o pede, Jesus o quer. Coragem, coragem, louquinha da da Eucaristia. Coragem, coragem, flor mimosa, flor eucarística, luz e farol do mundo, escora firme, escora firme da justiça do Senhor.”

— Sou Vossa, Jesus, sou Vossa. Agora sei que sou Vossa e sinto que sou Vossa. Disponde de mim como muito bem Vos aprouver.

— “Vem, vem receber a gota do meu Divino Sangue. Pelo tubo doirado uniram-se os nossos corações. Passou a gotinha do sangue. Nova vida de Jesus está no teu corpo e na tua alma. Vives de Cristo. A tua vida é de Cristo. Tem coragem, tem coragem, minha filha. Deixem que se abeirem de ti os milhares, os milhares de almas que para ti encaminho. Vem beber à fonte divina que em ti fiz nascer. Elas por ti recebem as minhas riquezas, as minhas graças”.

— Ó meu Jesus, custa-me tanto, tanto! Dai-me paciência! Não me deixeis ofender-Vos!

— “Tem coragem, tem coragem! Os teus desfalecimentos, as tuas imperfeições são o esconderijo de Jesus. São artes minhas para mais te humilhares, para mais te purificares. Fica na cruz. Fica na cruz. Dá-me a tua dor. Permite-me a tua imolação, a tua contínua imolação. Coragem, coragem! Não cesses, não cesses. Pede oração, pede penitência, pede emenda de vida, pede emenda de vida. Pede, pede sempre que os filhos pródigos voltem à casa do Pai. Fica na cruz e com a minha paz.”

— Fico na cruz, Jesus, sim, fico. E é por amor à Vossa cruz que eu Vos peço de alma e coração. Atendei aos meus pedidos! Atendei aos meus pedidos! Atendei aos meus pedidos! Salvai o mundo! Perdoai às almas!...

— “Recebe a efusão do meu amor e vai dizer, espalhar todo o meu amor!”

— Obrigada, Jesus, obrigada, meu doce Amor!

7 de Março de 1953 – Primeiro Sábado

— “Minha filha, minha filha, cá está Jesus no seu paraíso na terra. Minha filha, minha querida esposa, preciso de ser consolado. Preciso de deliciar-me neste jardim perfumado. Preciso de esquecer-me dos crimes do mundo. Sofre, sofre! Consola Jesus, consola Maria. Repara o seu e o meu Divino Coração. Ama-nos, ama-nos incessantemente. Faz que eu possa esquecer tantos, tantos e tão variados crimes. O amor vence, o amor triunfa. O amor faz a heroicidade das vítimas. Minha filha, minha filha, é tão profunda a dor do meu Divino Coração. Diz-me, diz-me: estás disposta a sofrê-la tu? Sei que não me dás uma negativa. Sei até onde chega a tua loucura por Mim. Sei até onde chega o teu amor às almas. Eu enriqueci-te, modelei o teu coração, mas tu, pupila dos meus olhos, cooperaste comigo. Quantas almas escolho para a imolação, mas elas na sua infidelidade não aceitam, não querem trabalhar comigo. Como é bela, como é rica, como é sublime a tua missão!... Que livro riquíssimo o da tua vida! Está escrito no Céu, está escrito a ouro e pedras preciosas.”

— Perdoai, Jesus; Vós bem sabeis que não é isso que me leva a mais e mais sofrer. Conforta-me a lembrança de que Vós ledes no meu coração. Eu não sofro, não, meu Jesus, com os olhos no prémio. Eu não me interessa, não, meu Amor, a recompensa que me dais. Eu sofro e tudo aceito. Dai-me quanto quiserdes, mas é só por Vosso amor, para não sofrer mais o Vosso Divino Coração, nem o da querida Mãezinha, para que as almas se salvem e não vão para o inferno.

