Alexandrina recebe                 Alexandrina trasmite

PARTE II


“VAI INFUNDIR NOS CORAÇÕES A PLENITUDE DO MEU CORAÇÃO”

 

Jesus ama a humanidade. Jesus vê o estado miserável em que se encontra, conhece os perigos que a ameaçam. O seu Coração é todo ardente de amor e de dor.

Jesus não é um Deus distante, mas um Deus que encarnou! Quer intervir, avisar, salvar!

Aqui está a grande Verdade, peculiar do Cristianismo. O cristão, frente à dor, não cai no desespero de quem exclama:

“É surdo o homem, e Deus está muito alto!”  (Victor Hugo, na “Légende des Siècles”)

 

1.

PREPARAÇÃO

 

Alexandrina é um instrumento de que Jesus Se serve para comunicar com a humanidade.

Mas Jesus deve trabalhar este instrumento, é precisa uma preparação. Esta será feita por Jesus, mas quer também a colaboração da Alexandrina.

Jesus diz-lhe:

“Ó bela, ó encantadora, ó altíssima missão a missão das almas! Mas nada podia fazer, filha querida, sem o teu consentimento, sem a tua generosidade, sem o teu amor.

Quanto te deve o mundo, quanto te devem as almas!” S (24-1-47)

 

1- Jesus adverte-a da grande tarefa e dá indicações

 

“Criei-te para grandes coisas. (...) Criei-te para as almas.” S (5-8-49)

Alexandrina salvará almas difundindo as mensagens que Jesus quer dar à humanidade e com o seu exemplo de vida consumida toda em ardente amor oblativo.

Mas para que as mensagens que Jesus quer comunicar à humanidade pela Alexandrina não caiam no vazio são necessárias, além da disponibilidade de Alexandrina, outras duas coisas:

a) que atinjam o maior número possível de almas.

Alexandrina, encarcerada no seu leito de paralisada, entro os quatro muros do seu quartinho, com a segunda classe, como pode comunicar com muitas almas?

b) que tais mensagens tenham carácter de credibilidade.

Jesus afirma-lhe:

“Eu farei sim que (as almas) venham sedentas junto de ti para receber a graça, a paz, o amor...” S (12-8-49)

E como pode Jesus obter isto?

As pessoas são atraídas por fenómenos extraordinários, por situações que estão à margem da vida que se desenvolve normalmente na terra...

Eis na Alexandrina dons místicos extraordinários, eis a sua crucifixão, eis o seu jejum total.

Tudo isto atrai multidões sempre mais numerosas porque revela claramente uma intervenção transcendente, que dá às mensagens que saem dos seus lábios aquele carácter de credibilidade, necessário para terem eficácia.

“Eu tenho-te neste leito de dor e de cruz para que aqueles que te visitam tenham a garantia do céu” S (29-4- 49)

Eis pois o preço que a Alexandrina deve pagar, como tantas outras almas-vítimas disseminadas pela terra ao longo dos séculos, para ser digna mensageira de Jesus e assim salvar almas!

“Leito de dor e de cruz”: mas não basta!

Está cheio o mundo de dores, de cruz, que são o alimento quotidiano oferecido por todos os meios de informação!

O elemento maravilhoso, que verdadeiramente tem sobrenatural, é o sorriso da Beata Alexandrina, sorriso que permanece mesmo nas situações mais atrozmente dolorosas, e em três campos: físico, moral, espiritual!

Este sorriso é-lhe sempre recomendado por Jesus.

Entre as suas inumeráveis exortações neste sentido, recolhemos quatro.

 “ Quero que os teus olhos e os teus lábios sorriam a todo o sofrimento. (...)” S (13-5-49)

“Oferece-Me a tua dor escondida no sorriso e no amor”. S (9-12-49)

“Sorri à dor para que Eu possa sorrir quando julgo os pecadores”  S (8-12-50)

“O teu sorriso, em tanta dor, dá reparação ao meu eterno Pai” S (13-11-53)

E como consegue a Alexandrina afrontar todas as provas com o sorriso?

Com o amor! O amor a Jesus, o amor às almas a salvar com a sua dor de reparação. Chegará a dizer:

“Jesus, que o meu gozo seja a cruz, a minha doçura a dor: tudo em Vós e para Vós!” S (30-1-48)

E Jesus encoraja-a:

“Sofre sorrindo, sofre em silêncio.

