COMENTÁRIO A UM “POST” NO FACEBOOK
Li no
Facebook um comentário que me interpelou – entre muitos outros – e
que transcrevo a seguir:
«E
as condutas que escolhemos podem todas irem ao encontro duma
verdade: Temos que ver e frequentar tudo para dar o verdadeiro
testemunho de amor a DEUS, JESUS e MARIA...»
Mas de
quais “condutas” aqui se fala? E porque iriam “ao encontro duma
verdade”? Mas qual verdade?
As
“condutas” ou maneira de “conduzir” a sua própria vida, nada mais
são do que um ”mito”, porque todas as “condutas” são permitidas por
Deus que, respeitando a liberdade de cada ser humano, deixa que este
“escolha” livremente a “conduta” que pensa ser melhor para ele. Esta
livre “conduta” permite igualmente a cada ser humano de ir “ao
encontro duma verdade”, ou pseudoverdade até que o mesmo ser, tendo
atingido essa “verdade” possa ajuizar do bom ou mau fundamento da
mesma e, muitas vezes o desencanto é total e o arrependimento
salutar, o que me permite afirmar que Deus é o único a saber tirar o
bem dum mal.

Jesus disse:
«Eu sou o Caminho, a Verdade
e a Vida.» (Jo.
14,6) Fora deste “Caminho” só existem veredas; fora desta “Verdade”
só existem mentiras e, fora desta “Vida” só existe a morte.
A meu
ver – e digo-o humildemente – só existe uma “Verdade” e essa verdade
só tem um “Caminho” e um fim… A verdade é Deus e o caminho é aquele
que conduz à eternidade, feliz ou infeliz. Mas quando se procura
Deus com amor e humildade, esse “Caminho” só pode conduzir a Deus.
E,
digam-me uma coisa: quem escolhe? Quem é senhor das suas próprias
“condutas” ou “escolhas”?
A
intuição de Deus não permite “escolhas” particulares, salvo dizer
sim ou não, o mesmo que é dizer: escolher o bem ou o mal. Portanto,
sejamos honestos e compreendamos que a “escolha” não é uma panóplia
de diversas soluções, mas apenas de duas: “escolher” Deus ou o
diabo.
«Quem tem ouvidos para
ouvir, oiça!»
(Lc. 8,8)
Mesmo
que pareça estranho a muitas almas, esta é a verdade nua e crua! Na
vida espiritual não existem meios-termos: ou se ama ou se odeia
Deus!
Os tímidos ou indecisos, não são agradáveis a Deus, porque não sabem
quem escolher, não sabem qual caminho tomar e ficam, na maior parte
das vezes, na encruzilhada dos caminhos, esperando que o vento os
empurre para um ou outro lado… Parecem cegos, aos quais Jesus
aconselha: «Examina,
pois, se a luz que há em ti não é escuridão.»
(Lc. 11,35)
Amar a
Deus não é de maneira nenhuma escolher a facilidade, porque o amor a
Deus — como aliás o amor entre criaturas! — implica sofrimento,
porque não existe amor sem dor!
«Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me.»
(Lc. 9,23)
Mas
continuemos a análise daquela pequenina frase:
“Temos que ver e frequentar tudo para dar o verdadeiro testemunho de
amor a DEUS”…
Mas
frequentar o quê? E porque razão “TUDO”?
Este
“TUDO” é abstracto e incerto. Este “TUDO” pode também significar que
devemos experimentar outras religiões, outras crenças, outros
paradigmas que nada podem ter a ver com a nossa fé, uma fé que só é
verdadeira quando “ancorada” e “escorada” em Deus e só em Deus.
Ir
“comer noutras gamelas” – perdoem a expressão – para “dar
testemunho”, é simplesmente incoerente e contrário à própria fé,
porque quando se crê verdadeiramente em Deus, “Deus basta”, como tão
bem o disse santa Teresa de Ávila.
Como se
pode “dar um verdadeiro testemunho de amor” se não soubermos
amar?
O autor
explicita bem: “verdadeiro testemunho”! Mas para dar um
verdadeiro testemunho é necessário saber do que se fala, da
experiência que se fez e dos resultados obtidos. Para testemunhar
verdadeiramente é necessário saber dizer a verdade e não dizer
apenas aquilo que nos convém, porque isso é travestir a própria
verdade — como fez Pilatos ao condenar Jesus —, mais simplesmente: é
mentir e a mentira é um “testemunho” do diabo.
Sejamos
sérios no que afirmamos, porque dar testemunho, em matéria
religiosa, é dizer a verdade, a verdade que vem duma só e única
fonte: DEUS.
«Quem é de Deus escuta as
palavras de Deus; vós não as escutais, porque não sois de Deus.»
(Jo. 8,47)
Estas
palavras de Jesus são mais claras do que a água cristalina saindo da
fonte!
É
também verdade e apropriada esta outra frase de Jesus:
«Não há árvore boa que dê
mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto.»
(Lc. 6,43)
Portanto, para que sejamos verdadeiros filhos de Deus, deixemo-nos
de “frequentar tudo”, porque nem todas as “frequentações” são boas
para as nossas almas e o “tudo” ainda menos, porque “tudo” é nada,
aos olhos de Deus.
Ter
dúvidas passageiras não é um pecado, mas um sofrimento por vezes
útil à alma, quando esta se encontra nas trevas. Mas mesmo nesta
situação — que é dolorosa — podemos meditar o que Jesus nos diz:
«Se todo o teu corpo está
iluminado, não tendo parte alguma tenebrosa, todo ele será luminoso,
como quando a candeia te ilumina com o seu fulgor.»
(Lc. 11,35-36)
Deixemo-nos iluminar pela lâmpada da verdadeira fé que brilha em
nossas almas e seremos outros tantos luminares a brilhar no
firmamento de Deus que sendo Amor, nos faz arder no Amor infinito do
seu divino Coração.
Afonso
Rocha |