— “Fizeste, minha pomba bela, que toda a dor saísse do meu Divino Coração. Amo-te, amo-te, amo-te! Estou contigo! É inigualável! Diz ao teu paizinho que ele é, foi e será sempre na terra e no Céu o guia da tua alma, o guia e luz que Eu escolhi para te encaminhar para mim. Diz-lhe que não duvide da sua vida, que não duvide do meu amor para com ele. Diz-lhe que foi o Céu a escolhê-lo para esta árdua missão, para a missão tão raras vezes compreendida pelos homens. Diz-lhe que o seu corpo é templo da minha habitação. O seu coração é sacrário riquíssimo, sacrário de amor onde esteve e estará sempre a Trindade Divina. Dá-lhe o meu amor, todo o amor de Jesus e o amor de Maria. Diz-lhe que Jesus é fidelíssimo ao que promete. Prometi e não falto. Diz ao te médico que Jesus lhe quer tanto, tanto! Diz-lhe que lhe dou o meu amor, o meu divino amor, a loucura do meu divino amor, que me leva a espremê-lo, a espremê-lo na prensa dolorosa, na prensa de elevação das almas. Diz-lhe que eu estou com ele. Diz-lhe que sempre venho em seu auxílio nas horas amargas, nas horas de desalento, nas horas dolorosas e tremendas da sua vida. Diz-lhe que o meu Divino Coração sempre o socorreu e há-de socorrer. Diz-lhe que o seu lar é abençoado pelo seu Deus, é o encanto dos céus. A minha chuva de graças não cessa de cair. É chuva de rosas divinas, mas sempre, sempre intercaladas de espinhos. Assim o exige a sua missão por Mim escolhida. Coragem sempre! Mãos à obra! Dá-lhe o meu divino amor com o da minha Mãe Santíssima. Amor, amor, sem fim.

Vem, minha Bendita Mãe, prepara com o teu conforto a nossa filhinha para mais e mais nos reparar, para mais e mais aplacar a justiça do Eterno Pai.”

— “Minha filha, minha filha, sou a Mãe das Dores. Repara em mim! Conforta-te no meu sofrer! Não deixo de beijar-te, não deixo de acariciar-te, não deixo, apesar das minhas setas, de estreitar-te ao meu santíssimo Coração.”

— Mãezinha, Mãezinha, são tão doces os Vossos beijos, tão ternas as Vossas carícias! O meu coração fortaleceu muito, muito. Está cheio! Fazei que neste abraço tão íntimo, nestes momentos de tanta luz, passem para o meu coração todas as setas, todos os espinhos que o cercam. Quero ser sempre eu a sofrer e não Vós, meu querido Jesus.

— “Minha filha, minha filhinha, como Eu te amo! Como te ama Jesus! Todos os instrumentos que me feriam estão todos no teu coração! São tuas as minhas setas! São teus os meus espinhos! Sofre, sofre, então, tudo. Repara o Coração amantíssimo de Jesus e o meu. Repara por tantos sacerdotes indignos. Repara por tantos prestes a caírem no inferno. Recebe novas carícias.”

— Obrigada, obrigada, Mãezinha. Sede com Jesus sempre a minha força!

— “Minha filha, recebe também as carícias do teu Jesus. Repara tantos crimes por tantos sacrilégios neste santo tempo da Quaresma. Está sempre firme no teu posto, no teu calvário, na tua cruz. Leva a minha paz. Dá toda a paz, toda a riqueza do Céu a todos quantos amas, a todos quantos se aproximam de ti. Espalha, espalha e faz que se espalhe tudo na humanidade inteira. És a mensageira de Jesus e de Maria. És a missionária do Céu. É divina a tua missão, a tua mensagem. Coragem! Coragem! Pede oração, penitência e emenda de vida. Nunca esqueças.”

— Obrigada, Jesus. Obrigada, Mãezinha. Não Vos esqueçais de todos os meus pedidos.