Sofre e ama; ama e luta”. S (28-1-49)

A nossa santa mártir afirma ela mesma, no seu penúltimo diário:

“Para se aguentar a dor, tem que se mirrar de amor”. S (26-8-55)

 

2- A preparação chega até uma identificação mística com Jesus

 

Nos começos da preparação Jesus tinha-lhe dito:

“Quero que tudo o que é Meu em ti transpareça.

Quero que os teus olhares tenham a pureza dos Meus, que os teus lábios tenham o sorriso, a doçura dos Meus, que o teu coração tenha a ternura, a caridade e o amor do Meu.

Em suma, quero que em tudo Me imites” S (13-6-47)

E como consegue obedecer bem a sua louquinha! Dir-lhe-à Jesus:

“Quando mandas abrir as portas às almas, é Cristo em ti a abrir-lhes o coração, é Cristo que lhes fala com bondade e doçura, é Cristo que lhes sorri e as fita com olhares atraentes e encantadores e as convida para o Céu: é Cristo em todo o teu viver”. S (14-11-47)

 

Chegámos exactamente à união transformante e Jesus exprime-a de forma belíssima:

“Eu sou a luz dos teus olhos, o movimento dos teus lábios, o amor e o Senhor do teu coração”. S (3-9-48)

“De todos os teus sentidos transparecem a ternura, a doçura, a paz, o amor. Em suma: toda a minha vida, tudo o que é de Deus. (...)” S (3-2-50)

“Ó maravilha, ó maravilha! É Cristo a viver por ti, Cristo a falar por ti, é Cristo a amar em ti: é Cristo transformado em ti!” S (24-11-50)

Eis por que a Alexandrina pode verdadeiramente fazer jorrar o que bebeu da fonte divina!

“Minha filha, alma forte, coração de fogo! Forte com a minha fortaleza, fogo do meu Coração, calor do meu divino amor, transmite esta fortaleza, irradia este fogo!

Quero que sejas luz, quero que faças luz” (...) S (4-10-47)

“Eu fui a luz, Eu fui o sol; e por ti, na tua vida, continuo a ser luz que alumia, sol que aquece.

Dou-Me por ti às almas.

O fogo que sai deste altar é lume da tua dor, é o fogo do teu sacrifício”. S (23-6-50)

Eis porque são incandescentes os jorros que Alexandrina projecta.

E os outros seguem-na, produzindo frutos.

Jesus diz-lhe:

“A alma que ama irradia e deixa transparecer à volta de si a força do amor com que ama.

O fogo, quando pega, deixa sempre sinais de ter queimado.

Ama-Me, deixa-te queimar, leva às almas o meu fogo, o meu divino amor!”  S (9-7-48)

É o fogo do amor do divino Espírito Santo, fogo e amor que recebeste para dares às almas.

É-lhes dado por teus lábios, é-lhes dado por teu ar, que se espalhará e se comunicará a elas como alimento salutar. S (5-7-46)

 

2.

OS JORROS

 

Contemplemos aqui, para nos deixarmos envolver, os jorros que a Beata Alexandrina nos comunica do Coração divino de Jesus.

Estão divididos em dois parágrafos, para facilitar a leitura, mas a divisão é arbitrária, porque alguns fragmentos contêm elementos comuns a ambos[1].

 

1- A hora é grave

 

A humanidade, a pobre humanidade! Pecadores, pobres pecadores!

Desejaríeis não terdes olhos para verdes, ouvidos para ouvirdes, coração para sentirdes, nem razão para compreenderdes.

Preparai-vos, preparai-vos, se é que quereis salvar-vos!

Ó minha filha, ó minha filha, ai que doloroso é este desabafo! (...)

A justiça divina de meu Pai cai, cai para vir punir. É o castigo dos crimes, das iniquidades (...) S (13-4-51)

Os crimes do mundo chegaram o seu auge; oh, a gravidade do perigo!

A justiça cai, cai: o meu Eterno Pai não pode mais. S (29-6-51)

Todo o pai que avisa ama; todo o pai que repreende é correcto e é fiel à lei do Senhor, assim como Eu o sou à lei de meu Pai. S (22-2-52)

O mundo não escuta a voz do Senhor! Os pecadores não temem as terríveis ameaças do meu Eterno Pai: a justiça vai puni-los.

