Geraldo
nasceu em Muro, no sul da Itália, no dia 6 de Abril de 1726. Nasceu
de uma família pobre de bens, mas rica de bênçãos. Domingos Majela e
Benedita Majela foram os seus pais. O pai, Domingos, era alfaiate. A
mãe,
Benedita,
era lavadeira. Os dois se amavam com um amor imenso. Deste amor puro
e santo nasceu-lhes o Geraldo. O filho, Geraldo, tinha o jeito de
anjo. Era bom. Era uma graça. Era de paz.
Ele foi
baptizado no mesmo dia em que nasceu. Seus pais entendiam que Deus
em seus planos não deixa ninguém nascer à toa. Quem nasce é para ser
gente; é para sentir-se amado e saber-se capaz de amar. É neste
sentido que está certo quem disse: "Amar a vida é mais do que
construir catedrais!"
O
menino Geraldo era franzino de corpo. De espírito, porém, era
robusto. Deus lhe deu uma inteligência brilhante. Os professores
logo viram nele um prodígio.
Em
geral as crianças são egoístas e cheias de manhas. Por incrível que
pareça, Geraldo com apenas 7 anos já sabia quem eram os outros para
ele. Que beleza quando na família os pais ensinam o evangelho aos
filhos com a vida! Foi dos pais que Geraldo aprendeu desde pequeno o
amor ao trabalho e a sabedoria da oração. Daí floriu a sua vocação.
Conforme o testemunho de suas próprias irmãs, ele era muito dedicado
às devoções, também se confessava todos os dias e se disciplinava
diariamente.
Aos
sete anos, em vista da pobreza da família, dirigia-se à ermida de
Capodigiano, onde recebia um pãozinho branco que o Menino Jesus lhe
entregava e com quem ele brincava. Somente mais tarde, quando já na
Congregação, Geraldo compreende quem era aquele Menino.
Entregava-se à oração. Sua mãe encarregava-se de educá-lo na fé.
Conforme ele mesmo conta, como tivesse muita vontade de comungar e
que por causa de sua idade não lhe era possível, São Miguel
apareceu-lhe de noite para lhe dar a comunhão. Assim como - afirma
posteriormente - também fazia o próprio Menino Jesus.
Juventude
Por
causa da necessidade do lar, sua mãe o mandou à alfaiataria do
senhor Martin Pannuto, mestre alfaiate, para que Geraldo aprendesse
uma profissão e assim pudesse ajudar nas despesas da casa. Aí sua
bondade de vida e sua simplicidade eram interpretadas como
estupidez, e todos zombavam dele, insultavam-no, chegando até a
maltratá-lo. Mas sua resposta era sempre: "Meu Deus, que se faça
a tua vontade". Ali, no esforço diário, foi assimilando o
mistério da Cruz de Cristo.
Trabalhando para o Bispo
Quando tinha 14 anos, chegou Dom Albino à cidade de Muro e lhe
administrou o sacramento do crisma, que deverá ser o sinal da
fortaleza e do valor que marcarão toda a sua vida. Dom Albino era
natural de Muro.
Com o
Bispo, lá se foi Geraldo para ser seu empregado. Nesse ofício
precisou praticar verdadeiro heroísmo. Um sacerdote contemporâneo
deixou por escrito, sob juramento, esta declaração: "O bispo
irascível se irritava por qualquer coisinha. Impacientava-se com
tudo. Se nunca chegou a bater em Geraldo, contudo, não lhe poupou
toda classe de censuras".
Dom
Albino cria-se no direito de fazer o que bem entendesse com seu
jovem empregado. Fazia-o trabalhar sem descanso e reprovando-o
sempre de não fazer tudo o que devia e de fazê-lo mal. Era
impossível agradá-lo. Geraldo, por sua parte, tinha para com ele
grande respeito e dedicação. Seu espírito de mortificação e
penitência encontrou ali um bom lugar de realização.
A tudo
isso ia unindo seus jejuns e uma intensa vida de oração. O tempo que
passava numa capela da vizinhança era algo que se repetia
diariamente. Mas o bispo adoeceu. E Geraldo, depois de cuidar dele
como se fosse seu próprio pai, após a sua morte, teve de deixar
Lacedónia.
Trabalhando na Alfaiataria
Em
1745, com 19 anos, voltou para Muro onde montou uma alfaiataria. Seu
negócio prosperou, mas ele não ganhou muito dinheiro. Praticamente
dava tudo para os outros. Guardava o que era necessário para sua mãe
e suas irmãs e dava o resto aos pobres ou para Missas em sufrágio
das almas do purgatório. Geraldo não passou por uma conversão
repentina e espectacular, apenas foi crescendo constantemente no
amor de Deus. Durante a Quaresma de 1747 ele resolveu ser
completamente semelhante a Cristo o quanto lhe fosse possível. Fez
penitências mais severas e procurava explicitamente a humilhação,
fazendo-se passar por louco e sentindo-se feliz quando riam dele nas
ruas. Sua preocupação com os pobres e necessitados era grande, ao
ponto de se privar do necessário, quando via alguém sofrendo
penúria.
