Evangelho e Tradição
Esta
festa do martírio de São João Baptista teve a sua origem no século
V, na França; e no século VI, em Roma. Está ligada — segundo certos
historiadores — à dedicação da igreja construída em Sebaste, na
Samaria, sobre o que é considerado como sendo o túmulo do santo
Precursor de Jesus Cristo.
No
Evangelho de São Mateus encontramos várias alusões sobre São João
Baptista, pouco antes de ser martirizado:
«Ora
João, que estava no cárcere, tendo ouvido falar das obras de Cristo,
enviou-lhe os seus discípulos com esta pergunta: “És Tu aquele que
há-de vir, ou devemos esperar outro?” Jesus respondeu-lhes: “Ide
contar a João o que vedes e ouvis: Os cegos vêem e os coxos
andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos
ressuscitam e a Boa-Nova é anunciada aos pobres. E
bem-aventurado aquele que não encontra em mim ocasião de
escândalo”.» (Mt. 11, 2-6).
No
mesmo Evangelho, e no mesmo capítulo, o Apóstolo escreveu ainda:
«Depois
de eles terem partido, Jesus começou a falar às multidões a respeito
de João: “Que
fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes
ver? Um homem vestido de roupas luxuosas? Mas aqueles que usam
roupas luxuosas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes,
então, ver? Um profeta? Sim, Eu vo-lo digo, e mais que um profeta. É
aquele de quem está escrito:
Eis que envio o meu mensageiro diante
de ti, para te preparar o caminho.
Em verdade vos digo: Entre
os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João
Baptista; e, no entanto, o mais pequeno no Reino do Céu é maior do
que ele.
Desde o
tempo de João Baptista até agora, o Reino do Céu tem sido objecto de
violência e os violentos apoderam-se dele à força. Porque todos os
Profetas e a Lei anunciaram isto até João. E, quer acrediteis ou
não, ele é o Elias que estava para vir. Quem tem ouvidos, oiça!”»
(Mt. 11, 7-14)
Mais
adiante, o mesmo Evangelista conta como aconteceu o martírio do
Santo Percursor:
«Herodes
tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de
Herodíade, mulher de seu irmão Filipe. Porque João dizia-lhe: “Não
te é lícito possuí-la.” Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo
do povo, que o considerava um profeta. Ora, quando Herodes festejou
o seu aniversário, a filha de Herodíade dançou perante os convidados
e agradou a Herodes, pelo que ele se comprometeu, sob juramento, a
dar-lhe o que ela lhe pedisse. Induzida pela mãe, respondeu: “Dá-me,
aqui num prato, a cabeça de João Baptista.”
O rei
ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados, ordenou que
lha trouxessem e mandou decapitar João Baptista na prisão.
Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a
levou à sua mãe. Os discípulos de João vieram buscar o corpo e
sepultaram-no; depois, foram dar a notícia a Jesus. (Mt. 14, 3-12).
São
João Baptista tinha denunciado a devassidão de
Herodíade, por isso mesmo esta tinha contra o Precursor um ódio
visceral. Aproveitou a ocasião desta dança da filha que —
agradou a
Herodes
— para conseguir os seus intentos: fazer calar para sempre aquele
que denunciava publicamente a sua má vida. |