Mesmo castigando, é sempre o meu amor, o meu amor infinito. S (27-6-52)

Filhos meus, filhos meus, amai, amai a Jesus, amai, amai a Maria! Aproximai-vos: é urgente. Reparai, reparai os nossos divinos Corações!

Ai, o mundo, ai, o mundo, que tanto ofende ao Senhor! O mundo, o pobre mundo não pode com maior maldade desafiar a justiça do meu Eterno Pai.

A hora é grave, a hora é grave... S (22-8-52)

Alerta, alerta! É Jesus que previne, é Jesus que avisa, é Jesus que pede.

Alerta, alerta, não vos descuideis, filhos meus! Não tendes tempo de olhar para trás!

O Pai que vos avisa ama-vos mais que todos os pais da terra (...)  S (26-9-52

Tantos convites, tantos avisos! E a pobre humanidade não atende!

São horas, são dias de lágrimas, muitas lágrimas, e não de alegrias, de falsas alegrias. S (17-7-53)

Depressa, depressa! Ah, se a justiça do Senhor cai, o mundo há-de estarrecer de pavor.

Até as almas justas o hão-de sentir. Mas estas será para Eu colher delas reparação, para que muitas outras almas possam ainda salvar-se. S (23-7-54)

Nunca a humanidade viu, nunca o céu contemplou tal incêndio de vícios, maldades e crimes! Nunca se pecou mais! S (6-5-55)

 

2- Convertei-vos, vinde a Mim!

 

Ai do mundo, se não se converte! (...)

O ódio, a vingança, a soberba, a ambição continuam ainda nos corações dos homens. Pensam, preparam-se para novas lutas (acabou há pouco a Segunda Guerra Mundial, e vemos o que se está a preparar!)

Eu queria prostrar-me à frente de cada homem e pedir-lhe que não Me ofendam. S (14-6-46)

Faça-se penitência, haja emenda de vida, voltem-se para Jesus!

Se assim não for, depressa haverá grande derrota, grande destruição que ficando apenas um pequeno número dos seus habitantes.

Quero um mundo novo: um mundo de pureza! S (20-12-46)

É Jesus que convida à oração, à penitência, a uma vida pura e de amor! S (9-9-49)

Exigem-na (a reparação) os pecados de luxúria, as iniquidades dos esposos e das almas piedosas e consagradas a Mim.

Exigem-na as vaidades! Para quê tanto desperdício?

Eu posso dizer, e com toda razão, o que Judas disse de Mim: “Para quê tanto desperdício?”

Este desperdício brada ao céu! O que se gasta em vaidade matava a fome a todos os famintos, cobria a todos os desnudados! S (5-5-50)

Queria que as minhas lágrimas caíssem no mundo inteiro, como outrora na cidade ingrata (Jerusalém). (...)

Faça-se oração, muita oração e constante penitência! S (29-12-50)

Ouvi quem fala, ouvi quem vos quer: é Jesus que é a vossa vida. Vinde a Mim todos!

Chama-vos, quer-vos o meu divino Coração: vinde a Mim todos! Amai-Me! Não pequeis mais.

Depressa, depressa! Este convite é de Jesus.

Depressa, depressa: mais oração, mais penitência. Depressa, depressa a renovar a vida, os costumes.

Depressa, depressa, filhos meus!

Ai, para quantos é tarde este convite! Chamei, convidei, preveni a tempo. Quantos e quantos já receberam a justiça de meu Pai! E porquê? Porque não atenderam à voz divina, ao convite do Céu.

Já caiu a justiça divina e mais vai cair. (...) S (19-1-51)

O mundo, o mundo, pobre mundo!

Oh, se se convencesse que tem de arrepiar caminho e se se apressasse em vir ao meu divino Coração!

Eu sou Pai (pois todas as coisas foram criadas por Ele), e como Pai dei o sangue e dei a vida. Sou Pai e, como Pai, castigo para chamar, castigo para salvar. (...) S (18-5-51)

Escutai, escutai! Ouvi a voz ferida de Jesus: haja oração, faça-se muita oração e imensa penitência. (…) Compadecei-vos do Coração divino de Jesus! Emendai-vos, emendai-vos! Jesus vo-lo pede: deixai a luxúria, a vaidade e todos os crimes! (...) S (19-10-51)

Evitai o mais que puderdes, à vossa volta, tudo o que for ofensa feita a Jesus e a sua Mãe bendita. Escutai: não pequeis mais! (…)

Amai, amai este divino Coração cercado de espinhos, trespassado por tantos punhais! S (28-12-51)

Procurai a Jesus, as suas coisas, a sua lei. Deixai o pecado! (...) Ide ao encontro de Jesus, porque à vossa busca anda Ele. (…) Ele corre sempre à vossa procura

(...) Jesus está entre vós como outrora entre os apóstolos: enchei-vos das suas graças, dos seus tesouros, do seu amor. S (23-5-52)

Alerta, alerta, escutai, escutai! (...)

