Era
natural de Almenara (Castellón), onde nasceu em 3 de Janeiro de
1870. Recebeu o Baptismo no dia seguinte. Orfã de pai quando tinha
um ano de idade, aos oito perdia a sua mãe. Estas experiências
marcariam a sua vida, mas nem por isso deixava de mostrar um
carácter alegre, forjado desde muito cedo na virtude da fortaleza.
Teve de se ocupar dos cuidados da casa, onde vivia com seu irmão, o
que a ajudou a amadurecer a sua personalidade e responsabilidade de
adulta prematura.
Não
pôde frequentar muito tempo a escola, mas não se descuidou da
catequese. Em 1877 recebeu a Confirmação, fez a sua primeira
Comunhão sem o trajo habitual, mas não foi isso que a impediu de
receber Jesus na simplicidade do seu coração, que lhe valeu um amor
profundo à Eucaristia.
Leu
livros de carácter espiritual deixados em casa por sua mãe: num
deles aprendeu que devia fazer sempre a vontade de Deus, máxima que
permaneceu com ela ao longo da sua vida.
O
trabalho, fome e poucos cuidados de saúde acarretaram-lhe um tumor
numa perna que, por causa da gangrena, teve de ser amputada, quando
ela tinha apenas treze anos. Foi operada em sua casa, com cuidados
rudimentares, amputaram-lhe a perna pela coxa, o que lhe trouxe
dificuldades para toda a vida. Todos esperavam a sua morte, mas
refez-se na saúde e voltou ao trabalho doméstico, acompanhada pelas
muletas, companheiras para o resto da vida. Foi internada no
Orfanato "Casa de Misericórdia" de Valência, onde mostrou a sua
devoção à Eucaristia, Coração de Jesus, Virgem Maria e Santos
Apóstolos. Ajudada pelo Capelão, fez grandes progressos na sua vida
espiritual, o que a levou a pedir a entrada nas Carmelitas da
Caridade, que orientavam a casa. Não foi admitida pela sua
deficiência ; e começou a querer descobrir qual seria a vontade de
Deus a seu respeito.
Sentiu
a dificuldade em que estavam muitas mulheres : a solidão. Pensou
fundar um Instituto religioso que respondesse a essa necessidade.
Começou com duas companheiras, recebendo em casa diversas pessoas
necessitadas. Viviam do seu trabalho de bordados e costura. Novas
casas foram precisas, porque a necessidade era maior do que parecia.
Ao mesmo tempo, promoveu vigílias de adoração eucarística nocturna.
No
entanto, a sua vida parecia uma peregrinação no deserto, buscando
sempre a vontade de Deus, que aceitava com firmeza. E em 2 de
Fevereiro de 1911, fundava a primeira Casa, que seria o berço das
Irmãs do Sagrado Coração de Jesus e dos Santos Anjos, com o carisma
e a missão de "aliviar a solidão das pessoas que, por diversas
circunstâncias, vivem sós e necessitadas de carinho, de consolo, de
amor e de cuidados no seu corpo e no seu espírito". Genoveva foi
nomeada Directora. Não queria somente "Casas", mas "Lares", para que
as pessoas sentissem menos dificuldades e maior afecto pessoal.
A
sociedade foi erecta como "Pia União" em 1912, com o primeiro
regulamento em 1914. As Casas multiplicaram-se em várias cidades da
Espanha e, em 1925, a Pia União foi reconhecida como Instituto
religioso de direito diocesano; Madre Genoveva e dezoito religiosas
emitiram os votos perante o Bispo diocesano de Saragoça, tendo
Genoveva sido eleita Superiora-Geral. Pio XII aprovaria o Instituto
como religioso de direito pontifício em 1953.
Sofreram com a perseguição religiosa da república e guerra civil,
mas Madre Genoveva a todas incutia paz e esperança. Protegeram
muitas pessoas nas suas casas, entre religiosos e seculares. Quando
em 1954 deixou o seu cargo de Superiora, soube aceitar o seu ser de
simples religiosa, sempre obediente à nova Madre-Geral. Todas as
casas começavam pelo Sacrário, porque, dizia: "estando Jesus em
casa, nada temo". Em todas soube inculcar uma característica da
sua espiritualidade: a adoração-reparação da Eucaristia, que havia
de se desenvolver em três notas: espírito de humildade e
simplicidade que busca somente a Deus em todas as coisas, espírito
de obediência com a entrega do juízo próprio à vontade de Deus nas
disposições dos superiores e espírito de caridade, que gera nas
Irmãs o ardor apostólico pela glória de Deus e a salvação das almas.
Repetia sem cessar nos seus escritos a palavra "amor" : "Que
somente o amor me impulsione a trabalhar", ... "Deus merece ser
servido com fidelidade e amor"; "o amor nunca diz: basta".
Faleceu
em Saragoça em 5 de Janeiro de 1956, aos oitenta e seis anos de
idade. O povo depressa começou a chamá-la o "Anjo da solidão". Hoje,
presentes na Espanha, na Itália, no México e Venezuela, as suas
Irmãs trabalham na catequese, casas de Exercícios espirituais,
evangelização nas paróquias e escolas.
João
Paulo II beatificou-a em Roma, no dia 29 de Janeiro de 1995 e Madrid
foi agora, o palco da sua Canonização, que aconteceu a 4 de Maio de
2003. |