Um lugar e uma vidente
Montichiari – e
o pequeno burgo de Fontanelle a esta anexado – é uma pequena vila do
norte da Itália, situada aos pés dos Alpes e a 20 km de Brescia,
cidade episcopal.
O
hospital da vila era servido pelas irmãs Servas da Caridade,
comunidade religiosa fundada por santa Maria Crucifixa di Rosa.
No meio
destas religiosas se encontrava uma leiga que ali fora recebida por
caridade e que exercia o cargo de enfermeira. Chamava-se Pierina
Gilli (pronunciar Djili).
Esta,
desde 1944, começou a beneficiar de aparições da Santa fundadora da
Comunidade, como se a bondosa Santa a preparasse para factos mais
importantes.
Pierina
nasceu em 3 de Agosto de 1911 em Montichiari, vindo a falecer
santamente no dia 12 de Janeiro de 1991
na localidade de Broschetti, depois de ter “visto” numerosas
vezes o belíssimo rosto da Mãe de Deus.
Primeira aparição
Esta
primeira aparição aconteceu na primavera de 1947.
Nossa
Senhora, cuja beleza é indiscritível, trazia um vestido violeta e um
véu branco na cabeça. Ela mostrou-se muito triste e os seus olhos
estavam cheios de lágrimas que caiam no chão. O seu peito estava
trespassado por três espadas. A Mãe de Deus disse-lhe apenas:
“Oração, penitência, reparação”.
Depois
destas três palavras, nada mais disse.
Segunda aparição
Pierina
estava no hospital, como da primeira aparição. Era domingo e a
Virgem Maria apresentou-se a ela…
Mas
deixemos que a vidente ela mesma nos conte:
«Eram mais ou menos quatro
horas da madrugada do dia 13 de Julho de 1947, e eu estava no quarto
do hospital de Montichiari.
Estava rezando, pois havia sido
avisada por Santa Maria Crucifixa da vinda de Nossa Senhora. Algumas
irmãs estavam presentes.
A certo momento, chegou Santa
Crucifixa, que me convidou para rezar o Acto de Contrição. Depois de
alguns minutos de silêncio, voltou a sua cabeça para o lado direito
como se esperasse a vinda de alguém. Novamente ouvi um suave ruído,
como uma suave brisa batendo numa pessoa, trazendo uma verdadeira
alegria, sem saber porquê.
Logo após esse doce aviso, vi
uma luz belíssima, muito brilhante, rasgando-se ao meio como uma
nuvem que deixa transparecer os raios de sol. No meio dessa luz, vi
aparecer uma belíssima senhora vestida de branco, como se o vestido
fosse feito de um cetim finíssimo; no mesmo resplendor do cândido
vestido vi reflexos de luz prateada.
Um manto também de cor branca,
amarrado de baixo do queixo, descia da cabeça até os pés, deixando
entrever sobre a testa fios de cabelos ondulados de cor
castanho-claro. O manto e o vestido tinham a mesma candura e as
bordas eram levemente bordadas de ouro. Digo bordadas porque tinham
as características de um bordado, mas eram formadas de outra
transparência de luz, cor de ouro, dando a impressão de se tratar de
um bordado.
Em sua presença, não fiquei
envergonhada por estar repleta de pecados. Pelo contrário, o seu
olhar de bondade espalhou em minha alma uma alegria tão grande que
exclamei: “Oh! Como és linda!” Desejava aproximar-me dela
para que me levasse para o Paraíso.
Por meio de seu olhar, entendi
que esse meu desejo não seria realizado. Então, fui a primeira a
falar. Apesar de ter certeza de estar diante de Nossa Senhora,
perguntei: “Por favor, pode dizer-me quem é?” Ela sorriu com
complacência. A sua atitude majestosa era um convite à confiança.
Com grande doçura, respondeu-me:
“Eu sou a Mãe de Jesus e a Mãe
de todos vós”.»
Depois
desta afirmação da Virgem Maria, Pierina, arrebatada pela beleza da
Mãe de Deus, escreve ainda para o seu Diário:
«Quão magnífico era o rosto de
Nossa Senhora! De todas as pessoas que conheci, nenhuma possuía
rosto semelhante. Era muito belo, com traços delicados, róseo e
olhos escuros. Não sei dizer qual era a sua idade. O seu semblante
não era de mocinha. O seu rosto era jovem, majestoso. Calculo que
deveria ter entre vinte, vinte e cinco ou até trinta anos pela sua
personalidade.
Enquanto estava falando, Nossa
Senhora abriu os Braços que até então estavam unidos. Anteriormente,
ao realizar esse gesto, e ao mesmo tempo abrindo o manto, mostrava
me as espadas cravadas no peito, mas agora não estavam mais lá! No
seu lugar, destacavam-se três lindíssimas Rosas de cor branca,
vermelha e amarela com reflexos dourados. Abaixei o olhar
espontaneamente e vi no chão as três espadas aos pés de Nossa
Senhora, no meio de muitas rosas da mesma cor daquelas que estavam
sobre seu peito.
