As notícias que
temos sobre o religioso Vicente são poucas. Ele viveu no mosteiro de Lérins,
onde foi ordenado sacerdote no século V. Os dados sobre sua vida antes desse
período também não são muitos. Tudo indica que ele era um soldado do exército
romano e que sua origem seria o norte da França, hoje território da Bélgica.
Alguns registros
encontrados em Lérins, escritos por ele mesmo, induzem a crer que seu irmão
seria o bispo de Troyes. E ele decidira abandonar a vida desregrada e combativa
do exército para “espantar a banalidade e a soberba de sua vida e para
dedicar-se somente a Deus na humildade cristã”. Vicente, então, optou pela
vida monástica e nela despontou como teólogo e escritor famoso, grande
reformador do mosteiro de Lérins.
Ingressou nesse
mosteiro, fundado por santo Honorato, na ilha francesa localizada defronte a
Cannes, já em idade avançada. Ali se ordenou sacerdote e foi eleito abade, pela
rectidão de carácter e austeridade de vida religiosa.
Transformou o
local num florescente centro de cultura e de espiritualidade, verdadeiro celeiro
de bispos e santos para a Igreja. Em 434, escreveu sua obra mais famosa, o “Comnitorium”,
também conhecido como “manual de advertência aos hereges”. Mais tarde,
são Roberto Belarmino definiu essa obra como “um livro de ouro”, porque
estabelece alguns critérios básicos para viver integralmente a mensagem
evangélica.
Profundo
conhecedor das Sagradas Escrituras e dotado de uma grande cultura humanística,
os seus escritos são notáveis pelo vigor e estilo apurado, e pela clareza e
precisão de pensamento. As obras possuem grande relevância contra a doutrina
herética, e outros textos cristológicos e trinitários. Sua obra, em especial a
“Advertência aos hereges” teve uma grande difusão e repercussão, atingindo os
nossos dias.
Enaltecido pelos
católicos e protestantes, porque traz toda a doutrina dos Padres analisadas nas
fontes da fé cristã e todos os critérios da doutrina ortodoxa, Vicente era um
grande polemista, respeitado até mesmo por são Jerônimo, futuro doutor da
Igreja, seu contemporâneo. Os dois travaram grandes debates através de uma rica
corresponderia, trazendo luz sobre muitas divergências doutrinais.
Vicente de Lérins
teve seu reconhecimento exaltado pelo próprio antagonista, que fez questão de
incluí-lo num capítulo da sua famosa obra “Homens ilustres”. Morreu no mosteiro
no ano 450. A Igreja católica dedica o dia 24 de maio a são Vicente de Lérins,
celebrado na mesma data também no Oriente.
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