Dá-Me as tuas
mãos, que as quero crucificar; dá-Me os teus pés, que os quero cravar comigo;
dá-Me a tua cabeça, que a quero coroar de espinhos, dá-Me o teu coração que a
quero trespassar com a lança, como Me trespassaram a Mim. Consagra-Me todo o
teu corpo; oferece-te toda a Mim!
(Jesus a Beata
Alexandrina)
Essas palavras
de Jesus a Beata Alexandrina pareciam fazer eco na chácara da Santa Cruz,
Cachoeira Paulista – São Paulo (Brasil) na sede da Comunidade Canção Nova no dia
05 de abril último. O desejo de uma entrega total a Deus, de união esponsal com
Nosso Senhor Jesus Cristo motivou mais de 100 jovens a doarem toda a sua vida a
Deus no Santíssimo Sacramento e nos Pobres. O convite que Jesus fez a Beata
Alexandrina: “Consagra-Me todo o teu corpo; oferece-te toda a Mim!” foi o
mesmo convite que o Amado Senhor fez a todas essas jovens. E a resposta delas
foi um SIM generoso ao Senhor, como fez há alguns anos atrás a patrona da Toca
de Assis:
“Deixai-me, Jesus, deixai-me gritar sempre, com toda a alma, com todo o coração:
Jesus é o meu amor, o único a quem quero pertencer e para quem quero viver.
Só Ele tem para mim encantos, só a Ele se prende todo o meu ser.
Morra tudo em mim para em mim só Jesus viver!” (Beata
Alexandrina)
Desde cedo a
chácara da Canção Nova ficou repleta de religiosos e religiosas de vários
lugares do Brasil e ainda de diversos leigos e sacerdotes. Num clima de muita
oração e durante o Santo Sacrifício da Missa, presidido pelo Padre Roberto José
Lettieri (fundador), realizou-se a profissão religiosa: foi um momento
emocionante. Na homilia o Padre Roberto destacou o valor da Virgindade
Consagrada pelo Reino, e enfatizou que as irmãs não são aquelas que não podem
contrair matrimônio, mas sim as que foram escolhidas para serem desposadas pelo
Grande Esposo: Nosso Senhor Jesus Cristo. Durante a profissão a Irmã Maria dos
Anjos (ministra geral do Instituto) apresentou as mestras e noviças e cada
mestra apresentou as jovens com o antigo e o nome novo. Um dos momentos mais
belos foi a imposição do cíngulo na cintura e a cruz sobre o peito e a troca dos
véus: quando coloca-se o novo véu marrom por cima do véu branco, e depois
retira-se o véu antigo. A cerimônia contou com a participação de Dom Alberto,
bispo emérito, que ordenou o Padre Roberto há 13 anos, diversos sacerdotes e na
assembléia, religiosos, religiosas, familiares e amigos de diversos recantos do
imenso Brasil.
O Instituto das
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento é formado por dois ramos, um de vida
apostólica e outro de vida contemplativa. Nesta profissão diversas irmãs se
dedicarão a Adoração ao Santíssimo Sacramento do Altar e ao cuidado dos pobres,
como era também o desejo de Alexandrina: “Eu queria ser
bálsamo para todas as feridas, consolação para todas as tristezas, conforto para
todos os desalentos, alimento para toda a fome, agasalho para todo o frio,
remédio para todo o mal. Eu não sou ninguém, não sou nada, nada valho.”
Outras irmãs
assumiram a vocação contemplativa e se dedicarão exclusivamente a Adorar Jesus
Eucarístico em reparação pelos Sacerdotes. Neste sentido a Sagrada Congregação
para o Clero (organismo da Santa Sé) lançou recentemente um documento sobre a
“Maternidade espiritual dos Sacerdotes” e apresentou a Beata Alexandrina como um
modelos de intercessão e reparação pelos sacerdotes e apresenta um exemplo bem
claro da importância da reparação feita pela Beata por um sacerdote português.
Em uma de suas visões místicas Alexandrina também narra uma visão que teve de
sacerdotes administrando a Sagrada Comunhão aos fiéis:
Dali em diante
toda aquela cena seria renovada …
Vi tantos Judas a comerem e a beberem indignamente!
Que línguas tão sujas!
Mas mais horror ainda: mãos tão indignas a distribuírem este Pão e este Vinho!
Mãos indignas, corações cheios de demónios. [Aqui a Beata se refere aos
sacerdotes]
Que horror, que horror de morte!
Senti tanta dor que, de dor e de horror, parecia-me rasgar a alma e despedaçar o
coração.
