SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA MARIA DA COSTA

     

Leopoldino Mateus
Sacerdote, Jornalista, Pároco de Balasar
1876-1966

BALASAR DE LUTO

Ao anoitecer de 13 de Outubro, correu velozmente por toda a freguesia a notícia do falecimento da Alexandrina Maria da Costa, do lugar do Calvário. Muitas pessoas ficaram em dúvida da veracidade do boato porque várias vezes tinha corrido idêntica notícia sem fundamento. É verdade que o estado da doente era grave porque, na véspera, o Rev. Pároco, assistido de dois sacerdotes, tinha-lhe administrado a Extrema-Unção, mas nesse dia ainda tinha recebido a Sagrada Comunhão porque a Unção tinha-lhe sido administrada a seu pedido por querer recebê-la em seu juízo, como recebeu. Mas ter morrido terá sido verdade?

Quando no dia seguinte os sinos deram o sinal fúnebre logo todos se entristeceram, cobriram-se de luto e exclamavam doloridamente: “Já morreu a mãe dos pobres, o amparo dos miseráveis, a consoladora dos aflitos!”

Até às missas do sétimo dia, todas as pessoas vestiam de luto e não se ouvia uma canção nos trabalhos do campo, nem de adultos nem de crianças.

Pode-se afoitamente dizer que Balasar sentia o passamento da Alexandrina pelo vácuo que ela deixava na missão de caridade, virtude altíssima que ela praticou de um modo singular.

Eis um resumo do seu dossier de beneficiar o próximo:

Intercedeu junto de Deus pela colocação de muitas pessoas, que lhe agradeciam por carta.

Conseguiu a colocação em fábricas de chefes de família pobres, cheios de filhos, vivendo na maior miséria e, se ainda vivesse, teria mais para colocar.

Distribuía muitas esmolas aos necessitados e não deixava sem socorro os que lhe batessem à porta.

Para os pobres sem habitação, dava-lhes socorro monetário e conseguia abonadores para construção de casas que, se não fosse ela, nunca a possuiriam.

Internou em casas de previdência doentes anormais e crianças para educação.

Obteve a entrada em ordens religiosas de crianças de ambos os sexos para serem educadas e ainda algumas lá estão a estudar.

Protegia com mensalidades várias pessoas que já tiveram recursos, mas agora estão na miséria.

No Natal e na Páscoa, distribuía roupas ou calçado a todos os necessitados da freguesia.

Aos órfãos, vestia-os para não sentirem a falta de seus progenitores.

Não consentia que a família negasse esmola aos pedintes e dava dinheiro para medicamentos.

Conseguiu, pelo seu conhecimento, madrinhas para estudantes, estando alguns já colocados.

Quando chegasse ao seu conhecimento alguma precisão em pessoas envergonhadas, logo lhe enviava socorro em roupas ou em comida.

Ainda teríamos mais que dizer, mas o exposto já é suficiente para saber os motivos que levaram o povo de Balasar a chorar a sua morte e a cobrir-se de luto. Com verdade e com razão exclamaram, repassadas de dor e desalento: “Já morreu a mãe dos pobres, o amparo dos miseráveis, a consoladora dos aflitos!”

Leopoldino Mateus
5/11/55

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