13 de Março de 1953 – Sexta-feira

Sinto como se a minha alma, o coração, o corpo com todo o seu ser estivessem atravessados por setas, lanças, punhais e espinhos. Estou por eles trespassada da cabeça aos pés. A minha dor, tristezas e amarguras são infinitas. É meu Jesus, que doloroso martírio ter que pisar sempre as mesmas pisadas, falar só da dor, não a esconder. Não sei como suportar as humilhações, a minha indignação, o meu nada. Quanto mais me visitam, quantas mais almas se abeiram de mim, eu mais me humilho e envergonho por sentir e ver o que eu sou. Que horror, meu Deus, que horror! Sou um mundo de podridão, um mundo de vícios, um mundo de morte. Ai, se não fosse a santíssima vontade do Senhor, eu queria fugir a todo o olhar humano, viver na solidão, embora a sentir os horrores dos meus crimes e da minha indignidade. Enveneno toda a terra e é tão forte o envenenamento que a movo e removo, levo-a da superfície aos abismos, trago-a dos abismos à superfície. Que mar revolto, que ondas agitadíssimas, que tempestade que tudo destrói. Não quero mostrar a minha bondade, porque não a tenho, mas queria mostrar o que sofro, para que não existisse no mundo pessoa alguma que se iludisse e enganasse comigo. Temo enganar-me, sim, meu Jesus, temo enganar toda a gente. A minha ignorância não sabe exprimir a dor, não sabe dizer as ânsias que tem de amar a Jesus, o quanto Ele nos ama, o que é uma ofensa feita ao Seu Divino coração e a grandiosidade dos meus crimes. Tudo sei sentir e compreender e nada dizer. Faça-se, Senhor, a Vossa divina vontade. Vou-me avizinhando da morte, daquela morte que não é a de sempre. Como ela é cruel. Como ela retalha de dor e põe em sangue o meu coração! Ontem passei o dia sem me lembrar que era quinta-feira. A agonia da minha alma era por assim dizer insuportável, se Jesus não fosse sempre a força do meu sofrer. Eu bradava, bradava incessantemente, bradava em silêncio, bradava para dentro.

Era já noite e eu sem saber a causa de tanta agonia; só ao ver e sentir em mim o calvário é que me recordei que era quinta-feira. No cimo dele, dentro em mim estava a cruz; por ela corria um rio de sangue, que era para mim um baptismo de sangue. Caía-me sobre a cabeça, regava-me todo o corpo. Da mesma cruz vinha um sol brilhante que em si trazia a vida divina. Este sol penetrou em todo o meu corpo e fez em mim um laço dessa mesma vida, um abraço de amor e de paz. Para tudo isto se dar, eu agonizei no Horto, nele tive o suor de sangue e tinha que ir ao cimo da cruz dar a vida. Tudo isto tinha tantos segredos e mistérios que eu não sei dizer. Ia alta a noite, principiei a sentir que era um mundo prazer e um mundo inferno. Todo o meu ser tremia de pavor. Travou-se um combate, dos mais tremendos combates. O demónio e a carne, a maldade e o vício. Não vivia em mim, mas sim num mundo de podridão. O inferno tentava engolir-me. Oculto tudo o mais que se passou. Abandonada a Jesus por meio da Mãezinha, ofereci-me como vítima, pedi o Seu auxílio para não pecar. Quando já tudo serenava, ouvi a voz de Jesus a dizer-me:

— “Se soubesses, minha filha, o valor desta reparação! Tem coragem, tem coragem!”

Esta voz divina foi de passagem. Pouco depois, uma tristeza e temor indizível se apoderou de mim. Não queria mais comungar. Que tristeza não ter um guia. Hoje, no mesmo temor, na mesma tristeza, recebi o meu Jesus e segui para o Calvário. Dor muda, separação completa de Jesus, inutilidade em todas as coisas me acompanharam. Nova punhalada me atravessou o coração, novos espinhos me feriram e aumentaram o meu calvário. Murmurava muitas vezes: tudo por amor de Jesus e por amor às almas. No percurso da viagem fortes descargas de varadas retalharam o meu corpo. Era a alma que tudo sentia. No alto da cruz não fui então eu só a ser crucificada, estava Jesus comigo, o Seu Divino Coração palpitava no meu; a Sua vida divina estava na minha enleada; o Sangue de Jesus era o meu sangue, as Suas chagas as minhas chagas, a Sua dor a minha dor, o Seu amor o meu amor. Eu bradava e agonizava com Jesus. Ele expirou e eu unida a Ele expirei também. A morte reinou, mas por pouco tempo. De novo veio a verdadeira vida, deu-me a Sua vida e falou-me assim:

