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João de Brébeuf
Sacerdote jesuíta, Mártir, Santo
1593-1649

Uma vida de evangelização coroada por um glorioso martírio.
Exemplo para os católicos de todos os tempos.

É bem conhecida de nossos leitores, portugueses e brasileiros, a epopeia evangelizadora dos jesuítas no Brasil, sobretudo a de Nóbrega e Anchieta. Nem todos, porém, têm ideia da amplidão da obra missionária levada a cabo pela Companhia de Jesus nos cinco continentes.

A bem dizer, não há no mundo mar, deserto ou floresta por onde não tenham se embrenhado alegre e incansavelmente os filhos de Santo Inácio de Loyola, à procura de almas para salvar.

Uma epopeia superior à dos Bandeirantes

Um deles é São João de Brébeuf, sacerdote e mártir. Nasceu ele em 25 de março de 1593, de boa família da Normandia (França). Aos 24 anos, ingressou na Companhia de Jesus e em 1625 partiu com um grupo de padres jesuítas para evangelizar as vastas regiões selvagens da América do Norte.

Impressionado pelo ardor e dedicação do jovem missionário, escreveu seu superior: “O Padre Brébeuf é o homem escolhido por Deus para estas terras”.

Muito se louva no Brasil — e com razão — o arrojo e tenacidade dos Bandeirantes em sua obra de desbravamento. Louvor maior merece a epopeia dos missionários. Sem outra arma que o Rosário, avançavam eles milhares de quilômetros pelas matas, a pé ou em precárias canoas indígenas.

Veja-se, por exemplo, a “viagem” do Pe. Bébreuf para chegar à região dos índios hurões, a cerca de quatro mil quilómetros de Québec (Canadá)! O percurso é estafante. Após subir o grande Rio São Lourenço até Montreal, é preciso passar para o Rio Outaouais, a fim de evitar o território dos iroqueses, indígenas aliados aos holandeses, inimigos da Fé católica. Em cada correnteza, muito numerosas nesse rio, é preciso desembarcar e carregar tudo nas costas, inclusive as canoas.

Narra o Santo missionário: “Cinquenta vezes ao dia, corremos risco de afundar ou de espatifar a canoa nos rochedos. Cada dia, precisamos transpor cinco ou seis quedas-d’água, sem ter, no final, outro reconforto do que um pouco de trigo esmagado entre duas pedras e cozido em água. Por leito, a terra, quando não rochas ásperas e irregulares”.

Dedicação sem limites

Padre Brébeuf, homem forte e de grande estatura, estava sempre disposto às mais humildes e difíceis tarefas. Com muito bom humor, dizia de si mesmo ser um “boi de carga”. Mas em seu diário ele anotou: “Na verdade, às vezes eu estava tão exausto que o meu corpo já não podia carregar mais. Porém, ao mesmo tempo, minha alma enchia-se de felicidade, por estar sofrendo aquilo por Deus. Só mesmo quem já experimentou esse sentimento pode entender o que digo.”

A exemplo de São Paulo, ele “fez-se tudo para todos”, entre os indígenas. “Procurem estar sempre alegres”, recomendava a seus companheiros de missão. E dava o exemplo!

Alegria heróica, pois, nos primeiros sete anos de árduos trabalhos, os resultados foram desalentadores. Isto levou-o a escrever em seu diário: “Ó, Senhor, se pelo menos Vós fôsseis conhecido! Se pelo menos os índios se convertessem a Vós e o pecado fosse abolido para sempre! Se pelo menos Vós fôsseis amado! Sim, amado Senhor, se todas as torturas que os prisioneiros nestas terras suportaram, se toda a inflexível intensidade de seus sofrimentos tivessem que ser o meu destino, eu me ofereceria a Vós para isto, de todo o meu coração.”

Oferecimento aceito, martírio consumado

Este generoso oferecimento foi aceito por inteiro.

Em Março de 1649, cerca de mil iroqueses, armados de arcabuzes fornecidos pelos holandeses, invadiram o aldeamento da missão, e levaram cativos os poucos missionários e índios hurões que escaparam ao massacre.

Escaparam ao massacre... para sofrer algo incomparavelmente pior. No mesmo dia começaram as torturas, nas quais eram mestres esses selvagens. Primeiro, queimaram os missionários com tições e com machados em brasa. Depois escalpelaram cada um deles (arrancaram o couro do crânio) e derramaram sobre a cabeça água fervente, zombando do santo Baptismo. Não pararam aí. Cortavam-lhes pedaços de carne, que eram assados e comidos em sua presença.

No meio de todos esses tormentos, a grande preocupação do Pe. Brébeuf era sustentar na Fé os índios por ele convertidos: “Meus filhos, lembrai-vos de que Deus é testemunha de nossos sofrimentos e será em breve nossa grande recompensa. Suportai com coragem os poucos sofrimentos que nos faltam. Eles acabarão com nossa vida, e nos darão a glória sem fim!”

Quanto tempo pode um homem resistir a tais torturas?

São João de Bébreuf espantou seus próprios carrascos, sofrendo “como um rochedo” durante três horas. Teria resistido ainda mais, se os ferozes selvagens não lhe tivessem arrancado o coração ainda palpitante de vida.

Qual a utilidade desse sangue?

Triunfou, com isso, a heresia e a impiedade?

De modo algum! Pelo contrário, triunfou o Pe. Brébeuf. Ele ofereceu sua vida com o objectivo de, em união com o Preciosíssimo Sangue de Jesus, conquistar almas para a Santa Igreja. Maria, Medianeira de Todas as Graças, recolhe e apresenta a seu Divino Filho os tormentos de todos os mártires, para obter graças que fecundem a obra de evangelização no mundo inteiro. O sangue dos mártires será sempre semente de novos cristãos.

Os inimigos da Fé, apesar de toda sua malícia, não conseguiram fazer outra coisa senão realizar o desejo de São João de Brébeuf, que escrevera em seu diário: “Eu sinto um enorme desejo de sofrer algo por Cristo”.

Que ele nos ajude a imitá-lo, dando testemunho de nossa Fé em todos os momentos da vida quotidiana.

Elizabeth MacDonald

http://www.revista.arautos.org.br/

 

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