SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA MARIA DA COSTA

     

Leopoldino Mateus
Sacerdote, Jornalista, Pároco de Balasar
1876-1966

ALEXANDRINA, APAIXONADA
DA EUCARISTIA

Monsenhor Mendes do Carmo, professor do seminário, no seu apreciado artigo sobre as últimas horas da Doentinha de Balasar, afirmou que todos os que de perto conheceram a Alexandrina sabiam que ela era uma apaixonada sublime da Eucaristia.

Poucas pessoas conheceram tão de perto a saudosa extinta como o pároco que, durante bastantes anos, lhe administrou diariamente a Sagrada Comunhão, saindo de junto de seu leito de sofrimento verdadeiramente edificado pela compostura, recolhimento, fervor e amor com que recebia o Pão Eucarístico, que era toda a vida da sua alma, o conforto nas dores e a coragem nas angústias que tantas vezes a torturaram.

Tudo sofria pelo bem das almas e em reparação das ofensas dos inimigos de Deus. Aceitava de bom grado a cruz das tribulações para confortar o seu Jesus sobrecarregado com as iniquidades e misérias morais da humanidade, que Ele antevira na oração da agonia no Horto de Getsémani, que tanto o afligira que chegou a suar sangue. Quem a incitava a este espírito de sacrifício tão heróico e tão privilegiado? A paixão que a Eucaristia acendia no seu coração adornado de preciosas virtudes.

Ela não ia à igreja desde o início do seu martírio, mas interessava-se por tudo o que se relacionava com o brilho dos actos de culto.

Conseguiu a aquisição de um terno de paramentos brancos, com capa de asperges e véu de ombros branco, para as festas, paramentos para as missas rezadas aos domingos, uma artística lâmpada para ser colocada diante do Santíssimo Sacramento, pálio para as procissões e umbela para as comunhões aos doentes e entrevados, sendo esta estreada numa das conduções solenes da sagrada píxide à sua casa onde recebia o Pão dos Anjos com tão boas disposições.

Adquiriu para a igreja o altifalante para acompanhar mentalmente o Santo Sacrifício da Missa, escutar as homilias do seu pároco, as leituras e cânticos das horas de adoração. Durante este tempo, não falava para pessoa alguma, recolhia-se em meditabundo silêncio no santuário da sua alma, pensando nas verdades ouvidas e acompanhando os louvores de Deus, a quem tanto amava.

Ela vivia para o seu Jesus, amor da sua alma, porque, segundo a palavra autorizada de S. Tomás de Aquino, é pela Sagrada Comunhão, recebida com as disposições requeridas, que a nossa alma se pode manter permanentemente na graça e amizade de Deus. A Eucaristia é amor e consequentemente penhor de salvação, pois o que ama verdadeiramente não pode deixar de tudo fazer bem visto que é o amor o único motor que a isso nos impele; ama e faz o que queres, diria o Apóstolo São João.

Quem durante a vida recebe frequentemente em seu coração este Hóspede Divino, este penhor de resgate das almas, não pode deixar de lhe permanecer fiel até à morte.

E por este motivo sentia, como S. Tomás de Aquino, no momento de levantar voo da terra para o Céu, indizível alegria – Alexandria sorria-se ao receber a Extrema-unção – porque quem tem na vida a ventura de ter por companheiro a Jesus Sacramentado tem, no momento da morte, plena convicção de que Ele Não pode deixar de ser o seu Viático e inseparável companheiro na viagem do mundo para a eternidade.

A última e mais valiosa prenda que ela ofereceu ao templo paroquial foi um rico cofre-sacrário para guardar as Sagradas Hóstias e tanto afecto lhe consagrava que não pôde deixar de escrever nas suas últimas disposições: “quero ser enterrada – se puder ser – de rosto virado para o sacrário da nossa igreja. Assim como na vida anseio estar junto de Jesus Sacramentado e voltar-me para o sacrário as mais vezes possíveis, quero, depois da minha morte, continuar a velar o meu sacrário e manter-me voltada para ele.

Sei que com os olhos do corpo não vejo o meu Jesus, mas quero ficar assim para melhor provar o amor que tenho à Divina Eucaristia”.

Voltado para o Sacrário, estava o seu corpo durante os ofícios fúnebres e na mesma posição continua sepultado no cemitério.

Sim, a Alexandrina era uma apaixonada sublime da Eucaristia!

Pe. Leopoldino Mateus
19/11/55

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