Jesus tem sede das vossas almas, Jesus quer possuir os vossos corações.

Quero corações puros, quero corações de amor. (...)

Deixai o pecado, deixai o pecado e as falsas ilusões do mundo!

Fiz-Me vosso irmão, fiz-Me como vós, vivi como vós, morri numa cruz para dar-vos o Céu.

E em troca, qual a recompensa que recebeu o meu divino Coração?

Una lança, a renovação da minha paixão, ingratidão contínua.

O meu peito rasgado, o Coração foi perfurado.

Foi assim no alto do Gólgota. O mesmo continua a ser a cada o momento. (...)

Vinde a Jesus que vos chama, que vos quer, anseia e por vós suspira!  S (27-6-52)

Vim a este Calvário, por intermédio da minha vítima dilecta: é a continuação da obra do Calvário de há 20 séculos.

Estou aqui, estou aqui para chamar, estou aqui para pedir:

Vinde, filhos meus, vinde a Mim vós todos. Vinde ao meu divino Coração buscar bálsamo para todas as vossas feridas. Eu quero curar-vos e esquecer-Me do muito que Me ofendestes. (...)

Escutai, escutai! Preparai-vos para a batalha. Enchei-vos de Jesus para estardes fortes.

O Eterno Pai, o Eterno Pai vai aplicar sobre a sua justiça na terra com todo o rigor.

Pobre mundo, que não atende à voz de Jesus e à voz de sua Mãe bendita! S (11-7-52)

O Coração divino de Jesus vem pedir-vos, pedir-vos com o seu amor infinito. (...)

Jesus pede-vos, pede-vos com insistência: não pequeis mais, não pequeis mais! Calcai aos pés as vaidades, os prazeres, tudo o que é pecaminoso.

É Jesus que fala, é Jesus que pede com todo o amor, com toda a ternura do seu Coração divino: arrepiai caminho, arrepiai caminho, segui o Senhor! S (18-7-52)

Apressai-vos a deixar o mundo com as falsas lisonjas! Apressai-vos, apressai-vos a amar Jesus, a sofrer por Jesus, a dar a vida por Ele, se preciso for!

O mundo, o mundo, o pobre mundo! Espera-o a ira do Senhor (...)

Vinde a Mim, corações frios, vinde a Mim, corações empedernidos! Vinde aquecer-vos, vinde incendiar-vos na fornalha ardente do meu divino Coração! Vinde a aquecer-vos, vinde a modelar-vos no divino modelo, que é Jesus! S (1-8-52)

É grande, muito grande, infinitamente grande a misericórdia do Senhor.

É severa, infinitamente severa a sua justiça. É misericórdia infinita, é severidade infinita.

Reparai, reparai, estai bem atentos: Jesus perdoa, o Senhor quer perdoar, o Senhor quer o vosso arrependimento. (…)

Alerta, alerta! Avisa-vos o Senhor: não pequeis, não pequeis! É severa e muito severa a justiça de Deus. S (28-11-52)

Eu vejo, Eu vejo aos milhões, aos milhões a morte de almas.

Faça-se oração, faça-se penitência, haja emenda de vida!

Jesus pede, Jesus avisa porque ama muito, ama infinitamente. S (26-12-52)

Glória, glória ao Senhor! Escutai, escutai: quem fala é Jesus. Atendei. Atendei bem ao que Ele vai pedir.

Venho pedir a pureza e o amor dos corações, venho pedir-vos uma vida perfeita no cumprimento do vosso dever para com o vosso Criador. Venho pedir: atendei, filhos meus!

Quero o amor dos vossos corações, quero a pureza da vossa vida. Fazei, fazei que Eu seja amado. Fazei, fazei que todos os homens sejam puros, que todos os corações Me amem e sirvam fielmente. S (2-1-53)

Vinde a Mim, vinde a Mim, filhinhos do meu sangue divino!

