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ARTIGOS SOBRE A ALEXANDRINA

 
 
 
 

O pai da Beata Alexandrina

 
 

António Gonçalves Xavier

É sabido de todos que a mãe da Beata Alexandrina, Maria Ana da Costa, não chegou a casar com o homem que prometendo casamento lhe fez duas filhas: Deolinda e Alexandrina.

Este senhor, António Gonçalves Xavier, era natural de Vila Pouca, lugar da freguesia, vizinho de Gresufes, onde as duas meninas nasceram.

Alexandrina, Deolinda e Çãozinha

Mas, para melhor compreendermos o que se passou, deixemos a palavra a Deolinda, que no depoimento de 1965, feito ao Padre Humberto Pasquale que estava a recolher elementos para o Processo Informativo Diocesano, declarou:

«Da minha mãe tive as informações sobre o meu pai que agora exponho.

Era um aventureiro: foi várias vezes ao Brasil. A minha mãe tinha ido para as Termas do Gerês, para cura, e foi lá que o conheceu. Quando a minha mãe se deu conta que estava grávida (da própria Deolinda que nascerá em 21 de Outubro de 1901) ele já tinha voltado para o Brasil. Escreveu-lhe para lhe dar a notícia e ele respondeu-lhe: - Quando voltar, casamos… - E escolheu ele mesmo os padrinhos (de baptismo).

Voltou do Brasil quando eu já tinha os meus dois anos e começou a andar de novo atrás da minha mãe. Mas como a família (dela) se opunha, ela disse-lhe claramente que naquelas condições não podia casar… Então ele apresentou-se à minha avó e ao meu tio Joaquim e combinou o matrimónio: estavam já a procurar casa quando ele teve de ir para a Póvoa para se curar duma doença contraída no Brasil…

Um dia que a minha mãe tinha ido a Vila do Conde vender hortaliça, no regresso passou pela Póvoa onde tinha marcado um encontro com ele para o informar de que estava novamente grávida (nascerá a Alexandrina). Mas da casa donde tinha saído o meu pai saiu também uma mulher que lhe disse: – Xavier, as minhas tesouras não estarão no teu quarto? – A minha mãe teve assim a confirmação das vozes que já corriam. Xavier protestou que eram tagarelices. Mas na verdade em pouco tempo casou com aquela mulher da Póvoa.

A minha mãe chorou lágrimas amargas e desde então, por toda a vida, vestiu-se quase sempre como uma viúva e dedicou-se exclusivamente à educação das duas filhas…»

No seu belo livro “Filha da dor, mãe do amor”, a escritora italiana, Eugénia Signorile, explica:

«No que respeita à vida espiritual da mãe, lemos o depoimento feito ao Padre Humberto Pasquale por Maria da Conceição Leite Reis Proença, que será professora em Balasar a partir de 1932 e que era afectuosamente chamada pelo diminutivo de Çãozinha. Foi íntima amiga de Alexandrina: depois de 1932 visita-a quase diariamente e recebe muitos dos seus ditados dos Diários.

“A mãe da Alexandrina reparou de modo edificante os erros da sua juventude. Ou melhor, com a caridade para com todas as pessoas, que a conheciam como mulher de grande coração; depois com uma vida de intensa piedade. Levantava-se cedíssimo. Todos os dias pelas 5 da manhã entrava na igreja, da qual tinha a chave. Quando começava a S. Missa, ela já há duas horas estava de joelhos frente ao Santíssimo. Assim fez enquanto as forças lho consentiram”.»

Deolinda também testemunhou sobre a acção de sua mãe. Vejamos:

«A minha mãe ensinou-nos a trabalhar desde pequenas. A sua caridade era conhecida de todos, tanto que o pároco de então disse: – Quando esta senhora morrer, senti-lo-á toda a paróquia. – De facto não havia doente que ela não socorresse. Vinham chamá-la até de noite e ela acorria porque sentia pena. Assistia os moribundos; recitava as orações da agonia; vestia os mortos. Mais, sendo uma boa cozinheira, era chamada per os jantares nos baptizados e nas bodas, como também na residência por ocasião de pregações.»

Afonso Rocha

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