Muito
pouco se sabe sobre a vida de Humberto, que nasceu no ano 656.
Pertencia a uma família da nobreza, pois seu pai, Beltrão, era rei
da Aquitânia, hoje França. Desde a infância mostrou prazer pela
caça, crescendo
forte e muito valente neste esporte. Conta a
tradição que ele, na juventude, salvou a vida do rei, seu pai, que
fora atacado por uma fera, numa de suas habituais caçadas.
Depois
disso, foi enviado para estudar na Bélgica, mas seu pai, temendo que
a corrupção daquela Corte pudesse envolver o jovem príncipe
herdeiro, enviou-o aos cuidados do rei Pepino de Lotaríngia,
Alemanha, que o preparou na carreira militar. Carreira tão cheia de
sucessos que foi recompensado com um casamento. Para esposa,
escolheu a filha do conde Dagoberto de Louvânia. Da união nasceu um
filho, Floriberto.
Segundo
uma antiga tradição cristã, a conversão de Humberto ocorreu de
maneira surpreendente. Numa Sexta-feira da Paixão, dia de
recolhimento cristão, ele resolveu ir caçar. Durante a perseguição
de um veado, este parou diante do príncipe, que viu, entre os
chifres do animal, um crucifixo iluminado. No mesmo instante, ouviu
uma voz dizendo: "Se não voltares para Deus, cairás eternamente no
inferno".
Foi
procurar seu confessor, o bispo Lamberto, que dirigia a sede
episcopal de Liège, na Bélgica, e converteu-se sinceramente,
tornando-se católico fervoroso. Pouco tempo depois, sua mulher
morreu e seu pai agonizou em seus braços. A partir desses fatos,
Humberto desistiu da vida da Corte. Abriu mão do trono em favor do
irmão, mas deixou-lhe a tarefa de educar seu filho Floriberto, que
mais tarde ordenou-se sacerdote. Entregou ao menino parte da herança
e o restante doou aos pobres, indo dedicar-se à vida espiritual,
recolhendo-se num mosteiro beneditino, entregando-se ao estudo da
religião e trabalhando como hortelão e pastor. Nessa ocasião, foi a
pé, em peregrinação, para Roma, visitar os túmulos de são Pedro e
são Paulo.
Ao
retornar, Humberto procurou o bispo Lamberto, que o ordenou
sacerdote e o enviou para evangelizar as populações que viviam nos
bosques das Ardenas. Mas pouco depois, Lamberto, que havia
transferido a sede episcopal para Maastrich, Holanda, foi
assassinado pelos inimigos do cristianismo. Humberto, então, foi
convocado pelo papa Sérgio I, que, em Roma, o consagrou sucessor
daquele bispo no ano 71.
Anos
depois, por sua conduta de homem justo, reto na fé em Cristo, na
obediência ao papa, e austero na pertinência e caridade cristã,
recebeu do Espírito Santo o dom dos milagres e da sabedoria. O seu
bispado foi de transformação, pois fundou e reformou igrejas,
mosteiros, e instituiu vasta assistência aos pobres e doentes
abandonados. Os pagãos que habitavam os bosques foram baptizados e a
região tornou-se uma grande comunidade cristã. A sua fama de
santidade espalhou-se e, em 722, pôde retornar a sede episcopal para
Liège.
Ficaram
célebres os milagres operados por Deus através de suas mãos, como
ele mesmo apregoava. Mas certo dia do ano 727, Humberto ouviu uma
voz que anunciava a aproximação de sua morte. Entregou todas as
actividades nas mãos dos seus sacerdotes e dedicou-se ao jejum, às
orações e à penitência, falecendo no mesmo ano.
Sepultado na Catedral de São Pedro, em Liège, teve sua festa
indicada para o dia 3 de novembro, data em que suas relíquias foram
trasladadas para o altar maior dessa catedral em 743. O seu culto,
muito difundido na Europa, espalhou-se para todo o mundo cristão
ocidental, que venera são Humberto de Liège como o padroeiro dos
caçadores.
Fonte:
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