Ao
longo da história da Igreja, o Povo de Deus, lembrado das palavras
de Maria: "Todas as gerações me chamarão
de
Bem-aventurada porque fez em mim grandes coisas o Poderoso" (Lc 1,
48) e reflectindo na grandeza de Nossa Senhora pela sua
cooperação no plano da salvação, foi como que enriquecendo o seu
manto com títulos, que demonstram a confiança, o amor dos filhos
para com a Mãe.
Na
criação do mundo, a primeira mulher, Eva, atrapalhou o plano Divino
original, e trouxe a desordem para a natureza, que até hoje
lembramos como pecado original. Naquele tempo, porém "Deus
mostrou misericórdia a nossos pais" (Lc 1, 72), prometendo
enviar outra mulher, Maria de Nazaré, para restaurar e salvar o
mundo por seu filho, Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, único,
capaz para reconciliar-nos com Deus Pai e Nosso Criador.
Essa
criatura amada e pensada pela Divina Providência é Maria, cheia de
graça, como o Anjo Gabriel lhe disse naquele tempo:
"Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois entre todas
as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre".
Maria respondeu com humildade: "Eis aqui a serva do Senhor,
faça-se em mim de acordo com o que você me falou" (Lc 1, 26-38).
Esse
SIM, humilde e generoso, mudou a história da humanidade,
contribuindo em grau eminente na salvação da humanidade, caído pela
rebelião de Adão e Eva, e elevado pela Maria Santíssima e seu Filho
Jesus, Salvador.
São
João Bosco, fundador da Congregação Salesiana, espalhou a
devoção a Nossa Senhora invocada em todo mundo com este título:
AUXILIADORA, que lembra a perene protecção de Maria Santíssima,
sobre a Igreja e sobre o Papa. Os fiéis intuíram a intervenção
sobrenatural de Nossa Senhora, invocada como AUXILIADORA e na Obra
de Oratório, com muito acerto chamaram-na "A VIRGEM DE DOM BOSCO."
Já em
1824, Joãozinho Bosco, criança de 9 anos, como ele mesmo conta, teve
o primeiro sonho profético, em que lhe foi manifestado o campo do
seu futuro apostolado e ouviu a voz misteriosa do Senhor dizer-lhe:
"DAR-TE-EI A MESTRA." E logo, apareceu a Senhora de aspecto
majestoso que o animou a trabalhar, para corrigir o comportamento
dos meninos malcriados.
Nossa
Senhora apareceu frequentemente nos sonhos de Dom Bosco e foi a
estrela do seu apostolado. Ele a chamava Mãe e sustentadora,
socorrendo a Congregação Salesiana, especialmente toda vez que
precisava-se auxílio extraordinário para atender as necessidades dos
meninos pobres e abandonados, não só materiais, mas sobre tudo
quando suas almas corriam perigo.
E,
durante toda a sua vida Dom Bosco foi incansável em fazê-la
conhecer, amar e honrar. Discursos, conferências, livros, festas:
seriam necessários muitos volumes e muito tempo para recordar todas
as iniciativas de seu fervor mariano.
Com a
construção da Basílica de Maria Auxiliadora de Turim, em 1868, o
Santo quis erguer um monumento eterno do seu amor e dos seus filhos
espirituais, à celeste Mãe. Teve sempre ternura de filho no seu amor
e no seu reconhecimento para com Ela, que o guiou e socorreu com a
sua visível e por vezes miraculosa protecção.
"Maria
Santíssima é minha Mãe – dizia Dom Bosco. Ela é minha tesoureira.
Ela foi sempre a minha guia." Em suas conferências Dom Bosco sempre
procurava responder a estas três perguntas:
Por
que a honramos? Por que a invocamos? Por que é Auxiliadora?
Porque
Ela é Mãe de Deus, Mãe de Jesus Cristo e nossa mãe.