— “Todo este aposento, todo este corpo, todo este coração é pureza, é graça, é amor. Habita aqui Jesus, a pureza, o amor, a graça sem igual. Jesus está aqui, vem dar-se e vem pedir à Sua filhinha. Jesus está aqui. Vem encher, vem enriquecer a Sua vítima e esposa amada. Minha filha, minha querida filha, mensageira, porta-voz, missionária de Jesus, recebe as minhas riquezas para as distribuíres. Recebe o meu amor para o infundires nos corações. Tenho sede, sede insaciável. Quero dar e quero receber. Amo e quero ser amado. Minha filha, minha pomba bela, descobre ao mundo as minhas mágoas, as minhas tristezas. Diz às almas o quanto Eu estou ferido e ofendido. Coragem! Coragem! Florinha eucarística, avante, avante, sempre a triunfar. Eleva-te na cruz, sempre na cruz, junto ao teu Senhor. Dá-me a tua dor, dá-me a tua imolação. O mundo, o mundo! Como está o mundo! A terra, a terra culpada, o cemitério das almas! Acorda-as, minha filha, acorda-as, minha filha; fá-las despertar para a graça, para Deus, para o Céu. O mundo, o mundo, os pecadores estão surdos. Cura-os com os teus sofrimentos, dá-lhes o bálsamo da tua cruz. É urgente, é urgente!... Já é tarde, muito tarde!... É urgente uma vida pura. É urgente uma vida reconciliação da terra com o céu. É tarde, é tarde, já é muito tarde! Há quanto tempo chamo! Os corpos não podem ser poupados à justiça do Senhor, à merecida, milhões de vezes merecida justiça, por tantos, tantos crimes. A justiça cai, a justiça cai. Acode às almas, minha filha! Acode às almas, minha filha! Salva as almas, esposa minha!”

— Ó Jesus, não olheis, não atendais aos crimes dos pecadores. Pedi, Jesus, pedi amor ao Vosso Eterno Pai, que atenda ao Vosso Divino Sangue derramado, que atenda aos méritos da Vossa Santa Paixão. Poupai-nos, poupai-nos, Jesus. Pedi ao Vosso Pai. O que eu sou, meu Amor, o que eu sou! Que abismo, que abismo infinito de misérias!... Todas as minhas carnes, meu Jesus, foram desfeitas pela lepra do pecado! O que eu sou, o que eu sou! Ai, que pavor! Apiedai-Vos de mim!

— “O que tu és, minha filha, sei eu bem o que tu és. És vítima de toda a humanidade, és vítima de todos os crimes, vícios e iniquidades. O que tu és sei-o bem, meu encanto. O que tu és, é o jardim das minhas delícias, o tabernáculo da minha habitação. Tem coragem! Tem coragem! Confia! Acredita no teu Jesus. As almas, as almas vêm por ti em fileiras para Mim como as formiguinhas para os seus celeiros. Coragem, coragem! Confia em Mim! As almas por ti são salvas aos milhões, aos milhões, aos milhões. Vem receber a gota do meu Divino Sangue. São os anjos, são os anjos como muitas vezes têm sido a unirem os nossos corações. Dois corações num vaso divino, num vaso sagrado — Jesus e a Sua vítima.

A gotinha do sangue passou. Todo o teu ser tem nova vida, nova graça, novo amor.

— “Todo o teu ser é Cristo, é Jesus. Não me recuses, não me recuses a reparação que te peço. Estás no fogo sem te queimares, sem seres pelas labaredas atingida. Dá-Me a reparação, toda a reparação que te peço. Não deixes aquelas almas caírem no inferno. Fica na cruz, fica na cruz! Convida, convida todas as almas, a humanidade inteira de quem és luz, de quem és farol, a reconciliarem-se comigo, a fazerem oração, contínua oração, a fazerem penitência, constante penitência. Vai em paz! Dá a minha paz!”

