Guilherme, era filho dos condes de Nervers e neto de Pedro, o
eremita. Sua educação foi muito religiosa. Desde a infância mostrou
o desejo de dedicar a sua vida à serviço de Cristo. Mais tarde, com
a vocação definida se consagrou sacerdote e foi nomeado o vigário
geral de Soissons e depois de Paris.
Entretanto,
assim como seu avô, decidiu deixar a vida da sociedade para se
retirar à solidão santa. A princípio foi para o mosteiro de
Gradmont, mas depois ingressou para a Ordem de Cister e se tornou um
monge. Muito preparado espiritualmente e com uma imensa bagagem
cultural, foi sucessivamente abade de Pontigny, de Fontaine-Jean, na
diocese de Soissons, e finalmente em Chaalis.
Entretanto a morte o arcebispo de Bourges em setembro de 1200
ocasionou uma grande contestação para se saber quem seria designado
como sucessor. Para acabar com as divergências foi chamado o bispo
de Paris, Otto, o qual, depois de haver rezado ao Senhor, resolveu
sortear o cargo e o vencedor foi Guilherme.
Guilherme aceitou mesmo contra a vontade esta designação, se
tornando assim o bispo de Bourges. Como novo pastor se ocupou
ativamente da sua diocese dando prova de piedade, firmeza, de
bondade e humanidade. Foi sob todos os pontos de vista um modelo
para o seu rebanho. A sua fama era tal que a nação francesa, e a
universidade de Paris, o escolheram como patrono.
Combateu a heresia dos albigenses, que pregavam uma doutrina
contrária à do cristianismo, através das orações. Durante o
pontificado de Inocêncio III, pediu para participar e seguir com a
sua cruzada, sendo prontamente autorizado por ele. Quando se
preparava para partir ficou muito doente, morrendo no dia 10 de
janeiro de 1209.
Os
milagres que se verificaram por sua intercessão logo após o seu
falecimento o levaram à canonização, que foi concedida após oito
anos de sua morte em 17 de maio de 1218, pelo papa Honório III.
O seu
corpo foi colocado em uma urna de ouro e transferido para a
sepultura em frente do altar maior da catedral de Bourges. Algumas
relíquias foram doadas à abadia de Chaalis e à igreja de São
Leodegário em Alvernia. Depois com a perseguição dos calvinistas
elas foram jogadas e dispersadas, mas em seguida, recolhidas pela
população alverniense, para em 1793, serem novamente dispersadas.
Os
ugonotas, por sua vez, haviam queimado, aquelas remanescentes da
catedral de Bourges e de Chaalis e jogado as cinzas ao vento. São
Guilherme de Bourges, como ficou conhecido, é festejado no dia 10 de
janeiro, o mesmo em que morreu. |