Hilário era certamente
originário do sul da Gália (actual França) e nasceu no seio de uma
família que certos afirmam pagã, por volta do ano 403.
Na
sua juventude foi funcionário do governo. Durante essa mesma
juventude encontrou no Bispo de Arles, Santo Honorato (426-430) –
que parece ter tido quaisquer laços de parentesco com ele –, um
interlocutor atento e um instrutor paciente que acabou por convencê-lo
dos benefícios espirituais que poderia tirar da religião católica,
convertendo-se verdadeiramente, o que acabou por acontecer.
Mais tarde, tomou o
hábito no então já famoso Mosteiro de Lerins – fundado por Santo
Honorato e situado numa pequena ilha ao largo de Marselha – que
tantos santos deu à Igreja. Ali recebeu uma instrução digna dos
melhores, que em breve lhe iria ser de grande utilidade.
Santo Honorato, já
velhinho, foi busca-lo a Lerins, para que o ajudasse e assim viveram
juntos durante alguns anos.
Quando o velho Bispo
faleceu, Hilário tomou o caminho de Lerins, mas antes mesmo de
abordar a ilha, recebeu ordem de voltar a Arles, visto ter sido
designado Bispo daquela cidade (430-449).
Durante a sua prelatura,
foi presidente do I Concílio de Orange (441), reunido para tratar,
entre outros assuntos, da corrente sectária que então fazia grandes
estragos na religião: o semipelagianismo.
Foi incumbido,
juntamente com São Germano de Auxerre, de coibir os abusos e a pouca
instrução do clero em algumas províncias da Gália. Mas isto não se
fez sem atritos. O bispo Celidónio de Viena – outra cidade no sul da
Gália –, acusado processualmente por ele de violação e homicídio,
recorreu à Roma e obteve o apoio de Leão I, que não usou de
verdadeira caridade cristã para com o Bispo de Arles. De facto,
estando Hilário em Roma, apresentou as provas contra Celidónio ao
papa, mas este recusou-as e mandou encarcerar Hilário de modo a fazê-lo
justificar-se perante um concílio convocado para aquele fim. Hilário,
conseguiu voltar à Gália e foi excomungado pelo concílio.
Valentiniano III, levado pela decisão dos
eclesiásticos, ordenou então que o patrício Aécio, em campanha nas
Gálias, levasse Hilário à prisão, acusado de trair os princípios
pastorais da Igreja, expressos no concílio.
Pouco tempo depois os
bispos provinciais de Viena, através de uma carta, avisaram o papa
da eleição de Ravénio como Bispo de Arles (449-456 ou 461?), em
substituição de Hilário. Logo após este facto deu-se sua morte.
Deve-se a este santo
Bispo – que faleceu provavelmente em Abril de 449 – uma excelente
hagiografia de Santo Honorato, seu antecessor e amigo. |