João
Ogilvie nasceu na Escócia, em 1579 numa
localidade de Aberdeenshire ou de Banflhshire,
duma nobre família que aderiu à separação da Igreja da Inglaterra
com a de Roma. Educado numa rígida doutrina
calvinista,
João, com treze anos, foi enviado para a França e Alemanha por causa
dos estudos.
Aí,
ao deparar-se com o testemunho de vida dos
católicos, converteu-se à religião católica e
entrou no colégio escocês de Douai, transferindo-se em 1595 para
Lovaina, onde teve como mestre o famoso Cornélio Lápido. Prosseguiu
os estudos em Ratisbona no colégio dos beneditinos escoceses (1598),
depois junto aos jesuítas em Omutz, onde foi admitido no noviciado
da Companhia de Jesus em Brunn (Morávia) em 1599.
Estudou
em diversos lugares e recebeu a ordenação sacerdotal em Paris no ano
de 1610. Pediu várias vezes para lhe ser concedido trabalhar na
Escócia. Depois de dois anos e meio de petições e orações, no outono
de 1613 pôde deixar o continente e desembarcar perto de Edimburgo,
em 11 de Novembro de 1613, sob a falsa identidade de “capitão
Watson”, depois de 22 anos de ausência da pátria.
A
situação religiosa dos católicos escoceses era péssima: era crime
ouvir missa e quem assistisse corria o risco de perder além da vida
os bens para si e para os seus herdeiros, bens que eram confiscados
pelo Estado; era proibido expatriar-se a não ser mediante promessa
de não se converter no exterior.
João
passou inicialmente 6 semanas na Escócia do norte e depois
estabeleceu-se em Edimburgo. Pôde exercer um apostolado clandestino
fecundo até 3 de Outubro de 1614, quando no dia seguinte foi preso
em Glasgow, por iniciativa do arcebispo protestante João
Spattiswoode. A sua prisão durou 4 meses, em que foi submetido a um
regime desumano, sempre preso com cadeias, não podendo realizar a
não ser poucos movimentos.
Foi
torturado várias vezes, na tentativa de que apostatasse. Cinco vezes
foi chamado perante o juiz em Glasgow e Edimburgo. Pelo processo
escrito se vê a constância do mártir, no seu esforço em dar
testemunho da verdade, diante da astúcia e artimanhas dos juízes,
que pretendiam conduzi-lo ao terreno político para poder condená-lo
como rebelde. A última sessão foi no dia 10 de Outubro de 1615,
quando também foi enforcado no centro de Glasgow.
Foi canonizado em 1976. |