Levantando novamente meu olhar,
observei que as rosas do peito tinham-se ramificado e formado um
nicho.
Nossa Senhora se encontrava no
meio daquele lindíssimo roseiral. Foi a primeira vez que a vi fora
da luz.
Quanta alegria invadiu o meu
coração ao vê-la sem as espadas cravadas no coração!
Retomou a palavra com um tom de
voz de autoridade, que nos transmitia uma ordem recebida de Deus.
Disse:
“Nosso Senhor envia-me para
trazer uma nova devoção mariana a todos os institutos e congregações
religiosas masculinas e femininas, e também aos sacerdotes
seculares. Prometo a todos os institutos ou congregações que me
honrarem que serão por mim protegidos, terão maior florescência de
vocações e menos vocações traídas, menos pessoas que ofendem ao
Senhor com o pecado mortal e grande santidade entre os ministros de
Deus. Desejo que o dia 13 de cada mês seja celebrado como um dia
mariano. Este dia deve ser precedido de doze dias de preparação, com
orações especiais.”
Então – continua Pierina no seu
Diário – eu pedi uma explicação sobre os sacerdotes seculares. De
facto, para mim, frades e padres eram a mesma coisa. Num mesmo
instante, Nossa Senhora esboçou um sorriso de complacência, que
transmitia confiança, e respondeu-me:
«Os sacerdotes seculares são
aqueles que vivem em suas casas, mesmo sendo ministros de Deus,
enquanto os outros vivem nos mosteiros ou congregações.»
O seu olhar ergueu-se e
espalhou-se como para abraçar algo longe. Sempre sorrindo, continuou
a falar:
“Nesse dia eu farei descer
sobre os institutos ou congregações religiosas e sobre os sacerdotes
seculares que me honrarem muitas graças e santidade de vocações.
Desejo que o dia 13 de Julho de cada ano seja festejado em honra da
‘Rosa Mística’”
Neste momento, parecia que a
rosa branca que estava sobre seu peito brilhava com maior
intensidade, como que para confirmar o seu significado.»
Então Pierina perguntou se Ela
faria um milagre. A Mãe de Deus respondeu:
“O milagre mais evidente
consistirá nisto: As almas consagradas, que desde há muito tempo e
especialmente durante a guerra, perderam seu fervor primitivo,
traindo sua própria vocação e merecendo, por seus graves pecados,
castigos e perseguições, como está acontecendo actualmente na
Igreja, cessarem de ofender gravemente a Deus e voltarem a reviver o
primitivo espírito dos seus santos Fundadores.”
«Depois de dizer essas
palavras – diz ainda Pierina no deu Diário –, Nossa Senhora ficou em
silêncio e passou a palavra para Santa Crucifixa, que se expressou
gentilmente.
Enquanto Santa Maria Crucifixa
falava e fazia as últimas recomendações, Nossa Senhora, ainda mais
sorridente e muito humilde, parecia dizer que sua tarefa de
mensageira estava terminada, mas com um pequeno sinal acenava para
se cumprir o que Santa Maria Crucifixa recomendava. Vagarosamente, a
luz enfraqueceu e a linda figura de Nossa Senhora e a de Santa Maria
Crucifixa desapareceram do meu olhar.»
Depois desta segunda aparição,
outras se sucederam, tanto em Montichiari como em Fontanelle.
As três espadas
Na
primeira aparição, Nossa Senhora trazia cravadas no peito enormes
espadas. Juntamente com a Virgem Santíssima, apareceu Santa Maria
Crucifixa que explicou para Pierina o significado das três espadas:
- a 1ª
simboliza a ruína da vocação sacerdotal e religiosa;
- a 2ª
simboliza a vida pecaminosa que muitos sacerdotes levam;
- a 3ª
simboliza a traição de Judas e o ódio contra a Igreja e dos
sacerdotes que se tornam indignos de exercer seu ministério.
As três rosas
Na
aparição seguinte dia 13 de julho de 1947, Nossa Senhora aparece com
três lindíssimas rosas no lugar das espadas, de cor branca, vermelha
e amarela dourada, que significam:
- Rosa
branca indica o espírito de oração;
- Rosa
vermelha indica o espírito de sacrifício e de abnegação;
- Rosa
amarela dourada indica o espírito de penitência.
A
Virgem Maria, durante as diversas aparições, ensinou igualmente
várias orações e devoções.
Afonso
Rocha
FONTES: Diversas em Francês, português e italiano.
Para
mais informações sobre estas orações e devoções, vejam no site:
http://www.nospassosdemaria.com.br/Datas%20Marianas/Festas-0713-NSRosaMistica.html |