Um dia
Salomé, acompanhada dos seus dois filhos Tiago e João, compareceu em
frente a Nosso Senhor, e suplicou-lhe que fizesse seus filhos
assentarem-se “um
à sua direita, e outro à sua esquerda”
em seu reino. O Messias perguntou-lhes:
“Podeis
beber o cálice que tenho que beber?”,
significando sua Paixão e morte.
Os dois discípulos responderam afirmativamente, mostrando sua
resolução de morrer por seu Evangelho. Essa predição ocorreu
literalmente com São Tiago, quando Herodes o fez morrer decapitado
por causa da religião que ele pregava.
Quanto
a São João, ele amava tão ternamente a Nosso Senhor, que se pode
dizer que bebeu o cálice do Senhor quando teve que assistir à sua
crucifixão. Mas ele teve depois, sob Domiciano, o cumprimento de sua
promessa ao enfrentar também o martírio por Nosso Senhor Jesus
Cristo.
A
primeira perseguição cristã, que principiou com Nero, cessou no ano
de 69. Durante mais de vinte anos, sucedendo-se no império Galba,
Otão, Vitélio, Vespasiano e Tito, os fiéis viveram em paz em toda a
extensão do Império Romano.
Tendo a
Santíssima Virgem, como diz a tradição, subido aos céus pelo ano de
42, São João ficou estabelecido na cidade marítima de Éfeso. Lá ele
estava quando subiu ao trono imperial Domiciano (81-96). Durante os
primeiros anos do governo deste imperador, os cristãos viveram
tranquilos. Mas, no 14º. ano de seu reinado, Domiciano enfureceu-se
contra eles, não sabemos a causa, e renovou as perseguições de Nero.
Muitos cristãos foram condenados à morte.
São
João Evangelista vivia então. Era encarregado do governo de todas as
igrejas da Ásia, e gozava de grande reputação, tanto por sua
eminente dignidade, quanto por suas virtudes e milagres. Apesar
disso, ele foi aprisionado, e levado para Roma no ano 95. De acordo
com o testemunho de Tertuliano, comparecendo o Santo diante do
Imperador este, apesar da venerabilidade de São João já ancião, o
condenou a ser lançado numa caldeira de óleo fervente, conforme o
bem informado de Tertuliano, Eusébio e São Jerónimo. Com toda a
probabilidade, o ímpio imperador o fez antes açoitar cruelmente.
Deus se
contentou da disposição do confessor da fé, conservando-lhe
entretanto o mérito e a honra do martírio: Ele suspendeu a
actividade do fogo, e conservou-lhe a vida, como outrora aos três
meninos na fornalha de Babilónia.
Diz a
tradição, que o Apóstolo saiu da fornalha mais forte e
rejuvenescido, como dizem Tertuliano e São Jerónimo.
Diante
do milagre o tirano, em vez de comover-se, mandou que exilassem o
santo apóstolo para a ilha de Patmos, onde São João escreveu o seu
Apocalipse. No ano seguinte, tendo falecido Domiciano, Nerva, que
tinha boas qualidades e era naturalmente pacífico, tomou as rédeas
do Império, e São João ficou com liberdade de sair de seu exílio e
voltar a Éfeso, onde morreu em extrema e gloriosa ancianidade.
O
Martirológio Romano, em entrada neste dia, diz: “Em Roma, o suplício
de São João, apóstolo e evangelista, diante da Porta Latina.
Domiciano mandara conduzi-lo preso de Éfeso para Roma onde, por
ordem do Senado, o meteram, diante dessa Porta, numa caldeira com
óleo a ferver. Mas ele saiu dali mais moço e forte do que era antes
de nela entrar”.
Fonte:
https://ipco.org.br/06-05-martirio-de-sao-joao-na-porta-latina/ |