Filhinhos, filhinhos, palavra terna! Filhinhos, filhinhos, palavra amorosa saída do Coração de Deus pelos lábios da grande vítima deste Calvário, da maior vítima que Jesus escolheu na terra, para ser imolada neste século com os maiores vícios, os maiores crimes na maior inundação de iniquidades.

Estou triste, tristíssimo. Estou triste e choro... S (20-2-53)

Vinde a Mim! Quero ser amado! Escutai, estai atentos: deixai o pecado, deixai as vaidades, vinde ao vosso Deus!

Fala-vos Jesus que desceu do Céu, desceu por amor, para vos avisar, para vos salvar.

Morri no Calvário. Morri para dar a vida, e foi só por amor. (…)

Quero salvar o mundo, quero salvar os homens, quero salvar os filhos meus! S (27-3-53)

Que vem dizer-vos Jesus? Diz que vos ama, ama, ama e quer o vosso amor.

Escutai, escutai, aceitai o meu convite: vinde ao meu divino Coração. Sois filhos meus, sois filhos meus! Atendei, atendei ao Pai que vos convida: deixai a terra, deixai o mundo, pensai no Céu, vivei para o Céu! (…)

Chama-vos o Senhor, filhos meus, filhos meus!

É grave a hora, é grave a hora! S (19-6-53)

Desce Jesus do Céu à terra.

Desce por amor, por toda a loucura de amor por vós.

São poucos, muito poucos os que se aproveitam das minhas graças.

Desci por amor e tudo faço por amor às vossas almas.

Ai daquele que se não aproveita das minhas divinas graças! Ai daqueles que deixam passar a minha voz divina como a aragem que desaparece!

Parai, parai todos no vosso pecado! Vinde já, vinde depressa de encontro ao meu divino Coração! S (26-6-53)

O meu divino Coração derrama sangue: feriram-no as lançadas e punhaladas de pecados gravíssimos. Ferem-Me a vaidade e desonestidades nas praias, nos cinemas e bailes. Peca-se horrivelmente nos casinos e casas de vício. Peca-se na família, peca-se em todos os estados. Ah, quanto sofre o meu divino Coração!

Atendei, atendei à voz terníssima do Senhor! Atendei, atendei ao brado amorosíssimo do seu Coração!

Vinde a Mim vós todos que errastes, vinde a Mim vós todos que estais frios: quero perdoar-vos, quero aquecer-vos. Vinde a Mim, vinde a Mim todos que estais doentes: quero curar-vos, quero sarar-vos as vossas almas. S (4-9-53)

Cá está Jesus, o Jesus das almas, o Jesus dos pecadores. (...)

Tantos, tantos colóquios têm sido para os pecadores (êxtases públicos). Tantos ensinamentos, tanta prova de amor de Jesus.

Vinde a Mim, meus filhos! É o meu divino Coração que vos chama, é o meu Coração amoroso que vos quer. (...)

O meu divino Coração está louco, louco, louco de dor: sofre porque ama, ama porque sofre.

A dor, a dor, filhos meus, a dor é pungente para o meu divino Coração. O amor é louco, o amor é louco.

Arrepiai caminho, arrepiai caminho!

Escutai a voz terna e doce de Jesus; ouvi a voz dolorida, a voz dorida, dorida do amantíssimo Jesus!  S (6-11-53)

Este êxtase, com partes cantadas, foi registado.

Aprendei, aprendei deste Calvário! Aprendei de Jesus que é puro, manso e humilde de Coração.

Aprendei, aprendei, filhos meus, aprendei a amar, aprendei a sofrer, aprendei a levar a vossa cruz!

Eu sou o Mestre, eu sou o Modelo que deveis imitar. Aprendei de Mim! (...)

Queres o Paraíso? Segue os meus passos: não peques mais. Vem depressa, vem enquanto é tempo, vem ao meu Coração!

Já não posso, já não posso sustentar por mais tempo a justiça de meu Pai.

Dura, dura expressão: não pode o Senhor, não pode Jesus com a justiça vingadora do seu Eterno Pai! S (27-11-53)

Vigilância, vigilância na Igreja!

Vigilância, o Chefe, os Chefes da Igreja!

A Igreja, a Igreja, principie a Igreja!

A Igreja, a Igreja! Oh, que dor para o meu divino Coração e para o Coração imaculado de minha Mãe bendita!

