Luís Zeferino foi o quinto
de treze irmãos, filhos do casal Luís Zeferino Moreau e Maria
Margarida Champoux, humildes agricultores. Veio ao mundo em
Bécancour, na diocese de Quebec, no Canadá, no dia 1 de Abril de
1824. Aos 12 anos, tendo concluído os estudos primários, começou a
aprender latim com o pároco e dois anos depois entrou no seminário.
Durante
a teologia, começou a dar aulas, substituindo um professor doente,
mas o excesso de trabalho levou-o a um tal estado de fraqueza que
teve de abandonar o seminário em Novembro de 1845 e voltar para casa
dos pais. A sua ânsia de ser padre impeliu-o a prosseguir o estudo
da teologia sob a orientação do pároco. Em Setembro de 1846, pediu
licença ao Bispo de Quebec para usar trajo eclesiástico e continuar
os estudos em regime de externato, por não se sentir completamente
curado, mas o Prelado disse-lhe que não.
O Servo de Deus não se
desconcertou nem perdeu as esperanças. Pediu ao Bispo de Montreal a
incardinação na diocese. O Bispo auxiliar, Dom João Carlos Prince,
hospedou-o na própria residência paroquial e prontificou-se a
orientá-lo nos estudos. Achando-o suficientemente versado em
filosofia e teologia, a 19 de Dezembro daquele ano, conferiu-lhe a
ordem de presbiterado.
No começo de 1847, foi
nomeado mestre de cerimónias e capelão na catedral. Entregaram-lhe,
além disso, o cuidado do convento dos pobres da Providência, a
direcção da comunidade Bom Pastor e puseram-no à frente da
chancelaria da cúria diocesana. No desempenho de todas estas
funções, deu mostras de extraordinárias qualidades espirituais e
intelectuais. Em 1852, foi criada a diocese de São Jacinto, e
apontado como primeiro Bispo, Dom João Carlos Prince, que escolheu
para secretário o Padre Luís Zeferino Moreau. Encarregou-o da
direcção da chancelaria da nova diocese e de atender espiritualmente
as religiosas de vários institutos bem como a capelania do hospital
da cidade.
De 1854 a 1860 e de 1869 a
1875 foi pároco da Sé catedral. Desempenhou também as funções de
Vigário geral da diocese, cargo que o obrigou a governar a mesma
durante a sede vacante e ausências demoradas do Prelado. Morto o
terceiro Bispo em 1875, o Servo de Deus regeu a diocese como Vigário
capitular. Viu-se então com mais evidência a alta estima que todos
tinham por ele. Isto levou os Prelados Canadenses a dar as melhores
informações ao santo Padre Pio IX, acedendo a tão ardentes desejos,
nomeou-o Bispo de São Jacinto. Recebeu a ordenação episcopal a 16 de
Janeiro de 1876.
Nos 25 anos que esteve à
frente da diocese, à imitação de São Paulo, fez-se tudo para todos,
com simplicidade, bondade e humildade e procurou sobretudo,
trabalhar em união com o clero, manter no fervor as congregações
religiosas existentes e atrair outras para a diocese. Ele mesmo, a
12 de Setembro de 1877, fundou a Congregação das Irmãs de São
José, e em 21 de Novembro de 1890, o Instituto das Irmãs de
Santa Marta para cuidarem dos seminários, residência episcopais
e casas de educação da juventude.
João Paulo II, na homilia
da sua beatificação, a 10 de Maio de 1987, assim fez o elogio do
Servo de Deus: "No seguimento do Bom Pastor, Luís Zeferino
Moreau consagrou a sua vida a guiar o rebanho que lhe foi confiado
em São Jacinto, no Canadá. Sacerdote, depois Bispo desta jovem
diocese, ele conhecia as suas ovelhas. Trabalhava incansavelmente
para lhes dar o alimento para que os homens tivessem vida, e a
tivessem em abundância. Nele os fiéis encontraram um homem
inteiramente consagrado a Deus, e em seguida um verdadeiro
intercessor, É justo que a Igreja o honre e o apresente como um
modelo pastoral."
O bom Monsenhor Moreau
sabia quotidianamente dedicar a sua atenção a todas as pessoas.
Respeitava cada uma delas, praticava a mais concreta caridade para
com os pobres acolhidos em sua casa. Gostava de visitar as paróquias
e as escolas. Estava junto dos sacerdotes que o procuravam para
algum conselho, estimulava-os na própria acção, na vida espiritual e
no aprofundamento intelectual, a fim de que transmitissem aos
cristãos uma catequese iluminada por uma fé compreendida e vivida.
Como Bispo, gozava de um
discernimento lúcido, e podia-se apoiar na sua palavra clara e
corajosa, tanto no ensinamento dirigido a todos como nas respostas
dadas a cada um. Consciente das necessidades de uma diocese que
crescia, Monsenhor Moreau multiplicou as iniciativas para a educação
religiosa e escolar dos jovens, a assistência aos doentes, a
organização de ajuda mútua, e também a constituição de novas
paróquias, a formação dos candidatos ao sacerdócio.
Em todos estes sectores,
ele era audaz e superava com paciência os obstáculos. Procurou a
cooperação das Congregações religiosas para numerosas tarefas.
Compreendendo todo o valor da vida consagrada, soube favorecer
fundações corajosas na própria pobreza. Pessoalmente, contribuiu de
maneira profunda na animação espiritual e na orientação de
Institutos religiosos que surgiam, ou de novo se estabeleciam na sua
diocese… Apesar da fragilidade física, ele viveu numa austeridade
exigente. Não conseguiu fazer frente às suas enormes tarefas senão
com a força que lhe vinha da oração.
Ele mesmo se descrevia,
assim dizendo: “não faremos bem as grandes coisas de que somos
encarregados, senão mediante uma intima união com Nosso Senhor”, foi-lhe
possível ser chamado o bispo do Sagrado Coração: dia após dia, o
pastor dava a sua vida pelas suas ovelhas, pois as amava com o
ardente amor de Cristo».
Morreu santamente no dia
24 de Maio de 1901, aos 77 anos de idade, 54 de padre e 25 de bispo.
Deixou cerca de vinte mil cartas a padres, religiosas e leigos, que
tratam da vida ascética e espiritual, e provam a laboriosidade
apostólica do Servo de Deus.
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