Buscando sua vocação
Mas
Geraldo sentia que o Senhor tinha escolhido para ele um outro lugar.
Assim, entra em contacto com os capuchinhos, mas em vão solicita ser
admitido, mesmo na condição de empregado. Não é aceito, dada sua
saúde precária e sua aparência doentia. Para Geraldo esse golpe foi
terrível. Contudo, entrega-se à oração, pedindo a Deus que o
encaminhasse para vida religiosa.
Mas
tendo chegado a Muro seu amigo Luca Valpiedi, antigo condiscípulo,
parte com ele para ajudá-lo em seu colégio, no cuidado das crianças.
Ali encontrou um novo calvário. Naquele tempo caiu-lhe em mãos certa
obra de António de Olivedi, intitulada: "O ano doloroso de Jesus
Cristo". Cada palavra daquele escrito foi um dardo penetrante no
coração do nosso jovem Geraldo. Sentiu crescer extraordinariamente
suas ânsias de sofrer mais e mais para assemelhar-se ao Redentor.
Vocação
Quando
tinha 22 anos chegaram a seu povoado alguns missionários. Eram os
Redentoristas, e entre eles achava-se o irmão Onofre que contou a
Geraldo como era sua vida. Mas, percebendo que o jovem estava
entusiasmado, mudou de assunto, dizendo-lhe que ele não resistiria
àquele tipo de vida.
Pouco
tempo depois voltaram os missionários. Entre eles estava o padre
Paulo Cáfaro, que depois de muito vaivém e oposições, lhe permite
que o acompanhe ao convento. "Meu filho, lhe diz, você me venceu.
Recebo-o como religioso, e que Deus lhe dê saúde e forças para
perseverar até a morte".
Enviou-o para lliceto com uma carta ao superior. Na carta ele dizia:
"Aí vai um irmão inútil para o nosso trabalho. Ele não tem saúde. É
fraco. Mas eu não pude rejeitar sua admissão sem dar-lhe uma chance.
Ele insistiu até cansar-me e é grande a consideração que lhe têm os
moradores de Muro". Geraldo vibrou. Deixar a casa, sua mãe e as
irmãs foi um drama para Geraldo. Teve de fugir. Deixou-lhes apenas
um bilhete, no qual dizia: "Querida mamãe e irmãs, fugi. Já estou
com os Redentoristas. Não se preocupem. Vou tornar-me santo.
Esqueçam-me. Adeus"!
Vida
Religiosa
No dia
17 de maio de 1749, Geraldo partia radiante de alegria para a casa
de noviciado de Iliceto. Em Novembro desse mesmo ano vestia a batina
redentorista e começava sua interiorização na vida religiosa.
O Padre
Cáfaro seria o seu mestre de noviciado, e também seu director
espiritual. E sendo esse sacerdote tão severo, contudo, teve de se
esforçar por moderar para que Geraldo não se consumisse pelas
penitências.
Desde o
começo, passou a ser na comunidade um modelo de abnegação e serviço.
Trabalhador como só ele, muito dedicado à oração, exemplo de
virtudes. Tudo isso fez com que ganhasse logo a simpatia e estima de
seus confrades. No dia 16 de julot de 1752 fez sua
profissão religiosa.
Já
religioso, sua vida desenvolvia-se no cuidado constante de seus
deveres comunitários, de um modo especial, prestando serviços a seus
irmãos, e na preocupação pelo seguimento de Cristo missionário,
anunciando aos pobres a palavra divina. Sua vida era a concretização
das Regras. O respeito por seus coirmãos e em particular pelos
superiores (nos quais encarnava a vontade de Deus), atingia os
limites de heroicidade. Pensemos como soube calar-se diante de
santo Afonso quando foi caluniado...
Actividades do Irmão Geraldo
No
convento de Iliceto realizavam-se retiros espirituais para
sacerdotes e leigos no decorrer do ano. Para Geraldo era uma ocasião
propícia para extravasar o seu zelo. Muitos pecadores que nem sempre
se comoviam com as palavras dos pregadores se rendiam às exortações
e súplicas do zeloso Irmão. Até padres renitentes no mal, tocados
pelas humildes considerações de Geraldo, mudavam de vida.