Vigilância, vigilância, o Chefe da Nação. Que veneno, que traição!

Penitência, penitência e oração!

Vida nova para o mundo, vida nova para Deus! S (24-9-54)

 

3- Ajudas para a conversão

 

Oração e penitência são dois meios indispensáveis para a conversão, mas não bastam!

Nós cristãos temos uma ajuda bem mais forte, que nos vem directamente da Deus: a Eucaristia!

Neste último parágrafo são apresentados alguns jorros que se referem precisamente a tal inestimável dom de Jesus: Ele mesmo!

 Longe do céu, longe de Jesus está todo aquele que está longe do sacrário.

Eu quero almas, muitas almas verdadeiramente eucarísticas. (...)

Pobres daqueles que não querem conhecer e amar o Senhor do sacrário! Pobres daqueles que não querem ver com aquela luz que produz o sacrário! (...) S (11-9-53)

O Rosário, a Eucaristia, o meu Corpo e o meu Sangue! A Eucaristia, a Eucaristia, com as minhas vítimas: eis a salvação do mundo! S (29-10-54)

Estou aqui (no sacrário) só por amor.

Os homens não compreendem este amor.

Estou aqui para ser alimento e vida.  

Os homens não querem alimentar-se e viver a minha vida! S (26-11-54)

Estou ali no sacrário naquela Hóstia pura, em Corpo, Alma e Divindade (...)

Venham com os seus corações puros, muito puros e sequiosos!

Se vierem ao sacrário nas devidas disposições e rezarem o Rosário, ou uma parte dele, todos os dias, de mais nada mais é preciso para que se afaste a justiça de Deus.

O Rosário, o sacrário e as minhas vítimas, a vítima deste Calvário, são o suficiente para que ao mundo seja dado o perdão e a paz.

Quem vem ao sacrário vive puro.

Quem vive à sombra de minha Mãe bendita, vive da sua pureza.

E assim a humanidade vive a vida nova, pura, santa, neste quartinho tantas vezes recomendada por Mim. S (10-12-54)

  

4- A Alexandrina mensageira de Jesus

 

Neste parágrafo são apresentados fragmentos que manifestam a missão de mensageira que Jesus confiou à sua querida Alexandrina. Esta missão está bem ilustrada na imagem da capa.

Eu porei em teus lábios, em teus olhares, os encantos; em teu coração, a ternura, a compaixão, o amor.

Tudo em ti transparece, tudo de ti se comunica.

Venham as almas a receber de ti o que é do Céu. Acode-lhes, tem dó do mundo! S (9-1-48)

É por ti que Eu Me dou às almas; é por ti que elas vêm a Mim.

Amo-te e amas-Me; vives como Eu quero: vives a minha vida.  S (8-12-50)

És de Jesus, vives de Jesus, dás às almas o que é de Jesus.  S (9-3-45)

O martírio em que te encontras é o maior meio de salvação. (É uma alma-vítima).

Dá-te, dá-te toda às almas. Eu dou-Me a elas contigo e por ti. (…) Dá-me a conhecer às almas! Mostra-lhes o amor do meu coração. S (5-6-45)

Filhinha, luz do mundo, salvação do mundo, luz das almas, fogo dos corações! Dá-te toda por meu divino amor às almas, dá-lhes tudo o que de Mim recebes. S (29-6-45)

Quando te apareço espalhando raios abundantes do meu divino Coração é para saciar a sede que tenho de ti e para te dar em abundância o meu amor que distribuis às mesmas almas. S (3-4-45)

Recebe toda esta vida divina, dá-a ao mundo faminto, dá-a ao mundo em perigo.

A ti o entreguei, a ti o confiei. S (2-2-45)

A propósito de tal entrega sabemos que no êxtase do dia da festa da Imaculada Conceição de 1944 estava presente a Mãe e tinha-lhe dito:

Venho com o meu divino Filho fazer-te a entrega da humanidade e fechá-la em teu coração. (…) Filhinha amada, querida do meu Jesus, recebe a vida de que vives (recorde-se de que desde 1942 ela se alimenta exclusivamente de Jesus Eucarístico e de algumas gotas do seu Sangue), recebe a vida do Céu. Recebe-a e dá-a às almas. S (8-12-44)

A Alexandrina viveu esta entrega como um martírio. Cerca de dois meses depois dirá:

Ó Jesus, olha esta louca de amor, olha o martírio que a consome! Que devo fazer pelo mundo? (…) S (15-2-45)