— Ó Jesus, mais uma vez Vos peço pelo amor da Mãezinha, pelo amor de todo o Céu, atendei aos meus pedidos. Perdoai ao mundo inteiro. Obrigada, meu Jesus, pela luz que me destes, pelo amor com que abrasastes o meu coração.

— “Vai em paz, minha filha! Vai em paz!”

20 de Março de 1953 – Sexta-feira

Tenho um coração que sente as humilhações, as ofensas que lhe fazem e tudo o que é dor. E, apesar de, dia e noite, ansiar, não tenho um coração que ame Jesus, que O console, que O desagrave; pois, dia a dia, momento a momento, sinto a minha indignação, a minha miséria, o meu nada. De tudo estou despida. Senhor, Senhor, quem poderá valer-me? Vede quanto eu sofro e vede todo o pavor do meu viver. Tenho ânsias, só ânsias de amor e perfeição; não caibo dentro em mim quando penso no Vosso amor, nas ofensas contra o Vosso Divino Coração, mas não passo disto; vivo nestas ânsias infinitas, mas estou de mãos vazias. Não posso suportar a Vossa grandeza com a minha miséria. Quanto mais caminho, maior é a distância que me separa de Vós. Como chegar ao Céu, meu Senhor, eu que não vou ao Vosso encontro e não sou capaz do mais pequenino voo para Vós? As minas asas presas ao lodo imundo das paixões e dos vícios apodreceram, não posso voar. Não sinto o Céu com o seu amor, só o sinto com a Sua justiça. Não tenho vida a não ser para o pecado. Todo o meu ser é inferno, é Satanás. É o que em mim existe. O que tenho e anseio de bom pertence a Jesus. Oferecer-Lho é dar-Lhe o que é d’Ele. A inutilidade nem isso me consente fazer; dar ao meu Senhor o que Ele em mim depositou. Parece que toda a terra treme ao meu brado de agonia, todo o meu ser se retalha, todo o meu ser foi arrastado, destruído pelas ondas negras, pela tempestade apavoradora. A morte vem vindo a passos lentos, e eu vou caminhando para ela. Custa-me a enfrentá-la, mas não posso deixar de a querer abraçar, embora apavorada e desfalecida. Ela tem segredos misteriosos. Ela mata e dá a vida, a vida que vem do Céu, a vida que é divina. Que livro imenso, que livro infinito dava o meu coração, se a ignorância lhe permitisse dizer o que nele está escrito. Meu Deus, meu Deus, que ânsias infinitas de falar! Que dor infinita por não saber nem me fazer compreender. Tudo isso está banhado com o Vosso Sangue. Vós sois a dor e a vida que eu sinto, Vós sois o que eu anseio, Vós sois a vida que me faz viver. Tudo é Vosso, tudo é Vosso, Jesus.

Na minha ignorância e inutilidade caminhei ontem para o Horto, indiferente, esquecida dele. Um impulso de amor levou-me, num excesso de loucura, a procurá-lo, a caminhar para ele. Parece que era eu a espremer o coração dentro em mim, que não era o meu coração. Não deixei nele gota de sangue. Reguei com ele toda a humanidade que d entro em mim estava. A minha cabeça revestida doutra regava o corpo e a terra, pelas feridas que uma forte coroa de espinhos abrira. A alma agonizava e todas as veias se abriram. O suor de sangue cobriu o meu corpo e ensopou a terra. A noite foi um tormento dolorosíssimo para a alma e para o corpo. Jesus pediu-me uma tremenda reparação. Não lha neguei, parecia querer negar-Lha. Chamei por Ele e pela Mãezinha, chamei muitas vezes. O que eu lutei e sofri só Eles o sabem. Passou por mim Jesus todo ferido e com a cruz aos ombros.

— “Vê como me feriste e condenaste à morte!”

