ALEXANDRINA E A JUVENTUDE
Página mensal por José Ferreira – Janeiro de 2006
A Beata Alexandrina considerava Santa Teresinha sua «irmã espiritual» e dedicou-lhe particular devoção. Aliás acamou no ano em que Santa Teresinha de Lisieux foi canonizada e esta apareceu-lhe várias vezes, duas no dia em que reviveu pela primeira vez a Paixão. O dia litúrgico da Alexandrina, 13 de Outubro, é muito próximo do da Teresinha, 3 de Outubro… Neste princípio de 2006, quando as Relíquias de Santa Teresinha vieram recentemente a Portugal, veja-se, para começar, este fragmento do colóquio da Alexandrina do dia de 13 de Outubro de 1947:
― Minha irmã, esposa do Meu Esposo e filha do Meu Senhor, tem coragem! Que grande glória te espera no Céu! Que formosa coroa formada do teu martírio! Sofre com alegria, conta com a minha protecção aqui na terra e virei ao teu encontro na passagem para a eternidade. - Santa Teresinha, minha querida Santa Teresinha, confio em ti, conto com a tua protecção, ama por mim a Jesus e à Mãezinha e a toda a Santíssima Trindade. Apresenta-Lhes todos os meus pedidos e alcança para todos os que me são queridos e toda a minha família as bênçãos e graças do Céu. Lembra-te de todos os que se me recomendam, lembra-te do mundo inteiro. Com a promessa de sim, de nada esquecer, desapareceu».
O texto é esclarecedor: Santa Teresinha começa por chamar-lhe «irmã» e só depois vem tudo o resto, que é muito: «virei ao teu encontro na passagem para a eternidade». Foi no dia de Santa Teresinha que a Alexandrina reviveu pela primeira vez a Paixão. E a repetição do facto, bem o sabemos, foi determinante para se chegar à consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, o que deveria deixar encantada a Teresinha. Em No Calvário de Balasar, o Padre Pinho refere-se assim àquele dia:
— Aceitas, minha filha, um calvário que Eu só dou às minhas esposas mais predilectas? E, ouvido de novo o sim generoso, anuncia-lhe então Jesus, como na véspera, que depois das 12 horas começará a sua paixão do Horto ao Gólgota e terminará às 3 da tarde. Depois ficará Ele com ela em colóquio a desabafar as suas mágoas, até às 6 da tarde. Na verdade, tudo se realizou assim e os presentes vimos desenrolar-se o drama da Paixão do mais ao vivo que era possível: Horto... prisão... tribunais... flagelação... caminho do Calvário... Crucifixão... Morte.» Apetece recordar aqui como respondeu Santa Teresa de Ávila a Jesus que lhe dizia que era assim, mergulhando-os no sofrimento, que tratava os seus amigos: «Não admira que tenhais tão poucos!» Mas este foi o caminho real de Redenção, o do amor louco pelos homens. A Alexandrina evoca assim na Autobiografia a sua primeira vivência da Paixão: «Depois do meio-dia, veio Nosso Senhor convidar-me assim: ― Olha, minha filha, o Horto está pronto e o Gólgota também, aceitas? Senti que Nosso Senhor me acompanhou por algum tempo no caminho do Calvário, depois senti-me sozinha, vendo-O a Ele lá no alto, em tamanho natural, pregado na cruz. Percorri todo o caminho do Calvário sem O perder de vista… era junto d’Ele que eu tinha de ir parar. Vi por duas vezes Santa Teresinha. Na primeira vez, vi-a vestida de freira, entre duas irmãs, à porta do Carmelo. Na segunda, vi-a cercada de rosas e envolvida num manto celestial.» Se a Teresinha era imã, como havia aqui de faltar neste momento de tamanha importância? Certamente dois dos temas comuns à Teresinha e à Alexandrina são o canto do amor e o de Nossa Senhora. Veja-se agora este poema da Crucificada de Balasar:
E, para concluir, duas estrofes do poema Viver de Amor, da Teresinha:
|