A
Beata Luísa de Sabóia,
que se santificou no casamento e depois entre as clarissas de Orbe,
era de linhagem régia pelo pai, o
beato Amadeu IX,
duque de Sabóia, e pela mãe,
Iolanda. Veio ao mundo no dia dos
Santos
Inocentes.
Brilhou depressa pela humildade e pelos bons modos com todos.
Notabilizou-se por conservar de
memória as pregações, orações e
Sagrada escritura.
Desejava
fazer-se Religiosa, mas julgou-se obrigada a obedecer ao seu tutor,
o rei Luís XI, e casou-se com Hugo de Châlons, em 1479. Era ele
óptimo cristão, contava uns 22 anos e prestou-se a que a sua
residência se regesse pela moral mais estrita. Dançava-se nela
algumas vezes, mas sem os donos tomarem parte activa.
Nas vigílias
das festas de
Nossa senhora,
dizia
Luísa, 365 Ave-Marias.
Pela festa das
Onze mil virgens,
11 000.
Rezava muitas
vezes o saltério. Confessava-se frequentemente e comungava nas
festas. Quando as suas aias praguejavam, tinham de pagar multa: o
dinheiro era para os pobres. Se a praga vinha dum fidalgo, esse
senhor tinha de beijar o chão. Muitas vezes, depois duma festa
mundana, dizia: «Senhor
Deus, quanto estou aborrecida! De tudo isto será preciso dar contas».
Os decotes desgostavam-na e ela proibia-os às suas damas. Não queria
que se jogasse a dinheiro, mas tolerava, caso se tratasse de
insignificâncias. E a quem perdia aconselhava: «Dê
tudo por Deus, não conserve nada».
Preferia sofrer em silêncio, de noite, em vez de acordar pessoas de
guarda. Secretamente, gostava de dar grandes esmolas. Maledicências,
interrompia-as com decisão. Às suas aias prestava toda a espécie de
serviços.
Em 1490 perdeu
o marido; quando apenas tinha 27 anos. A aflição de
Luísa
começou por ser imensa. Levantava-se muito cedo. Até às 10 horas,
oração e contemplação. Depois do almoço, trabalho manual. Rezava o
ofício divino. A seguir ao jantar, falava de
Nosso Senhor,
lia ou ouvia leituras. Numa
palavra, o castelo tomava o aspecto de convento. «Só
falta a campainha»,
observava um visitante. Em vida
do marido, na
Quinta-feira Santa,
ele lavava os pés a
treze pobres
e ela a
treze mulheres.
Morrendo ele, ela manteve as
treze mulheres
da
Semana santa,
mas acrescentou, em todas as
sextas-feiras,
a lavagem dos pés de
cinco pobrezinhas,
dando-lhes
depois esmola.
Luísa
não tinha filhos. Pôde,
portanto, seguir a sua inclinação para a vida religiosa. Entrou
entre as clarissas de Orbe, na Suíça, em 1492. Estava o convento
ilustrado com a memória de
Santa Coleta.
A abadessa gostava de lhe dar
ordens, só para a ver deixar imediatamente tudo o mais. Escolhia o
pior de tudo. Esforçava-se por cuidar dos doentes, por lhes dar
gosto. Hospitalidade para com os padres e religiosos de passagem
constituía, na sua pessoa, coisa sagrada.
Luísa
tratava as
Irmãs
com bondade encantadora. A
Sagrada Eucaristia
dava-lhe como que
êxtases. Tinha o dom das lágrimas. Escreveu meditações sobre o
rosário e é-lhe atribuído um
tratadinho
sobre os sinais de tibieza num
mosteiro. Citemos:
«...Quando se frequentam demais os locutórios... Quando se lêem
livros espirituais mais para aprender do que praticar; quando se
lêem capítulos por costume e se dizem culpas a fingir e não para
procurar emenda... Quando se tem mais cuidado do exterior que do
interior...»
Luísa
morreu a
20 de Julho de 1503 – tinha então 42 anos –,
depois de ouvir ler as
Paixões segundo S. João e segundo S. Mateus,
e a
Missa do Santíssimo Sacramento.
Faleceu no meio duma oração a
Nossa senhora.
O
Papa Gregório XVI
confirmou, em 1839, o culto
prestado deste tempo imemorial à
beata.
Teve ofício e
Missa
nas dioceses do antigo reino da Sardenha, a 11 de Agosto, e entre os
franciscanos, a 1 de Outubro; em Lousana, ficou sendo festejada a
24 de Julho.
Do livro
Santos de cada Dia,
de
www.jesuitas.pt; |