De manhã tive a Santa Missa. Sem querer, recordei o sofrimento da noite. Mais indigna me sentia de assistir ao Santo Sacrifício e de receber a Jesus. abandonada à Mãezinha, pedi-Lhe que o fizesse por mim. Fui caminhando para o Calvário, não levei a cruz, não levei nada. O amantíssimo Jesus levava-a, mas era no meu corpo que Ele era açoitado e arrastado; quando desfalecia, caía. O Seu Sangue derramado, as Suas carnes retalhadas aos bocadinhos eram sem dó nem piedade por mim calcadas aos pés. No cimo da montanha, com Jesus fiquei crucificada na cruz. Eu era um vermezinho por Ele revestida. O sangue corria das chagas, os Seus divinos olhos fitavam o Céu, e o Seu brado fortíssimo passava, fazia-me sentir no meu coração. De repente, um banho de suor frio passou pelo meu corpo. Foi um suor mortal. Jesus expirou e eu com Ele. Não levou muito tempo que Ele viesse, ressuscitado, comunicar-me a Sua vida e dentro do meu coração falou-me assim:

— “O teu coração, minha filha, está cheio, transbordas das graças, pureza e amor de Jesus. O teu coração, minha filha, é fonte perene de toda a humanidade. Deixa, minha filha, permite que todas as almas que de ti se aproximam bebam na maior das abundâncias. Fiz que rebentasse neste calvário esta fonte maravilhosa dos prodígios do Senhor. O calvário de há dezanove séculos foi calvário de redenção. O calvário de hoje, a tua vida dolorosa, minha filha, é a continuação da mesma obra redentora de Jesus. Tem coragem, tem coragem! Dá às almas, faz que elas bebam na fonte divina, na fonte dos tesouros e das riquezas divinas. Tenho sede, sede de me dar, dar-me por ti aos corações e às almas que me quiserem receber; dar-me por ti, e por ti peço: vinde a Mim, vinde a Mim, filhos meus! Dou-Me por ti e no teu coração: pelos teus lábios Eu chamo, Eu convido toda, toda a humanidade, a uma vida nova, a uma vida pura, de paz e de amor. Coragem! Coragem! Esposa minha, tu és o farol, a luz do mundo. Tu és a âncora mais firme que sustenta o braço do Meu Pai. Não duvides do Senhor. Não duvides do teu Deus. É urgente a reparação que te peço. Tu não Me ofendes. Confia! Ou Me dás esta reparação ou as almas, aquelas almas que viste, vão direitas, direitinhas ao inferno.”

— Ó Jesus, não, não, isso não. elas são Vossa filhas. Eu não quero que elas se percam. Eu não quero ver nem saber que o Vosso Sangue Divino foi derramado inútil. É Jesus, ó Jesus, apelo mais uma vez para a Vossa misericórdia infinita. Perdoai-lhes, perdoai-lhes. Dou-Vos tudo. Pedi o que quiserdes, seja como for a reparação que de mim exigirdes. Conto com a Vossa graça. Confio que Vós triunfeis em mim. Alegrai-Vos, Jesus, alegrai-Vos. Sou a Vossa vítima. Quero dar-Vos não uma, ou seja meia dúzia de almas, mas todas, todas as que Vos ofenderem, que andarem por caminhos perdidos.

— “Minha filha, minha querida filha, como é agradável ao meu Divino Coração a tua prece! Que consolação para Mim e para o Meu Eterno Pai! O Céu alegra-se! Os Anjos jubilosos entoam hinos: glória, glória ao Senhor, que tem na terra a louquinha do Seu amor, a louquinha das almas. Minha filha, ó minha filha, tu és o espelho, o espelho, tu és a guia das almas, o porta-voz de Jesus! A tua vida é a Minha vida. A tua vida é um portento de graças. A tua vida foi traçada por Mim. O teu calvário Eu o escolhi para a reparação do século XX. Vem receber a gota do Meu Divino Sangue. Ó alimento, ó alimento, ó vida, ó vida divina! Passou a vida que dá a vida, o alimento que te sustenta. Permito-te, faço isto para mostrar aos homens o meu poder e a vida eucarística. Pede, pede, minha filha, aos pecadores que se convertam. Pede, pede, esposa minha, que toda a humanidade atenda à voz do Santo Padre, à voz daquele que será levado às honras dos altares e que será contado em o número dos meus santos. Vai em paz, vai em paz. Pede oração, pede penitência. Dá ao mundo as minhas graças, ó meu amor.”

