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“Escolheste a melhor parte”

Como Maria Madalena, a Beata Alexandrina “escolheu também a melhor parte” : estar aos pés de Jesus e “beber-lhe” as palavras.

Alexandrina deve estar sempre, a cada momento do dia e da noite de guarda diante de todos os sacrários do mundo, porque todos os dias e a todas as horas, e neste mais particularmente, “a esta hora, assim como Judas pensava o meio para Me entregar, assim os pecadores pensam nos crimes com que Me hão-de ofender.”

Palavras tristes e graves que mais motivam a entrega total da “Doentinha de Balasar” : ela não pode ver ou saber Jesus sofrer, logo se oferece generosamente, aceitando tudo quanto o Senhor deseje...

“E eu então oferecia-me a Nosso Senhor em espírito a todos os sacrários, para que esses crimes caíssem sobre mim e não em Nosso Senhor”, explica ela ao seu Pai espiritual.

Alexandrina ama a Virgem Maria e é também por Ela muito amada, como o afirma nesta mesma carta :

“Disse-me Nosso Senhor que amasse muito a Nossa Senhora que também me amava muito e que por ela eu tinha sido muito beneficiada.”

* * * * *

« Balasar, 8 Novembro de 1934

Viva Jesus !

Sr. P Pinho,

Chegou, enfim, outra quinta-feira e cá estou eu, outra vez, a contar-lhe como Nosso Senhor me tem beneficiado.

Disse-me Nosso Senhor :

— Minha filha, minha filha, como eu te amo que me não posso separar de ti.

E eu disse a Nosso Senhor :

― Ó meu Jesus eu quero ser toda, toda vossa.

E disse-me Nosso Senhor :

— Se soubesses como me consolas quando me dizes que queres ser toda, toda minha ! E sabes onde eu te quero muito unidinha a mim ? É nos meus sacrários, mas mais naqueles em que se passam dias e dias sem ninguém me consolar e sem me visitar. E são tantos ! Lá, nos meus sacrários, podes amar-me, podes consolar-me, podes alegrar a minha solidão e podes oferecer-te pelos pecadores; lá podes servir de vítima pelos pecados do mundo, nesta quadra em que o mundo se revolta contra mim e contra a minha Igreja ! Nesta quadra em que o mundo não encontra mais meios nem crimes mais horrendos para praticar contra mim.

Disse-me também que me dizia como a Madalena eu que escolhi a melhor parte :

— Amar o meu coração, amar-me crucificado é bom. Mas amar-me nos meus sacrários, onde me podes contemplar não com os olhos do corpo mas com os olhos da alma e do espírito, onde estou em corpo, alma e divindade como no Céu, escolheste o que há de mais sublime.

E disse-me ainda :

— O tempo passa, o tempo é breve e eu escolho-te um lugar no Céu muito pertinho de mim, assim como na terra escolheste estar junto de mim nos meus sacrários.

Sexta-feira e sábado passados tive a consolação de receber o meu querido Jesus. Senti uma grande união com Nosso Senhor, mas o que me parecia é que não fazia boa preparação nem boa acção de graças, mas fiz o melhor que eu pude mas não consegui ouvir a voz de Nosso Senhor; estava muito triste, mas não perdi a confiança. Então, no sábado à tarde, falou-me assim o meu querido Jesus :

— Para quê esse desânimo, essa tristeza ? Já esqueceste o que te tenho dito ? Que assim aumento mais em ti o meu amor ? Tem confiança minha filha, tem confiança. Minha filha, filha minha, cá está o sábado outra vez, dia destinado a honrar a minha Santíssima Mãe e que é tão ofendida porque se associa a mim e pediu-me que me associasse também. A esta hora, assim como Judas pensava o meio para me entregar, assim os pecadores pensam nos crimes com que me hão-de ofender. Ó dia, ó noite de pecados, de crimes  horrendos para os meus sacrários !

E, disse-me Nosso Senhor, que muitos pecadores estavam já às portas do inferno, que só faltava entrarem para dentro. Que lhe pedisse por eles e que reparasse que me prometia grande recompensa. Das 10 às 11 da noite do mesmo sábado, tornou-me a falar assim:

— Minha filha, olha o teu Jesus, olha os meus sacrários a esta hora! Ai, tantos pecados ! Ai, tantos crimes ! Olha a paga da minha morte e de toda a minha paixão !

E disse-me que eram mais os crimes que naquela hora caiam nos sacrários do que as balas nas batalhas das grandes guerras. E eu então oferecia-me a Nosso Senhor em espírito a todos os sacrários, para que esses crimes caíssem sobre mim e não em Nosso Senhor. E o meu Jesus, dizia-me :

— Pede-me, repara, sustenta o braço da minha justiça, que não quer mas tem que os castigar.

Domingo e segunda, nada tenho que lhe contar ; na terça, à tardinha, falou-me o meu Jesus, e disse-me assim :

— Minha filha, ó amor do meu amor, eu estava contigo, não te abandonei. Estava a ver os caminhos que seguias sem a voz do teu Jesus. Mas estou contente contigo, amaste-me no silêncio e na minha união mas ainda não estou satisfeito. Quero mais, ainda: deixa tudo o que é o mundo, o que não seja a minha obra; o teu lugar é nos sacrários, sempre nos sacrários a amar-me muito, a consolar-me, a pedir-me pelos pecadores, cuja malícia refina.

E disse-me Nosso Senhor que, à medida que eu fosse reparando e amando, Ele iria concluindo, no Céu, a minha coroa, que estava tão linda, tão linda! Disse-me, mais ainda, que precisava de não me falar, pois assim me unia mais a Ele e acendia mais em mim o seu divino amor e que era para concluir a sua obra. Disse-me o meu Jesus que me voltava a falar naquela noite e assim foi, pelas 10 horas e meia, eu sentia os efeitos de Nosso Senhor em minha alma, sentia um enorme calor, parecia que me abraçavam, e disse-me Nosso Senhor :

— Olha o meu amor ! Quero consumir-te nas chamas do meu amor ! Anda passar um pouquinho da noite alerta nos meus sacrários, nas minhas prisões : são tuas e minhas. O que me levou para as prisões foi o meu amor para tantos. Para quê ? Não crêem na minha existência. Não crêem em que habito lá. Blasfemam contra mim. Outros acreditam mas não me amam, não me visitam, vivem com se eu lá não estivesse. Anda para lá, são teus e meus, escolhi-te para me fazeres companhia naqueles abrigos, tantos tão pobrezinhos ! Mas, lá dentro, que riqueza ! É a riqueza do Céu e da Terra. Pede-me pelos pecadores para que ouçam a voz do Criador. Chamo-os e digo-lhes : “arrepiai o caminho ; não foi para isto que vos criei ; não foi para isto que morri por vós.”

Disse-me Nosso Senhor que amasse muito a Nossa Senhora que também me amava muito e que por ela eu tinha sido muito beneficiada. Perdão, perdão por todas as minhas faltas : abençoe por caridade a pobre,

                        Alexandrina M. C.

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