“É NA TUA PEQUENEZ
QUE EU ESCONDO A MINHA GRANDEZA”

Vamos ler a página do Diário da Beata Alexandrina escrita em 6 de Dezembro de 1952 – Primeiro sábado.

Depois de ter recebido a Sagrada Comunhão, a Beata Alexandrina teve com Jesus e Maria o colóquio habitual de cada primeiro sábado do mês.

Diz ela “que logo que o Senhor deu entrada no seu cora-ção se sentiu logo outra”, por que “Ele entrou triunfante e fez-lhe desaparecer a dor e os instrumentos que a fe-riam”. E logo Jesus vai falar-lhe do Céu, afirmando-lhe que este é lindo e pedindo que ela o diga às almas...

Para dar mais força a este pedido, Jesus afirma-lhe que os homens, para merecerem a divina mansão e evitarem o fogo eterno, “devem evitar o pecado e amarem o seu divino Coração” que está tão triste porque muitos prefe-rem o pecado, preferem entregar-se “às paixões desre-gradas”, preferindo assim o fogo eterno ao gozo eterno no Paraíso.

― “Fala às almas, minha pomba bela ― insiste Jesus ―, instrui-as nas coisas do Senhor, põe-lhes nos seus cora-ções, quanto possível, o horror do pecado. Fala-lhes, fala-lhes muito do meu amor. Diz-lhes que as quero para Mim”.

E, para que Alexandrina nunca disso se esqueça, nunca esqueça a missão que lhe fora confiada, Jesus lembra-lhe : ― “Foi a missão que te escolhi”.

— “Ó Jesus, só Vos podíeis encantar com aquilo que é Vosso !... De meu, só podeis encontrar o pecado e com esse não Vos podeis encontrar. O que eu sou, meu Jesus !... o que é a minha miséria…”

Extraordinário acto de humildade !

Virá depois a Mãezinha encorajá-la e aconselhá-la a nada negar ao seu bendito Filho que muito a ama e que tem para ela um lugar reservado no Céu...

* * * * *

« Passei a noite com o peito e o coração atravessado de espinhos e lanças. A dor era tão grande, tão grande, só podia ser dor infinita. A tristeza era infinita. A tristeza era mortal. As ânsias de receber o meu Jesus, insuportáveis. Neste transe doloroso, preparei-me para O receber o melhor que pude. Ele veio, e, logo que deu entrada no meu coração, senti-me outra. Ele entrou triunfante e com o Seu triunfo fez-me desaparecer a dor e os instrumentos que me feriam e falou-me desta forma :

— “Que lindo, que lindo é o Céu, minha filha. Fala dele às almas. Diz-lhes quanto elas devem sofrer, quanto devem evitar o pecado e amarem o meu divino Coração, para o merecerem. É belo o Céu, minha filha. Oh ! como é belo !... Com que dor, com que mágoa, Eu digo que o Céu é belo, porque os meus filhos, os meus queridos filhos, não querem gozar dele. É grande a minha tristeza. É infinitamente grande a minha dor. Os meus filhos, os meus queridos filhos, não querem o Céu, não querem gozar de Mim. As paixões, as paixões desregradas, levam-nos à recusa dum belo Céu, dum Céu triunfante, duma eternidade de gozo. Fala às almas, minha pomba bela, instrui-as nas coisas do Senhor, põe-lhes nos seus corações, quanto possível, o horror do pecado. Fala-lhes, fala-lhes muito do meu amor. Diz-lhes que as quero para Mim. Foi a missão que te escolhi. Foi para tudo isto que por Deus foste criada. Tu és a alegria, a glória, o encanto do Paraíso”.

— Ó Jesus, só Vos podíeis encantar com aquilo que é Vosso !... De meu, só podeis encontrar o pecado e com esse não Vos podeis encontrar. O que eu sou, meu Jesus !... o que é a minha miséria…

— “É na tua pequenez, violeta escondida, que Eu faço nascer, crescer, florescer as virtudes mais belas, os encantos mais atraentes. É na tua pequenez que Eu escondo a tua grandeza. É com a tua humildade que as almas se elevam para Mim. Dia, minha filha, ao teu Paizinho, àquele que Eu escolhi para teu guia e guia de muitas almas, que o Senhor pôs nele, depositou nele o que de mais caro tinha na terra. Diz-lhe que fez dele luz, para ser luz, que o fez ternura e amor, para só de ternura e amor ele fazer viver as almas. Diz-lhe que dias mais alegres, mais felizes o esperam. Diz-lhe que o sol brilha nas trevas e aquece os corações que estavam frios e no erro. Diz-lhe que ele consola o Senhor, agrada ao Senhor, ama o Senhor e vive sobretudo a vida do Senhor. Diz ao teu médico que a chuva de graças não cessa de chover, não deixa de cair sobre o seu lar em flor, sobre o seu jardim perfumado. Diz-lhe, diz-lhe que “mãos à obra”. Nada de desânimo, nada de tristeza. Olhos ao Céu, confiança no Céu, confiança no seu Deus e Senhor. Diz-lhe que estou nele e ele em Mim; que triunfo nele e ele comigo. Avante, avante. O meu Divino Coração espera muito, muitíssimo dele. Criei-o para a mais árdua missão, mas não lhe faltarão as graças e todos os meios para bem a desempenhar, conforme é a vontade santíssima do Senhor. Dá-lhe amor, paz e alegria. Vem, minha Mãe bendita, Virgem da Conceição, pôr firmes no Céu os olhos da nossa filha, como estão os teus no trono do Altíssimo. Minha Mãe bendita, dá-lhe a tua pureza, a tua candura e amor. Veste-a de tudo o que é teu. Faz dela o maior dos nossos encantos. Minha filha, minha querida filha, aceita o meu Imaculado Coração. Pertence-te, como te pertence O de Jesus. Vive de Mim, como de Jesus. Vive para Mim como vives para Jesus. Faz que a minha pureza e imaculada Conceição sejam amadas como tu as amas. Faz com que muitas almas Me imitem, sobretudo, minha filha, sobretudo os sacerdotes, para exemplo e guia de todas as almas. Jesus está triste. Eu estou triste!... Há tão poucos, tão poucos, puros e imaculados!... São tantos, tantos a perderem-se e a fazer perder as almas. Consola, consola os nossos Divinos Corações e dá-nos toda a reparação que te pedimos”.

— Ó Mãezinha, ó Mãezinha, como tu és bela! Fazei, Mãezinha, fazei, Mãezinha, que eu seja bela também, e que esta beleza e que esta pureza eu as possa dar às almas, mas sobretudo, sim, sobretudo às que mais se me recomendam. Ó Mãezinha, ó Mãezinha, pela Vossa Conceição Imaculada Vos peço, atendei às minhas preces, a todas, todas as minhas preces. Apresentai-as a Jesus e fazei que sejam despachadas a meu favor.

— “Minha filha, minha filha, vai em paz depois de receberes as minhas carícias e as de Jesus. Nada nos negues, nada nos negues. Leva, minha filha, o amor da bendita Mãe e o amor do teu Jesus. leva a paz e a doçura dos Nossos corações. Vai distribuí-los, vai distribuí-las como quiseres por todos os que amas e que nós amamos. Tem coragem ! Confia que o Céu está perto !”

— Obrigada, Jesus. Obrigada, Mãezinha. »[1]


[1] Sentimentos da alma : 6 de Dezembro de 1952 – Primeiro Sábado.

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