— Obrigada, meu Jesus. Lembro-Vos os meus pedidos de sempre. Atendei, atendei pelo amor que me deste. Atendei pelo amor que Vos é mais querido na terra e no Céu.

— “Confia, minha filha. Fica na cruz! Vai em paz!”

— Obrigada, obrigada, meu Jesus!

27 de Março de 1953 – Sexta-feira

Pouco vou dizer, porque não posso. É grande o meu sofrimento. Quero obedecer, quero provar o meu amor a Jesus, mesmo sem sentir que O amo e sem sentir a satisfação desse acto de obediência. É por isso que redobro o meu esforço para dizer algumas palavras com todo o sacrifício. Ele é de tal ordem, parece que a cada movimento me arrancam o coração e as entranhas, e desfaz todo o meu ser. Amo o meu Jesus, amo a minha cruz, amo as almas. Faz hoje onze anos que Jesus se dignou transformar o meu calvário. Deixei de ter os movimentos da Paixão, deixei de me alimentar. Que saudades, que tormento! Quanto eu sofro, meu Deus, quanto eu sofro! Compadecei-Vos de mim! Parece que tenho à vista dos olhos as consequências da renovação deste Calvário e de quanto sofri nestes doze anos. Sede bendito por tudo, meu Senhor. Além da indizível humilhação, é um pavor para mim ver a multidão de almas que me visitam, que me rodeiam. Que ansiedade de me esconder e viver na solidão! Não tenho querer, não tenho vontade, quero o que Jesus quer, mesmo mo meio do maior martírio. No dia da Anunciação, 25 de Março, depois de receber muitas centenas de pessoas, sem sentir o cansaço, pus-me a pensar como Nosso Senhor criou a Mãezinha pura e bela para ser a Mãe de Jesus. Agradeci-Lhe o Ela ter aceitado, porque, se assim não fora, não tínhamos Jesus, não tínhamos a Eucaristia. Saí fora de mim para outro mundo, rompi em cânticos até altas horas da noite. Cantei num amor e numa alegria deslumbrante. A inutilidade tudo me roubou. Que o fruto seja para as almas e tudo por amor de Jesus. Ontem, quando estava no Horto, senti-me e vi-me como em fita de cinema, presa à coluna a ser açoitada, coroada de espinhos, a escorrer sangue, com os olhos vendados e cana na mão a ser escarnecida, de tribunal em tribunal na algazarra do povo e por fim condenada à morte. Tudo isto me causou a agonia e o suor de sangue. Hoje segui para o Calvário. Pesava-me sobre os ombros uma cruz imensa, e outra imensidade de luxúria ia dentro do meu coração; causava-me a morte. Ia ofegante, a escorrer sangue, pregada à terra. Fui no Calvário crucificada; de braços abertos e olhos no Céu oferecia-me ao Pai como vítima e à humanidade oferecia o coração e o amor. Que ingratidão recebia da humanidade em troca de tudo isto! Que suspiros dolorosos e profundos saíam de dentro do meu peito! Quanto mais se avizinhava a morte, maior era a agonia e a loucura de amor. A minha alma desprendeu-se no meio dum brado doloroso e voou como pomba para o Eterno Pai. Nesta separação da alma do corpo passaram-se momentos. Veio de novo a vida, veio de novo a luz, que era Jesus, e falou-me assim:

