Filha de um
mestre padeiro, Florêncio Guyart, e de Joana Michelet, Maria Guyart,
nasceu em Tours, França, no dia 28 de Outubro de 1599.
Dotada
de grande memória, sobretudo para as coisas de Deus, ainda criança
repetia, no final da Missa, a homilia escutada com toda a atenção.
Aos sete anos, depois de uma experiência mística, manifestou o
desejo de ser religiosa. Mas os pais casaram-na aos dezassete anos
com Cláudio Martin, fabricante de sedas. Têm um filho e, aos vinte
anos, enviuvou.
Após pagar as
dívidas do marido, que entrara em falência, fez-se bordadeira; e
novamente sente o desejo de se consagrar totalmente a Deus. Vai para
casa da irmã e trabalha numa empresa de transportes terrestres e
marítimos, dirigida pelo cunhado. Rapidamente chega a chefe de
administração, coisa bastante inusitada na época.
Embora
empenhadíssima nas suas várias actividades, Maria mantém sempre uma
estreita visão de Deus em uma vida activa e contemplativa. Mas o
antigo sonho continua vivo em sua alma e, no dia 21 de Janeiro de
1631, ingressou no convento das Ursulinas de Tours, depois de
entregar o filho aos cuidados da irmã.
Quem não ficou
satisfeito foi o pequeno que rodeado de uma chusma de colegas pensa
ir libertar a mãe, mas nem puderam entrar. Quando adulto, fez-se
beneditino e entendeu o procedimento daquela de quem foi o primeiro
biógrafo, já que tinha conhecido seu misticismo e suas virtudes.
Maria Guyart
tomou o véu em 25 de marco de 1631, com o nome de Maria da
Encarnação; e professou em 25 de Janeiro de 1633. Foi logo indicada
para Mestra de Noviças.
Em 1622, o Papa
Gregório XV havia instituído a Congregação de “Propaganda Fide” para
ajudar os missionários que partiam para as terras longínquas,
especialmente o Novo Mundo.
Iluminada por um
sonho, Maria percebe que o Senhor a deseja no Canadá. Iniciou uma
correspondência com os missionários jesuítas do Canadá, e em 1639
entrou em contacto com Madame de la Peltrie, uma viúva de Alençon,
que pensava fundar um convento em Quebec para a educação das meninas
índias.
Em 22 de
Fevereiro de 1639, Maria deixou Tours e foi para Paris, na companhia
da jovem Irmã Maria de S. José, preparando-se para a fundação.
Em 1639, depois de
tormentosa viagem, chegou finalmente à terra do seu destino, onde
grassava uma epidemia de varíola. É a primeira missionária dessa
região. Sem nada temer, lança-se na evangelização dos índios cujas
línguas aprende rapidamente. Ensina os pequenos por meio de
catecismos que ela própria traduziu – um na língua dos Hurões, outro
na dos Iroqueses e ainda outro na dos Algonquins – depois de compor
vários dicionários daqueles dialectos.
Nos anos de 1642 a
1649, oito missionários foram martirizados e, diante do perigo,
convidaram Maria a voltar para a França, mas ela não quis abandonar
o Canadá. Depois de construir o convento, em 1642, dirige-o, com uma
competência assombrosa, e aí permaneceu por trinta anos. Em maio de
1653 foi inspirada a se oferecer em holocausto a Deus para o bem
daquela terra.
Seu dinamismo
apostólico não lhe roubava o espírito contemplativo nem o tempo de
oração. Em 1669, foi dispensada da responsabilidade de Superiora
devido suas condições de saúde, que continuaram a agravar-se, e, no
dia 30 de Abril de 1672, faleceu em Quebec, aquela que foi exemplar
como esposa, mãe, viúva, directora de empresa, freira, mística,
missionária, mestra de religiosas, numa mescla admirável de dotes
naturais e divinos, deixando uma comunidade de cerca de 30
religiosas, das quais se originou as Ursulinas do Canadá.
As suas relíquias
repousam no Oratório da Capela das Ursulinas de Quebec e por seu
papel de mestra de vida espiritual e promotora das obras
evangelizadoras goza de tal estima na história canadense, que é
considerada a “mãe” da Igreja Católica do Canadá.
Madre Maria da
Encarnação Guyart foi beatificada em 22 de Junho de 1980. |