E cerca de um mês adiante terá este desafogo:

Sou mãe, mas oh, que mãe louca! Sou mãe que chora a perda dos seus filhos. Sou mãe que não pode suportar vê-los em tanta desordem, em tanta miséria, em tantos crimes! (como diria hoje, meio século depois de ulterior agravamento?) Ai meu Jesus, que posso fazer? S (6-3-45)

Em Maio de 1945, sentindo-se incapaz de dar mundo o amor necessário, agradece a Jesus pelo amor dele recebido e diz-Lhe:

- Meu Jesus, dá a todos os corações, dá a todas as almas este teu amor!

- Dá-o todo tu, filhinha, autorizo-te: és senhora do meu divino Coração, és senhora do meu amor. Dá-o, distribui-o como queres. Digo-te como queres, porque os teus desejos são os meus.

- Jesus, arde-me tanto o coração!

- Alegra-te, minha amada: queima-te o meu divino amor. S (25-5-45)

A Alexandrina, na sua grande humildade, nunca se orgulha. Mesmo a belíssima afirmação de Jesus “os teus desejos são os meus” não basta para lhe dar tranquilidade. Leiamos o que dita em Junho de 1950:

(…) Via o seu lado aberto e aberto o seu divino coração. Dele saía uma chuva de ouro que, em vez de cair para baixo, vinha de encontro ao meu coração. Quanta mais chuva saía do Coração de Jesus, tanto mais o meu se enchia, mais luz possuía, fogo mais intenso me queimava.

- Estou a arder, meu Jesus. Sê tu bendito por me terdes dado tanto!

Faz que eu saiba distribuir como te agrada a Ti! S (16-6-50)

Jesus exprime esta grande missão com uma bela síntese:

Enche-te para encheres, abrasa-te para abrasares. S (10-9-48)

A Alexandrina sente vivamente a inabitação, deixou-se “encher”. Por isso Jesus pode-lhe dizer:

Minha filha, assentámos lugar para sempre no trono de realeza, no trono do teu coração, Eu, o meu Pai e o Espírito Santo. Este para te encher dos seus dons, do seu amor, da sua luz.

E sabes porquê, minha esposa amada? Para tu dares, para tu comunicares às almas.

Enche-lhes os corações daquilo que está cheio o teu: cheio de amor, de graças, das riquezas divinas. S (1-6-46)

Confia, tesoureira de Jesus, cofre dos seus tesouros divinos. Confia neste Coração que te ama. Recebe o fogo deste Coração louco de amor por ti. Recebe-o a transbordar e dá-o aos que tu amas. Dá-lho: são mimos do Céu, são mimos que Eu dou por ti. Enche-os do meu amor e dá-o ao mundo que é teu. S (28-12-45)

Tenhamos presente que para receber os dons é preciso desejá-los! Jesus diz-lhe:

É amor, minha filha: é o amor do teu Jesus. Guarda para ti, guarda para as almas, dá-lho em abundância. (…)

Quando te disserem que querem os seus pecados perdoados, promete-lhes que Jesus lhes perdoa. Quando te disserem que querem o Céu, assegura-lhes, em silêncio, a salvação.

Vai, minha filha, grande encanto de Jesus. Vai e leva os meus encantos para atraíres a Mim as almas, como a Mim atraíste Me. Encantei-Me contigo.

Contigo se encantam muitas almas, porque são encantos meus. S (23-1-48)

Também nos êxtases com a Alexandrina Jesus usa a comparação da água e do fogo, como vem no Evangelho, para representar a graça, o amor:

Dá às almas as riquezas que de Mim recebes. Pede-lhes para que Eu com minha bendita Mãe sejamos amados.

Comunica-lhes, fá-las beber da água cristalina das tuas virtudes.

Comunica-lhes, incendeia-as no fogo ardente do teu coração.

Sorri na cruz. Sofre e ama sempre sorrindo.

Coragem, coragem! Leva o meu amor e vai em paz. Dá ao mundo a minha paz. S (12-5-50)

Eis que a Alexandrina, para cumprir a sua missão de salvação das almas, se lança sequiosa a beber naquela fonte divina que é o seu Jesus.

