Gertrudes nasceu no
povoado de Brabante, na cidade de Nivelles, Bélgica, no ano 626. Seu pai era
Pepino de Landen, um homem rico e influente, descendente de Carlos Magno. Sua
mãe era Ida, nobre e muito
religiosa, que depois da morte do marido, fundou o
duplo mosteiro de Nivelles, masculino e feminino, dos quais foi a abadessa até a
morte. As filhas Gertrudes e Begga também fizeram os votos e vestiram o hábito,
passando a viver no mosteiro, ao seu lado. Após a morte da abadessa, Gertrudes
foi eleita a sucessora, tinha apenas vinte anos de idade. Mas, como o poder não
a atraia, delegou-o a um dos monges, que passou a administrar ambos os
mosteiros, enquanto ela ficou apenas com o título.
Gertrudes reservou
para si a tarefa de instruir Irmãos e Irmãs, preparando-os na fé e motivando-os
para a difusão da Palavra de Cristo. Isso significava um enorme esforço de sua
parte pois viviam numa época de ignorância, e superstições. Um eclipse, por
exemplo, era considerado um fenômeno sobrenatural e motivo de alarde para todos
os camponeses, mesmo os instruídos na fé cristã.
Ela iniciou com
vigor um grande processo de reformulação de ambos os mosteiros, chamando, da
Irlanda, monges teólogos, os mais versados nas Sagradas Escrituras, para
fundamentar essa reciclagem. Empregou toda a fortuna da família, bem como
utilizou toda sua influência para esse intento. Mandou, vários emissários a Roma
para trazerem livros, não só de cunho litúrgico, ampliando muito a biblioteca. A
missão de Gertrudes se tornara uma luta para a difusão da doutrina católica
através da instrução e pôde retirar o véu da ignorância que envolvia tanto o
clero como os habitantes em geral.
Com tanta sabedoria
e predisposição para a santidade, ela adquiriu muitos dons especiais tendo
visões, revelações e graças, durante suas orações contemplativas, seguidas de
jejuns e penitências constantes. Devota de Maria e Jesus Crucificado, seus
sacrifícios eram pelas almas do purgatório, que lhe apareciam durante as orações
sob a forma de ratos negros, mas ao final se transformavam em dourados,
simbolizando sua salvação pela Misericórdia de Deus. Essas visões ela comentava
com as monjas, estimulando as preces à essas almas abandonadas. Por isso, nas
suas representações existe sempre um rato ao seu redor. Os devotos, ainda hoje,
a evoca contra as invasões de ratos e o medo que eles provocam.
Entretanto, o que
mais a destacava era a sua profunda capacidade de compreender os anseios das
almas. Por isso, Gertrudes se revelou uma eficaz pacificadora, ao interpelar os
"senhores" locais que guerreavam entre si. Suas palavras, dotadas de sabedoria e
autoridade, traziam constrangimento à eles, que partiam para o diálogo e
conciliação.
As guerras
pacificadas e o alívio ao povo sofrido fortaleceram sua fama de santidade em
vida e gerou muitas tradições e venerações populares. Quando uma guerra era
apaziguada, os oponentes brindavam juntos com o excelente vinho daquela região.
O povo chamava a bebida de "Filtro de Santa Gertrudes", pois segundo a crença, a
bebida era um "remédio" contra a guerra e o ódio.
Ela morreu em
Nivelles, no dia 17 de março de 659, aos trinta e três anos e o seu culto foi
imediato. Entretanto, o precioso relicário que continha seus restos mortais foi
destruído num bombardeio, em 1940, que atingiu a basílica que o guardava. O que
não diminuiu em nada sua veneração no mundo católico, que continua festejando
Santa Gertrudes nesse dia.
FONTE : http://www.paulinas.org.br/home/home.aspx
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