|
“ENSINA-NOS A REZAR”
Basta recordar
a primeira leitura e o evangelho para ver claramente que a Palavra de
Deus deste domingo fala da oração. Abraão reza, intercedendo por Sodoma
e Gomorra; Cristo ensina seus discípulos a rezar. Portanto, a oração.
É
impressionante não somente o fato de Jesus nos ter mandado rezar, nos
ter ensinado a rezar, mas sobretudo, o fato de ele mesmo ter rezado com
muitíssima freqüência. Basta recordar o início do evangelho de hoje: “Jesus
estava rezando num certo lugar”. Nós sabemos que ele passava noites
inteiras em oração, que rezava antes dos grandes momentos de sua vida,
que morreu rezando.
Afinal, por
que rezar? Para nos abrir para Deus, para nos fazer tomar consciência
dele com todo o nosso ser, para que percebamos com cada fibra do nosso
ser, do nosso consciente e do nosso inconsciente que não nos bastamos a
nós mesmos, mas somos seres chamados a viver a vida em comunhão com o
Infinito, em relação com o Senhor. Sem a oração, perderíamos nossa
referência viva a Deus, cairíamos na ilusão que somos o centro da nossa
vida e reduziríamos o Senhor Deus a uma simples idéia abstrata, distante
e sem força. Todo aquele que não reza, seja leigo, seja religioso, seja
padre, perde Deus, perde a relação viva com ele. Pode até falar dele,
mas fala como quem fala de uma idéia, de uma teoria e não de alguém vivo
e próximo, que enche a vida de alegria, ternura, paz e amor. Sem a
oração, Deus morre em nós. Sem a oração é impossível uma experiência
verdadeira e profunda de Deus e, portanto, é impossível ser cristão. Por
tudo isso, a oração tem que ser diária, perseverante e fiel.
Assim, quando
agradecemos, reconhecemos que tudo recebemos de Deus; quando suplicamos,
reconhecemos e aprendemos que dependemos dele e da sua providência;
quando intercedemos, aprendemos e experimentamos que tudo e todos estão
nas mãos amorosas de Deus; quando pedimos perdão, reconhecemos que nossa
vida é vivida diante dele e a ele devemos prestar contas da existência
que recebemos. Portanto, a oração nos abre, nos educa, nos amadurece,
nos faz viver em parceria com o Senhor.
Quanto aos
modos de rezar, são variados. A melhor forma é com a Sagrada Escritura:
tomando a Palavra de Deus, lendo-a com os lábios, meditando-a com o
coração e procurando vivê-la na existência. Tome diariamente a Bíblia,
leia-a com fé, repita as palavras ou frases que tocaram seu coração e
derrame sua alma diante do Senhor. Nunca esqueçamos que essa Palavra de
Deus é viva e eficaz, transformando a nossa vida e dando-lhe um novo
sentido. Também é importante a oração espontânea, com nossas palavras e
a oração vocal, aquela decorada, como o Pai-nosso e a Ave-Maria. Aqui, é
bom recordar o terço, que tanto bem tem feito ao longo dos séculos. Mas,
a oração por excelência é a própria missa. Aí, de modo pleno, nós somos
unidos à própria oração de Cristo, participando do seu sacrifico pela
salvação nossa e do mundo inteiro.
Mas,
recordemos que a oração não é uma negociata com Deus nem é para dobrar
Deus aos nossos caprichos. É, antes, para nos tornar disponíveis à
vontade do Senhor a nosso respeito. Uma das coisas muito belas da oração
é que, tendo rezado e pedido, o que acontecer depois podemos saber com
certeza que é vontade de Deus! É nesse sentido que Nosso Senhor afirmou
que tudo quanto pedirmos em seu nome, o Pai no-lo concederá. Ora, o que
é pedir em nome de Jesus? É pedir como Jesus; “Pai, não se faça a minha,
mas a tua vontade”. Rezar assim é entrar no cerne da oração de Jesus.
Então, tudo que nos vier, saberemos que é vontade do Pai, pois sabemos
que nossa oração foi atendida; e nisto teremos paz.
Que nesta
missa, nós peçamos, humildemente, como os primeiros discípulos: “Senhor,
ensina-nos a rezar”. E aqui não se trata de fórmulas, mas de atitudes.
Observemos que a oração que Jesus ensinou, o Pai nosso, é toda ela
centrada não em nós, mas no Pai: no seu Reino, na sua vontade, na
santificação do seu nome. Somente depois, quando aprendermos a deixar
que Deus seja tudo na nossa vida, é que experimentaremos que somos
pessoas novas, transformadas pela graça do Senhor.
Cuidemos, pois
de avaliar nossa vida de oração e retomar nosso caminho de busca de
intimidade com o Senhor, ele que é a fonte e a razão de ser da nossa
existência.
Dom Henrique Soares da Costa
FONTE:
http://homiliadominical2.blogspot.com/2016/07/17-domingo-tempo-comum-c.html |