A
figura mais interessante do reinado de Pedro II, segundo La
Borderie, infelizmente é conhecida só por documentos tardios.
Francisca nasceu em Thouars (França) no dia 9 de Maio de 1427, filha
do Visconde Luis d’Amboise e da Baronesa Maria de Rieux.
Rica
herdeira, viu-se quase desde o princípio desejada pelo favorito de
Carlos VII, Jorge de La Trémoille, para seu filho Luís; a infeliz
criança teve de fugir com a mãe e colocar-se sob a guarda do
condestável de Richemont, em Parthenay.
Este
influente protector negociou o casamento de Francisca, aos quatro
anos, com o seu sobrinho Pedro, segundo filho do Duque da Bretanha.
Por isso foi ela transportada para Nantes e educada na corte da
Bretanha. Sua futura sogra, Joana, irmã de Carlos VII da França,
imprimiu em sua alma um espírito profundamente cristão.
Contratado em 1431, o casamento só veio a celebrar-se dez anos mais
tarde. Os jovens esposos estabeleceram-se então em Guingamp.
Em 1450, na Catedral de Reims, era coroada como Duquesa da Bretanha
juntamente com seu esposo.
De
comum acordo, decidiram conservarem-se castos e oferecer à alta
sociedade um modelo de lar cristão com a prática assídua de excelsas
virtudes. Juntos se consagraram à Virgem Maria em seu Santuário de
Folgoët, onde deixaram marcada uma Missa a ser celebrada todos os
sábados.
Francisca soube frear os excessos da moda feminina na corte e se
dedicou particularmente às obras de piedade e caridade. Todas as
quartas-feiras onze donzelas pobres se sentavam à sua mesa; no dia
Natal escolhia um menino pobre, o vestia com roupas novas e o
hospedava como representante do Menino Jesus, às Quintas-feiras
Santas lavava os pés de doze pobres e lhes oferecia roupas novas.
Desejando prolongar a boa influência de São Vicente Ferrer, que foi
canonizado durante o reinado de seu esposo Pedro II, Francisca
interessou-se especialmente pelas casas religiosas e fundou um
convento de Clarissas em Nantes e um Carmelo em Vannes, o primeiro
convento feminino desta Ordem em território francês.
Trabalhou tanto a favor da religião católica que, segundo disse um
historiador, "Deus se serviu desta jovem para realizar uma
reforma geral na Bretanha e para fazer reflorescer, depois de tantas
desgraças, um século de ouro".
Após a
morte de seu esposo e conhecendo a fundo as misérias da corte,
resolveu tornar-se monja de clausura. Teve que enfrentar mil
dificuldades: Luís XI, Rei da França, fez todo o possível para que
desistisse de seu plano; tudo foi em vão, e o monarca acabou se
desenganando quando ela, ao receber a Comunhão, fez em voz alta o
voto de castidade.
Depois
de um encontro providencial com o Beato João Soreth († 1471), na
ocasião Prior Geral dos Carmelitas, se decidiu pela Ordem Carmelita
de clausura, que havia sido instituída pouco antes canonicamente
pela Bula "Cum nula" de Nicolau V, datada de 7 de Outubro de 1452.
Resolvidos todos os seus compromissos ducais, o Beato mesmo lhe
impôs, com toda solenidade, o hábito. Junto com um grupo de
carmelitas vindas da Bélgica, Francisca iniciou sua vida religiosa
no convento de Vannes, fundado por ela.
Renunciou a seus títulos e não quis ser tratada com especial
distinção, mas ser considerada “uma humilde serva de Cristo”. Desde
então seu grande empenho foi tornar efectiva sua total entrega a
Deus.
Em 1475
foi nomeada priora pela comunidade. Mas a afeição de Francisco II e
da esposa Margarida de Frois que desejava aproximá-la deles, obteve
de Roma a transferência do mosteiro para Nantes. Ali ela também
exerceu o cargo de priora.
No
exercício deste cargo alimentava o espírito de suas religiosas com
sábias "Exortações", que foram publicadas mais tarde. Ela era
exemplar em todas as virtudes, especialmente por seu espírito de
oração e penitência. Insistiu sempre na prática do silêncio, da
obediência e da pobreza. Introduziu a comunhão frequente e uma
estrita clausura.
Suas
últimas palavras foram: "Adeus, minhas filhas! Vou provar o que é
amar a Deus sobre todas as coisas". Ela expirou no dia 4 de
Novembro de 1485.
A Beata
é considerada fundadora das Monjas Carmelitas na França e foi a
primeira santa desde que o Carmelo feminino teve existência
canónica. O seu culto litúrgico foi reconhecido pelo Papa Pio IX em
16 de Julho de 1867.
Fonte: Santos
de cada dia, Pe
José Leite, S.J. |