SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA MARIA DA COSTA

     

Leopoldino Mateus
Sacerdote, Jornalista, Pároco de Balasar
1876-1966

ALEXANDRINA E A SANTA CRUZ

Junto da igreja paroquial de Santa Eulália de Balasar, deste concelho, existe uma capela dedicada à Santa Cruz, levantada em memória da aparição em Junho de 1832, de uma cruz de terra, no lugar de Calvário.

O pároco de então, Reitor António José ele Azevedo, narra essa aparição numa representação dirigida ao Sr. Dr. António Pires de Azevedo Loureiro, Desembargador-Provisor e por ausência do Governador, Vigário Capitular, sede vacante, encarregado interinamente do governo temporal e espiritual do Arcebispado de Braga.

Eis o teor da representação:

Exmo. e Revmo. Senhor

Dou parte a V. Ex.ª de um caso raro acontecido nesta freguesia de Santa Eulália de Balasar. No dia do Corpo de Deus próximo pretérito (1832) indo o povo da missa de manhã por caminho que passa no monte Calvário, divisou uma cruz escrita na terra: a terra quê demonstrava esta cruz era de cor mais branca que a outra e parecia que tendo caído orvalho em toda a mais terra, naquele sítio demonstrava a forma de cruz, em que não tinha caído orvalho algum.

Mandei eu varrer todo o pó e terra solta que estava naquele sítio e continuou a aparecer como antes no mesmo sítio a forma de cruz.

Mandei depois lançar água com abundância tanto na cruz como na mais terra em volta e então a terra que demonstrava a forma de cruz apareceu de uma cor preta que até ao presente tem conservado.

A haste da cruz tem quinze palmos de comprido e a travessa oito.

Nos dias turvos divisa-se com clareza a forma de cruz a qualquer hora do dia e nos dias de sol claro vê-se muito bem a forma de cruz de manhã até às 9 horas e de tarde quando o sol declina mais para o ocidente e no mais espaço do dia não é bem visível.

Divulgada a notícia do aparecimento desta cruz, começou a concorrer o povo a vê-la e venerá-la, adornando-a com flores e dando-lhe esmolas.

É a esta Cruz que, no colóquio de 14 de Janeiro de 1955, Nosso Senhor se refere quando disse à doente Alexandrina:

Há mais de um século que mostrei a Cruz a esta terra amada, Cruz que veio esperar a vítima. Tudo são provas de amor!

Ó Balasar, se não correspondes!...

Cruz de terra para a vítima que do nada foi tirada, vítima acolhida por Deus e que sempre existiu nos olhares de Deus.

Vítima do mundo mas tão enriquecida das riquezas celestes que ao Céu dá tudo e por amar às almas aceita tudo.

Confia, crê minha filha. Eu estou aqui. Repete o teu creio.

Confia! Toda a tua vida está escrita e fechada a chave de ouro.

Aqui a tenho nas minhas mãos...

E Alexandrina continuou até à hora da morte, abraçada à Cruz, a pedir, a sofrer a martirizar-se pelos pecadores!

Quanto lhe devemos!

Pe. Leopoldino Mateus
3/12/1955

 

Nota – Quando o Pe. Leopoldino fala da “representação dirigida ao Sr. Dr. António Pires de Azevedo Loureiro, Desembargador-Provisor e por ausência do Governador, Vigário Capitular, sede vacante, encarregado interinamente do governo temporal e espiritual do Arcebispado de Braga”, está errado. Em Agosto de 1832, o Dr. António Pires de Azevedo Loureiro deveria estar entre os invasores liberais cercados no Porto e só tomaria conta do cargo mencionado em1834, à ordem dos liberais maçónicos.

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