1º de
Maio – Primeiro sábado
— “Minha filha,
minha filha, que beleza uma alma em graça! Que beleza, que encantos os de uma
esposa de Jesus! Jesus
enamorou-se da sua Alexandrina, preparou-a para ser o seu tabernáculo riquíssimo
na terra. Alegra-te, minha louquinha, alegra-te com o teu Jesus. Diga o mundo o
que disser, faça o que fizer, Jesus é teu, todo teu, tu dele, toda dele. A
cegueira dos discípulos de Jesus e dos que se dizem seus amigos, desgostam-me
mais do que os crimes dos pecadores. Jesus imola as suas vítimas para os salvar.
E aqueles que deviam possuir sempre a luz divina, não a querem, não vão à sua
procura tentando deitar por terra as causas mais sublimes de Jesus, aquilo que
ele preparou de mais rico na terra, de maior glória para si e proveito para as
almas. Coragem, coragem, filhinha; quem tem a Jesus não teme, quem o possui,
possui toda a força. Coragem, coragem, ó minha amada: são os últimos combates,
depois deles vem o Céu. Diz, ó filhinha, diz ao teu Paizinho que embora Jesus
não devesse consentir novos exames, os consente, sendo aqui no lugar onde te
colocou. São provas duras para ti e para ele, mas é também a maior prova de amor
que Jesus tem à sua louquinha e ao seu director por Ele escolhido. Diz-lhe que
Eu vos amo e estou convosco. Diz, minha filhinha, diz ao teu médico que foi o preferido a
desempenhar tão nobre missão, que quero que a desempenhe fortemente,
mostrando-se diante dos médicos e ao mundo como soldado forte que nada teme. Ele
que seja o guerreiro da causa de Jesus. Quero que ande para a frente, que venham
os médicos junto de ti, mas que venham com toda a prudência”.
— Ó meu Jesus, e vós
não me faltais com a vossa graça e força divina?
— “Não, não,
filhinha querida, conta com o teu Jesus e a tua Mãezinha querida, que não te
faltam com a graça e força do Céu”.
— Obrigada, meu
Jesus, confio em vós, eu sou só miséria. Quero esquecer-me o que sou para
confiar só em vós.
13 de Maio
Jesus dai-me força
para mais esta vez desabafar convosco. É a filhinha que vem a seu Pai a pedir
auxílio para a luta da vida. Se os espinhos que me ferem e a montanha íngreme do
meu calvário me levam ao maior dos desalentos, deixando-me por terra na noite
mais escura e nos sofrimentos mais agudos e profundos. Por outro lado, a voz
doce e suave que repetidas vezes se me faz ouvir (“Coragem, minha filha, que é
por mim; anima-te que é Jesus”) obriga a levantar-me e a caminhar com canseira.
Chama-me Jesus, Ele quer as suas almas. E para onde caminho? Pobrezinha que eu
sou, que ceguinha que nada vejo. Depois de levantar-me não tenho luz no caminho,
não ouço a vossa divina voz que me chama. Meu Deus, se me faltais, não tenho
ninguém! Tende de mim compaixão, vede que os homens levaram para longe de mim
aquele que me guiava por caminho direito e seguro ao vosso divino Coração.
Quantos me odeiam e desprezam! Quantos me caluniam! A interrogar-me a mim mesma
dizendo: Que mal lhes fiz eu? Logo me vem ao pensamento: Que mal nos fez Jesus a
não ser amar-nos e morrer por nós? E logo me sinto obrigada a perdoar-lhes e a
repetir muitas vezes: Perdoai-lhes, meu Jesus, permiti que se convertam e se
abrasem no vosso divino Amor. Mas só vós, meu amor, sabeis a minha dor e
amargura.
Sinto-me sozinha! Pegou em mim um incêndio que tudo queimou e
destruiu. Tudo perdi. Nem ao menos vós, meu Jesus, baixais do Céu à terra vindo
ao meu quartinho pelo santo Sacrifício da Missa. Que saudade, que pena: tudo me
roubaram! Tende dó, Jesus, deste pequenino sopro de vida que já não é como um
agonizante que de momentos a momentos sempre pode respirar. Vede, Jesus, é pior
ainda. A minha respiração é mais tardia, parece-me demorar dias e dias; e assim
vou perdendo a vida. Estou como uma luz que se apaga para nunca mais se acender.
Os meus olhos parece-me que perderam a luz da terra; não posso viver a vida
humana. Mas com tudo isto confio em vós. Deixai que a minha confiança vá tão
longe quanto pode ir: deixai que ela aumente na medida do possível. Foi nos
vossos santíssimos braços que me entreguei e no vosso santíssimo coração que fiz
a minha morada. Viver e morrer convosco como é doce, meu Jesus! Que mais virá
ainda? Venha o que vier, presa com as cadeias do vosso amor nada temo. A
tempestade não cessa. Ouço o zunir dos ventos furiosos e destruidores. Ouço o
eco do trovão que tudo faz tremer. Deixai-me ó Jesus, ou antes permiti que eu
fite para sempre o meu olhar nos vossos divinos olhares para nunca mais de vós
os retirar, para ver todo o martírio como vindo de vós, e nada temer, ser forte
convosco. Temer só o pecado e ter sempre diante de mim a minha miséria. Que sou
eu sem Jesus? Como lhe tenho correspondido ao amor sem igual com que tenho sido
amada? Pobre de mim! Como ousei ofender-vos?
27 de Maio
— “Minha filha,
minha filhinha, não temas, não temas, que nada tens que temer. Tens em ti a
força do Céu e da terra. A carne e o sangue de Jesus é o teu alimento. Grava em teu coração a minha
divina Imagem e nos momentos da tua aflição olha para ela e contempla-me
crucificado. Tem coragem? É a onda de crimes que alastra o mundo. Compadece-te
da minha dor. Desagrava-me, minha filha, repara pelos pecadores. Tem coragem! A
minha divina vontade há-de cumprir-se. Minha filha, minha filha, meu amor”!
Abraçava-me,
acariciava-me, beijava-me, e ao mesmo tempo que recebia os ósculos de Jesus,
sentia entrar-me força para o meu coração. Ó como Jesus é bom! Como Ele e só Ele
é a força dos fracos!
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