Nesta
quadra de sua existência a fama de sua santidade ia crescendo sempre
mais e inúmeros foram os prodígios a ele atribuídos
como curas de muitos doentes. Sempre que podia, Geraldo continuava
sua assistência aos pobres e necessitados tanto é verdade que tempo
é questão de opção. Ele nem falhava nas tarefas que os superiores
lhe davam, nem à oração na qual vivia imerso e ainda tinha como ir
ao encontro dos indigentes e doentes. Isto se deu sobretudo quando,
diante das dificuldades do Convento, foi escalado para recolher
esmolas.
A
Grande Provação
A
santidade verdadeira deve sempre ser testada pela cruz, e assim, em
1754, Geraldo devia sofrer uma grande provação, aquela que bem pode
ter merecido a ele o poder especial para assistir às mães e a seus
filhos. Uma das suas obras de apostolado era a de encorajar e
assistir as moças que queriam entrar para o convento. Muitas vezes
ele até garantiu o necessário dote para alguma moça pobre que de
outra forma não poderia ser admitida numa ordem religiosa.
Néria
Caggiano era uma das moças assistidas desta forma por Geraldo.
Porém, ela achou desagradável a vida do convento e dentro de três
semanas voltou para casa. Para explicar sua atitude, Néria começou a
espalhar mentiras sobre a vida das freiras, e quando o povo de Muro
recusou-se a acreditar em tais histórias a respeito de um convento
recomendado por Geraldo, ela resolveu salvar sua reputação
destruindo o bom nome do seu benfeitor. Para isto, numa carta
dirigida a santo Afonso, o superior de Geraldo, ela o acusou de
pecados de impureza com a jovem de uma família em cuja casa muitas
vezes Geraldo ficava nas suas viagens missionárias.
Geraldo
foi chamado por santo Afonso para responder a acusação. Mas em vez
de se defender, permaneceu em silêncio, seguindo o exemplo do seu
divino Mestre. Diante deste silêncio, santo Afonso nada pôde fazer
senão impor ao jovem religioso uma severa penitência: foi negado a
Geraldo o privilégio de receber a santa Comunhão e foi-lhe proibido
todo contacto com os de fora.
Não foi
fácil para Geraldo renunciar aos trabalhos pelo bem das almas, mas
este era um sofrimento pequeno em comparação com a proibição de
comungar. Sentiu isto tão profundamente, que chegou a pedir para
ficar livre do privilégio de ajudar a Missa, receando que, a
veemência do seu desejo de receber a comunhão o fizesse arrancar a
hóstia consagrada das mãos do padre no altar. Algum tempo depois,
Néria ficou gravemente enferma e escreveu uma carta a santo Afonso
confessando que as suas acusações contra Geraldo não passavam de
invenção e calúnia. O santo ficou cheio de alegria ao saber da
inocência do seu filho. Mas Geraldo, que não ficara deprimido no
tempo da provação, também não exultou indevidamente quando foi
justificado. Em ambos os casos sentiu que a vontade de Deus tinha
sido cumprida, e isto lhe bastava.
Últimos
Dias
Geraldo
tinha exigido de seu corpo mais do que ele podia dar. Sua saúde
estava destruída. A anemia consumia-o e seus pulmões já não
trabalhavam como deviam. Contudo, continuou esforçando-se em servir
os outros e em enfraquecer sua pessoa.
Em 1755
Geraldo sai para pedir esmolas para a construção do convento de
Caposele. Sente-se mal. É a tuberculose. Estava com 29 anos. Ao
morrer diz ao superior: "Meu leito é a vontade de Deus. Ele e eu
somos uma só coisa".
No dia
16 de Outubro de 1755, com apenas 29 anos de idade, e somente 7 na
Congregação, entregou a Deus seu espírito. Seus funerais foram grandiosos e soleníssimos. De Caposele e
de todos os povoados vizinhos, a multidão acorreu atropelando-se
para despedir-se do santo e solicitar graça por sua intercessão. E como em vida realizou tantos prodígios, maiores foram os milagres que
realizou depois da morte. E a piedade popular que por ele sente a
Itália e muitos outros lugares, é com justa razão.
A
Canonização
Embora
a fé no santo fosse muito grande, contudo, somente em Abril de 1839
foi aberto em Muro o processo recolhendo os testemunhos daqueles que
o tinham conhecido e daqueles que tinham recebido alguma graça por
meio dele.
Em
1847, Sua Santidade Pio IX concedeu-lhe o título de Venerável e em
1893 o Papa Leão XIII o declarou beato. Finalmente, no dia 11 de
Dezembro de 1904, o Papa Pio X canonizou Geraldo Majela em meio a
uma magnífica cerimónia, como é costume em tais ocasiões.
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