A
Igreja nos ensina também que Maria é a Medianeira de todas as
graças. Porque Maria Santíssima, modelo perfeito de todas as
virtudes, nos ensina com seu exemplo como devemos imitar a seu
Divino Filho. Precisamente, na imitação das virtudes de Maria se
manifesta verdadeira nossa devoção. E estas virtudes de Nossa
Senhora, nós vamos encontrar nas páginas de Evangelhos: A
obediência, a humildade, a pureza de coração. Por motivos históricos
e litúrgicos, quando falamos de Maria Santíssima como Auxílio dos
Cristãos, logo Ela nos aparece como a Defensora da Igreja, da
Civilização cristã, do Papa, dos nossos Bispos e de todo cristão.
"Auxílio dos Cristãos."
Conhecida sob esse título e outros, como por exemplo: Nossa Senhora
Aparecida, Consolata, Virgem das Mercedes e da Czestochowa, como a
chamam os poloneses, fica sempre a mesma Mãe de Deus a quem todos
recorrem debaixo de sua protecção, para alcançar a união na fé e na
obediência ao vigário de Cristo. De modo que a Nossa Senhora é, não
só de Dom Bosco, mas também da Igreja, do Papa e de todos nós.
Para
recordar a presença activa de Maria na vida de Cristo, foram
surgindo ao longo dos séculos orações, como o "Anjo do Senhor e o
Rosário ou Terço de Nossa Senhora" que recordam constantemente aos
fiéis que a grandeza de Maria está em ser fiel ao seu Senhor. De
fato, a única preocupação da Santa Virgem Maria foi fazer a vontade
de Deus... é a criatura que melhor soube corresponder aos apelos do
Espírito Santo. Assim sendo, os cristãos sempre invocaram a Mãe de
Jesus em suas preces pedindo que ela fosse a intercessora diante de
Deus. Podemos dizer que o papel de Maria no céu é ser a Auxiliadora
do povo cristão diante de Deus: Auxiliadora dos Cristãos;
Auxiliadora do Papa; Auxiliadora da Igreja! "Salva o meu povo,
eis o meu desejo" (Cf. Est 7, 3).
Este
título: AUXILIADORA DOS CRISTÃOS foi introduzido na Ladainha de
Nossa Senhora pelo Papa São Pio V, após a vitória dos cristãos
obtida em Lepanto, vitória essa, conseguida graças ao auxílio de
Deus e de Nossa Senhora. Em 1571, Dom João, príncipe austríaco,
comandou os cristãos nessa batalha de Lepanto. São Pio V enviou para
o Imperador uma bandeira, na qual estava bordada a imagem de Jesus
crucificado. A preparação dos soldados consistiu em um tríduo de
jejuns, orações e procissões, suplicando a Deus a graça da vitória,
pois o inimigo não era apenas uma ameaça para a Igreja mas também
para a civilização. Tendo recebido a Santa Eucaristia, partiram para
a batalha. No dia 7 de outubro de 1571, invocando o nome de Maria,
Auxílio dos Cristãos, travaram dura batalha nas águas de Lepanto.
Três horas de combate foram necessárias... A vitória coube aos
cristãos, que ao grito de "Viva Maria", hastearam a bandeira de
Cristo.
Mais
tarde, por causa da libertação de Viena situada pelos turcos, no ano
de 1863, o rei da Polónia João III Sobieski, que chegou com as
tropas polonesas em auxílio para a cidade sitiada, confessou
humildemente ao Papa: "VENI, VIDI DEUS DEDIT VICTORIAM", (Cheguei,
vi, Deus deu vitória). Recordando a todos e atribuindo a Virgem
Maria tamanha graça. No início do século XIX, o Papa Pio VII,
estabeleceu a Festa de Maria Auxiliadora no dia 24 de maio,
como gratidão por ter sido libertado da injusta opressão em que se
achava, ou seja, prisioneiro de Napoleão na França.