Sinto-me fortemente atraída a ir beber a uma fonte. Não deixo de beber um só instante. S (18-10-46)

Sou obrigada a ir beber essa fonte que me parece a fonte do Coração de Jesus. Sinto-me obrigada a beber, sinto-me obrigada a dar a mesma bebida, a regar com meus lábios as almas. S (25-10-46)

Sinto-me como se fosse um poço no qual nem um só instante cessam de tirar a água. Que movimento!

Esta água que é tirada salta vai para cima. Nela bebe quem quer. Este poço é inexgotável, não seca mais, tem sempre a mesma água.

Está em mim, mas não é meu; está em meu poder, e não me pertence. Contudo estou ansiosíssima por repartir, por dar a beber a todos: sinto que é água de salvação. Oh, como eu a queria dar!

Dar do que não me pertence, e não tenho escrúpulo! Roubo sem medo de ser pelo dono castigada! Ó meu Deus, ó meu Deus, queria dar tudo, tudo, toda esta água. Queria nela mergulhar todo o mundo.

Morro, Jesus, morro com ânsias! S (2-5-47)

 

5- A Alexandrina e a Eucaristia

 

Neste parágrafo Alexandrina não é mais porta-voz de Jesus, mas comunica directamente do seu coração. É claro que a fonte primária é sempre Jesus, pois a Alexandrina formou-se na sua escola.

Estes jorros completam o parágrafo precedente.

São apresentados para que, contemplando o coração da Alexandrina tão ardente de amor pelo seu Jesus eucarístico, nos deixemos fascinar por Ele e impelidos a imitá-la!

A atitude daquele coração seja a estrela que guia o nosso caminho.

Tenhamos sempre fixa aquela meta, mesmo se não chegarmos a alcançá-la, pela nossa insuficência.

Mas aproximar-nos-emos sempre mais dela, com a ajuda desta Beata tão alta, mas tão próxima.

Hoje recebi Jesus (Eucarístico). (...) Queria abraçá-lo num abraço eterno.

Queria queimar e ser queimada: dar a vida em chamas de amor. C (26-2-40)

Recebi o meu Jesus: fiquei nele e Ele mim, como se fôssemos um só.

Oh, como é doce a vida de amor! O que será a vida do céu! C (17-4-41)

Depois da Comunhão. Senti inundar a minha alma com a sua presença real.

Deu-me força para cantar e rezar até alta tarde. C (2-5-41)

Os fragmentos seguintes foram extraídos do volumezinho “Pensamentos soltos” e vão sem data.

O sacrário, a minha morada! O meu céu, o meu céu!

Ah, como sou feliz por viver com Jesus na Eucaristia! (p. 48)

“Quero entrar no Vosso sacrário e ficar lá sempre. Sinto-me bem só junto de Vós.

Que doce alimento é a Vossa Eucaristia!”  ( p. 49)

“Jesus, quero morrer louca de amor pela Vossa Eucaristia.

Ó alimento, ó vida, ó amor, ó tudo para mim!” (p.51)

“O meu Jesus, Vós conheceis bem todos os meus desejos, que são estar sempre presente nos Vossos sacrários, não me esquecer nem um instante.

Dai-me forças, meu Jesus, para que eu faça assim!” (p. 58)

E por fim, este trecho ditado pela Alexandrina, a pedido do P.e Pasquale depois duma Comunhão.

Está recolhido nos Pensamentos Soltos, p. 48.

Mas conserva-se em Balasar, num documento que tem a data: 6-9-44, inícios da direcção do P.e Pasquale.

O Tudo desceu ao nada.

A Grandeza desceu à pobreza.

O Amor desceu à frieza,

à tibieza, à miséria, à indignidade.

Que grande amor é Jesus!

Desceste do mais alto ao mais baixo.

Jesus, dai-me fogo, dai-me amor;

amor que me queime, amor que me mate.

Eu quero viver e morrer de amor.

Jesus, seja o Vosso divino amor a minha vida. Seja ele e só ele a minha morte.

Jesus, eu quero amar-vos:

amar-vos até à loucura,

amar-vos até morrer de amor.

Jesus, quero ser a predilecta,

a loucura do vosso amor...

perder-me na imensidade

do vosso amor.
 (Pensamentos soltos, p. 48)

 

Fim


[1] Estes fragmentos foram retirados do livro Venite a me! (casa ed. Mimep-Docete), esgotado.

A ordem cronológica é respeitada no interior de cada capítulo. São omitidas as “ porque é sempre Jesus que fala pelos lábios da Alexandrina.

   

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