O rito de
consagração das irmãs contemplativas inclui o compromisso de “Sacramento de
Amor” e as irmãs prostram-se no Altar onde consumirão suas vidas em união ao
Santíssimo Sacramento em adoração perpétua e reparadora. Alguns dias antes da
profissão religiosa foram admitidas ao Noviciado mais de 170 novas jovens, sem
contar o grande número de postulantes (de 1º e 2º ano), aspirantes e
vocacionadas internas que estão espalhadas pelo Brasil aguardando ansiosas pelo
grande dia de unirem suas almas a Alma de Cristo. Toda esta realidade nos
faz lembrar o desejo da Beata Alexandrina de querer abraçar a vida religiosa. A
vontade de Deus para vida dela foi outra: tornar-se alma vítima, crucificada em
seu próprio leito. Contudo, seu ideal de vida e santidade enraizado em
Cristo-Hóstia, Prisioneiro de Amor em nossos Sacrários, alimenta a vocação
dessas religiosas que cumprem a promessa que Jesus fez a Beata:
É graças a ti
e à luz desse fogo que deixaste acender que muitas almas, guiadas por esta
Estrela escolhida por Mim, impelidas pelo teu exemplo, se transformam em almas
ardentes, almas verdadeiramente eucarísticas.
(Jesus a Beata Alexandrina)
A Toca de Assis
tem sido no Brasil um anuncio profético do valor da Vida Religiosa em meio a uma
sociedade materialista e hedonista. Um caso ímpar na Igreja do Brasil no que diz
respeito ao número de vocações, como também em expansão de casas missionárias.
Conhecendo a importância da juventude brasileira para o despertar de novas
vocações e para o contexto da Nova Evangelização, o Papa Bento XVI na visita
feita ao Brasil no ano passado, impulsionou os nossos jovens a seguirem o
seguimento radical de Cristo: “Faço votos de que, neste momento de graça e
profunda comunhão com Cristo, o Espírito Santo desperte no coração de tantos
jovens um amor apaixonado no seguimento e imitação de Jesus Cristo casto, pobre
e obediente, voltado completamente à glória do Pai e ao amor dos irmãos e irmãs.”
(Discurso do Santo Padre aos jovens em São Paulo, Brasil, 2007)
Sem dúvida que
muitos jovens brasileiros ouvindo a voz do Pastor se decidirão por Cristo e
teremos no Brasil um oásis de religiosos, sacerdotes e leigos santos coniventes
com o projeto do Reino de Deus. Talvez tenha sido essa a vontade de Deus quando
impulsionou o Padre Roberto a escolher a Beata Alexandrina como patrona da sua
família religiosa, no desejo de “incendiar” no mundo o Amor a Jesus
Sacramentado.
“Jesus,
dai-me fogo, dai-me amor; amor que me queime, amor que me mate.
Eu quero viver e morrer de amor.
Jesus, seja o Vosso divino amor a minha vida. Seja ele e só ele a minha morte.
Jesus, eu quero amar-vos: amar-vos até à loucura, amar-vos até morrer de amor”.
(Beata
Alexandrina)
Para incendiar
no mundo o amor a Jesus Eucarístico e aos Pobres nos passos de São Francisco de
Assis, Santa Catarina de Sena, São Pio de Pietrelcina, Santa Bernadete e da
Beata Alexandrina a Toca de Assis, iniciou a expansão além das fronteiras do
Brasil e pela graça de Deus foram criadas duas novas regionais: “Região
Virgem de Guadalupe” a quem foi consagrada a Missão na América Latina,
fazendo-se presente no Equador e na Colômbia, e a “Região Beata Alexandrina”,
a quem está consagrada a Missão da Toca de Assis na Europa. Atualmente na
Europa a Toca se encontra em Balasar e ainda este mês as religiosas assumirão
uma casa de clausura da cidade de Lanciano (Itália).
Por que a Toca
de Assis ir para Europa? Não seria mais necessário cuidar dos pobres no terceiro
mundo?
Deus tem seus
sinais. Após a oficialização da Beata Alexandrina como patrona da Toca de Assis
a fraternidade recebeu de Deus a missão de ir também a Europa. E quais os
lugares que Deus escolheu?
Balasar, onde aconteceu o “calvário” da “vítima da
Eucaristia”
Lanciano, cidade do mais impressionante “milagre
Eucarístico” da história.
Ao olharmos para
a situação atual da Europa que vive uma profunda e dolorosa descristianização o
que pode reverter a situação senão um profundo e adorante amor a Jesus
Eucarístico? É ele o prisioneiro dos nossos Sacrários, muitas vezes tão
esquecido nas imensas igrejas e catedrais européias que se tornaram lugares de
visitas turísticas e não mais de visitas adoradoras.
Longe do Céu,
longe de Jesus estão todos os que estão longe do sacrário.
Eu quero almas, muitas almas verdadeiramente eucarísticas.
O sacrário, o sacrário, oh, se fosse bem compreendido o sacrário!
O sacrário é a vida, o sacrário é o amor, o sacrário é a alegria e a paz.
O sacrário é lugar de dor, é lugar de ofensas, é lugar de sofrimentos: o
sacrário é desprezado, o Jesus do sacrário não é compreendido!
(Jesus a Beata
Alexandrina em 11/09/1953)
Pedimos a Deus
que abençoe e torne fecundo o trabalho e a missão das Religiosas da Toca de
Assis e recorremos a intercessão da Beata Alexandrina para que Jesus seja Amado
e Adorado por todo o mundo!
Alealdo Wendell
Menêses Mendonça
Professor de História e Graduado na mesma disciplina
pela Univer. Federal de Sergipe (UFS)
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