— “Glória, triunfo, amor e salvação; glória, triunfo, amor e salvação; glória, triunfo, amor e salvação. Eis o fruto deste calvário. Glória para Deus! Triunfo, sobretudo amor, a Jesus! Salvação, salvação para as almas! Aqui está o Senhor. Fala-Vos Jesus do Seu tabernáculo da terra. Fala-Vos Jesus do trono, do paraíso das suas delícias. Escutai atentos! Vinde a Mim! Quero ser amado! Escutai, escutai! Estai atentos! Deixai o pecado, deixai as vaidades. Vinde ao Vosso Deus! Fala-vos Jesus, que desceu do Céu, desceu por amor, para vos avisar, para vos salvar. Morri no Calvário, imolo a minha vítima e é só por amor. Quero salvar o mundo, quero salvar os homens; quero salvar os filhos meus. Coragem, coragem, minha filha, sofre pelos pecadores, salva os pecadores. Criei-te por amor, por amor te coloquei neste calvário. Criei-te para a mais alta missão, para a mais nobilíssima missão. Como são altos, belos e divinos os desígnios do Senhor a teu respeito. Coragem, coragem, minha filha. Deixa que as almas venham junto de ti. Elas vêm receber o maná celeste, o maná divino que por ti lhes é dado. Dei-me e dou-me a ti. Deste-te e dás-te por Mim. Eu sou graça, sou pureza, sou amor. Tudo te comuniquei. Tudo quero que comuniques às almas, aos filhos meus. Coragem, coragem, esposa minha, florinha eucarística. Voou encher-te de amor. Vou queimar-te, consumir-te nas minhas chamas. É amor pela tua generosidade, pela tua heroicidade. É amor por amor! É amor por amor! É amor por amor! Tirei-te o alimento. Fiz, faço-te viver só de Mim. Sabes para quê, minha filha? Para mais e mais luz. Para mais provar aos homens o meu poder, a minha existência. Ai daqueles que não querem ver. Bem-aventurados os que vêem e crêem.”

— Ó Jesus, muito obrigada. Sinto em mim a grandeza do Céu que é a Vossa grandeza. Sinto-me mergulhada num fogo infinito que é o Vosso amor. Mas, ai! Que vazio tão grande! Quero passar além, Jesus, quero ir para o Paraíso. Estou cheia, Jesus, cheia de viver na terra, mas não estou cheia, meu Amor, isso nunca, da Vossa divina vontade. Quero o que Vós quereis. Aceito o que Vós me dais. Custa-me muito viver sem alimentação. Que saudades, Jesus, que saudades. Custa-me muito, muito o mau juízo dos homens, mas abro os meus braços. Aceito a Vossa vontade divina, custe o que custar, meu Jesus. Abraço tudo e estreito-me a Vós com a minha cruz junto ao meu peito e ao meu coração.

— “Coragem, heroína! Coragem, pomba branca e bela! O teu sofrimento, todo o teu calvário é o maná dos pecadores. É tudo, tudo, mesmo tudo, para a salvação das almas. Vem receber a gota do meu Divino Sangue. Maravilha celeste, maravilha divina!... Uniram os anjos os nossos corações: o de Jesus ao da Sua vítima, ao da Sua esposa. A gota de Sangue passou, passou com maior abundância. É gota de vida, é gota de amor, é gota que é tudo. É o alimento poderoso, é o alimento da graça. Fica na cruz, esposa minha, e a senti bem, noite e dia, as setas do Coração da Minha Bendita Mãe. Fica a sentir bem as dores e agonia de Jesus, as dores e agonia de Maria. Pede ao mundo, avisa o mundo: ou vem com toda a graça e pureza para Mim, ou é destruído com todo o rigor, com toda a justiça do meu Eterno Pai. Perdoai, Jesus, perdoai hoje, perdoai sempre. Salvai a pobre humanidade. Peço-Vos as minhas primeiras intenções. Peço-Vos por todos os que me são queridos. Peço-Vos por todos os que me pedem as minas orações. Peço-Vos pelo mundo, pelo pobre mundo. Pedi Vós perdão e misericórdia ao Vosso Eterno Pai.

— “Vai em paz, minha filha. Dá a minha paz! Confia, confia. É poderosa a tua prece.”

— Obrigada, Jesus. Obrigada, Jesus, obrigada, meu Amor.