Eusébio nasceu na ilha da Sardenha, no ano 283. Depois da morte do
seu pai, em testemunho da fé em Cristo, durante a
perseguição do
imperador Diocleciano, sua mãe levou-o para completar os estudos
eclesiásticos em Roma. Assim, muito jovem, Eusébio entrou para o
clero, sendo ordenado sacerdote. Aos poucos, foi ganhando a
admiração do povo cristão e do papa Júlio I, que o consagrou bispo
da diocese de Vercelli em 345.
Nessa condição, participou do Concílio de Milão em 355, no qual os
bispos adeptos da doutrina ariana tentaram forçá-lo a votar pela
condenação do bispo de Alexandria, santo Atanásio. Eusébio, além de
discordar do arianismo considerou a votação uma covardia, pois
Atanásio, sempre um fiel guardião da verdadeira doutrina católica,
estava ausente e não podia defender-se. Como ficou contra a
condenação, ele e outros bispos foram condenados ao exílio na
Palestina.
Porém isso não o livrou da perseguição dos hereges arianos, que
infestavam a cidade. Ao contrário, sofreu muito nas mãos deles. Como
não mudava de posição e enfrentava os desafetos com resignação e
humildade, acabou preso, tendo sido cortada qualquer forma de
comunicação sua com os demais católicos. Na prisão, sofreu ainda
vários castigos físicos. Contam os escritos que passou, também, por
um terrível suplício psicológico.
Quando o povo cristão tomou conhecimento do fato, ergueu-se a seu
favor. Foram tantos e tão veementes os protestos que os hereges
permitiram sua libertação. Contudo o exílio continuou e ele foi
mandado para a Capadócia, na Turquia e, de lá, para o deserto de
Tebaida, no Egito, onde foi obrigado a permanecer até a morte do
então imperador Constantino, a quem sucedeu Juliano, o Apóstata, que
deu a liberdade a todos os bispos presos e permitiu que retomassem
as suas dioceses.
Depois do exílio de seis anos, Eusébio foi o primeiro a participar
do Concílio de Alexandria, organizado pelo amigo, santo Atanásio. Só
então passou a evangelizar, dirigindo-se, primeiro, a Antioquia e,
depois, à Ilíria, onde os arianos, com sua doutrina, continuavam
confundindo o povo católico. Batalhou muito combatendo todos eles.
Mais
tarde, foi para a Itália, sendo recepcionado com verdadeira
aclamação popular. Em seguida, na companhia de santo Hilário, bispo
de Poitiers, iniciou um exaustivo trabalho pela unificação da Igreja
católica na Gália, atual França. Somente quando os objetivos estavam
em vias de serem alcançados é que ele voltou à sua diocese em
Vercelli, onde faleceu no dia 1º de agosto de 371.
Apesar de ser considerado mártir pela Igreja, na verdade santo
Eusébio de Vercelli não morreu em testemunho da fé, como havia
ocorrido com seu pai. Mas foram tantos os seus sofrimentos no
trabalho de difusão e defesa do cristianismo, passando por exílios e
torturas, que recebeu esse título da Igreja, cujo mérito jamais foi
contestado. Com a reforma do calendário litúrgico de Roma, de 1969,
sua festa foi marcada para o dia 2 de agosto. Nesta data, as suas
relíquias são veneradas na catedral de Vercelli, onde foram
sepultadas e permanecem até os nossos dias. |