Simplício nasceu na cidade italiana de Tivoli e seu pai se chamava
Castino. Depois disso, os dados que temos dele se referem ao período
que exerceu a direcção da Igreja, aliás uma fase muito difícil da
História da
Humanidade:
a queda do Império Romano. Ao contrário do que se podia esperar,
teve um dos pontificados mais longos do seu tempo, quinze anos, de
468 a 483.
Nessa
época, Roma, depois de resistir às invasões de godos, visigodos,
hunos, vândalos e outros povos bárbaros, acabou sucumbindo aos
hérulos, chefiados pelo rei Odoacro, que era adepto do arianismo e
depôs o imperador Rômulo Augusto. A partir daí, conquistadores de
todos os tipos se instalaram, depredaram, destruíram e repartiram
aquele Império, tido como o centro do mundo. Roma, que era sua
capital, sobreviveu. Nesse melancólico final, a única autoridade
moral restante, a que ficou do lado do povo e acolheu, socorreu,
escondeu e ajudou a enfrentar o terror, foi a do Papa Simplício.
Ele
fazia parte do clero romano e foi eleito para suceder o Papa
Hilário. Tinha larga experiência no serviço pastoral e social da
Igreja e uma vantagem: ter convivido com o Papa Leão Magno, depois
proclamado santo e doutor da Igreja, que deteve a invasão de Átila,
o rei dos bárbaros hunos. Ao Papa Simplício, nunca faltou coragem,
fé e energia, virtudes fundamentais para o exercício da função. Ele
soube manter vivamente activas as grandes basílicas de São Pedro,
São Paulo Fora dos Muros e São Lorenço, que a partir do seu
pontificado passaram a acolher os católicos em peregrinação aos
túmulos dos Santos Apóstolos. Depois construiu e fundou muitas
igrejas novas, sendo as mais famosas aquelas dedicadas a São Estevão
Rotondo e a Santa Bibiana. Trabalhou para a expansão das dioceses e
reafirmou o respeito à genuína fé em Cristo e à Igreja de Roma.
Os
escritos antigos registram suas várias cartas à bispos, orientando
sobre a forma de enfrentar o nestorianismo e o monofisitismo, duas
heresias orientais que na época ameaçavam a integridade da doutrina
católica e vinham se espalhando por todo o mundo cristão. Mas o Papa
Simplício se manteve activo ao lado do povo, ensinando, pregando,
dando exemplo de evangelizador, apesar dessas e outras dificuldades.
Além disso mostrou respeito a todo tipo de expressão da arte; foi
ele que ordenou para serem colocados à salvo da destruição dos
bárbaros os mosaicos considerados pagãos, da igreja de Santo André.
Morreu, amado pelo povo e respeitado até pelos reis hereges, no dia
10 de Março de 483. Suas relíquias são veneradas na sua cidade
natal, Tivoli, Itália.
Foi
assim que Roma, graças à actuação do Papa Simplício, apesar de
assolada por hereges de todas as crenças e origens, deixou de ser a
Roma dos Césares passando a ser a Roma dos Papas e da Santa Sé.
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