Esta
festa se comemora hoje em muitas igrejas particulares e Institutos
religiosos, principalmente na Sociedade de São Francisco de Sales,
fundada por São João Bosco.
Dom
Bosco difundia a devoção a Maria Auxiliadora, em uma perspectiva
eclesial e missionária. Realmente, a Igreja sempre experimentou
auxílio eficacíssimo da Mãe de Deus nas perseguições excitadas pelos
inimigos da fé cristã.
No
ano de 1862, as aparições de Maria Auxiliadora na cidade de Spoleto
marcam um despertar mariano na piedade popular italiana. Nesse mesmo
ano, Dom Bosco iniciou a construção, em Turim, de uma grande
Basílica, que foi dedicada a Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos.
Até então não se percebe em Dom Bosco uma atenção especial por esse
título. "Nossa Senhora deseja que a veneremos com o título de
AUXILIADORA: vivemos em tempos difíceis e necessitamos que a
Santíssima Virgem nos ajude a conservar e defender a fé cristã",
disse Dom Bosco ao clérigo Cagliero.
A
partir dessa data, Dom Bosco, que desde pequeno aprendeu com Mamãe
Margarida, sua mãe, a ter grande confiança em Nossa Senhora, ao
falar da Mãe de Deus, lhe unirá sempre o título AUXILIADORA DOS
CRISTÃOS. Para perpetuar o seu amor e a sua gratidão para com Nossa
Senhora e para que ficasse conhecido por todos e para sempre que foi
"Ela (Maria) quem tudo fez", quis Dom Bosco que as Filhas de Maria
Auxiliadora, congregação por ele fundada juntamente com Santa
Maria Domingas Mazzarello,
fossem um monumento vivo dessa sua gratidão.
A
devoção a Nossa Senhora Auxiliadora foi crescendo cada vez mais e
mais. O Papa Pio IX fundou no
Santuário de Turim (Itália) dia 5 de abril de 1870, uma
Arquiconfraria, enriquecendo-a de muitas indulgências e de favores
espirituais.
No dia
17 de maio de 1903, por decreto do Papa Leão XIII, foi solenemente
coroada a imagem de Maria Auxiliadora, que se venera no Santuário de
Turim.
Dom
Bosco ensinou aos membros da família Salesiana a amarem Nossa
Senhora, invocando-a com o título de AUXILIADORA. Pode-se afirmar
que a invocação de Maria como título de Auxiliadora teve um impulso
enorme com Dom Bosco. Ficou tão conhecido o amor do Santo pela
Virgem Auxiliadora a ponto de Ela ser conhecida também como a
"Virgem de Dom Bosco".
Dos
escritos de São João Bosco, retiramos algumas passagens para
ilustrar o seu amor por Maria Santíssima:
"Recomendai constantemente a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora e a
Jesus Sacramentado".
"A
festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que
deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso".
"Sê
devoto de Maria Santíssima e serás certamente feliz".
"Devoção e recurso frequente a Maria Santíssima. Jamais se ouviu
dizer no mundo que alguém tenha recorrido com confiança a essa mãe
celeste sem que não tenha sido prontamente atendido".
"Diante de Deus declaro: basta que um jovem entre numa casa
salesiana para que a Virgem Santíssima o tome imediatamente debaixo
de sua especial protecção".
Dom
Bosco confiou à Família Salesiana a propagação dessa devoção, que é,
ao mesmo tempo, devoção à Mãe de Deus, à Igreja e ao Papa.
Concluímos com essas palavras do Papa João Paulo II: "A devoção a
Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com
Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua
voz, segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, Ela nos
orienta para Jesus: ‘Fazei o que Ele vos disser’ (Jo 2, 5).
E, como outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as
dificuldades dos homens, obtendo d’Ele as graças desejadas. Rezemos
com Maria e por Maria. Ela é sempre a ‘Mãe de Deus e nossa’".
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