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UM TRISTE NATAL
1945

Pouco antes do Natal de 1945, a Alexandrina recebeu uma triste notícia: o exílio do seu “Paizinho” espiritual para o Brasil, ordenado pelo Provincial dos Jesuítas de Portugal.

Esta notícia não era de índole a alegria, visto ela ter pelo Padre Mariano Pinho um verdadeiro carinho filial, um amor que nada tinha a ver com aquilo que muitas pessoas diziam, ou até mesmo afirmavam descaradamente, caluniando assim gravemente a pobre vítima do Calvário de Balasar. A Alexandrina explica:

«Uma carta, vinda de quem não conheço, veio pedir-me orações em favor do meu Pai espiritual e anunciar-me a sua ida para o Brasil. É de estremecer e o sangue gelar nas veias. É impossível dizer a dor do coração, mas nesta hora não chorei, estava a agonizar, mas uma força, vinda não sei de onde, obrigava-me a sorrir. Fitei meus olhos em Jesus e na Mãezinha e disse-Lhes:

— Aceito, aceito, mas amparai-me, velai por mim.» (S. 21-12-1945)

   

O Padre Mariano Pinho, homem obediente e simples como uma criança, nada disse, nada protestou, aceitando como uma prova de amor de Jesus o sofrimento que este exílio lhe causava.

A Alexandrina, ao tomar conhecimento da sinistra notícia, fez a mesma coisa: aceitou a decisão do Provincial, mesmo se esta lhe lacerasse o coração e não protestou, não maldisse, não ganhou nem ódio nem rancor àquele que a privara do guia da sua alma.

Como sempre, recitou o “Magnificat” e ofereceu-se toda e ofereceu todo o seu sofrimento ao Senhor que permitira esta separação penível para os dois.

Se vozes se levantam para pedir a beatificação do bom Jesuíta, é simplesmente porque o Padre Mariano Pinho foi um santo sacerdote e um sacerdote santo, que sempre viveu no Coração de Deus e que tudo aceitou por amor do Senhor e pela salvação das almas.

Foi neste ambiente pouco “natalício” que a Alexandrina redigiu os “Sentimentos da alma” do dia 28 de Dezembro de 1945:

*****

«Noite de Natal! Ao nascer Jesus, disse-Lhe muitas coisas, sem saber dizer-Lhe nada. Pedi-Lhe muitas graças, muita luz, sem nada sentir, receber nem ver. Acompanhei-O no presépio sem ter vida, sem ter nada para poder fazer-Lhe companhia. Entreguei-me assim ceguinha ao Seu Coraçãozinho e bracinhos pequeninos. De manhã, ao recebê-Lo, tive com Ele os meus desabafos. Fiz-Lhe a entrega do meu Pai espiritual, mas queria as Suas promessas realizadas e que toda a minha preocupação era por ele, pelas almas e pelos que me eram queridos. Se fosse só eu a ser humilhada, nada me afligia. Nesta oferta o coração retalhava-se de mais viva dor.»

Mas Jesus nunca a abandona e, como sempre, vem atenuar a sua dor e afirmar-lhe que a partir de agora, será Ele o seu guia, o seu director espiritual, o seu tudo…

Jesus diz-lhe:

«Sossega, tranquiliza-te, minha filha. Eu aceitei a tua oferta e com ela consolaste e alegraste o meu Divino Coração. Aceitei, mas não quero ter sacrifício. Cumprem-se as minhas divinas promessas. Confia, manda agora Jesus, governa agora Jesus. Que fazem os homens sem mim? Confia, tesoureira de Jesus, cofre dos meus tesouros divinos. Confia neste Coração que te ama. Recebe o fogo deste Coração, louco de amor por ti. Recebe-o a transbordar e dá-o aos que tu amas, dá-lho, são mimos do céu, são mimos que lhes dou por ti. Enche-os do amor e dá-o ao mundo, que é teu.» (S. 28-12-1945)

Afonso Rocha

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