Eulógio
talvez seja a vítima mais célebre da invasão da Espanha pelos árabes
vindos da África ao longo dos séculos VIII ao XIII. Entretanto,
inicialmente todos os cristãos espanhóis não eram candidatos ao
martírio
ou
à escravidão e os Califas não eram tidos como intolerantes e
sanguinários. Ao contrário, a Espanha gozava, sob a dominação dos
árabes, longos períodos de paz e de benesses, determinantes para o
desenvolvimento de um alto padrão de civilização, diferente do
concedido pela dominação dos romanos.
Também
na religião, eles pareciam tolerantes. Não combatiam o Cristianismo,
mas o mantinham na sombra e abafado, sem força para se difundir,
para fazer progressos, para que não entrasse em polémica com a
religião do Estado, ou seja, a muçulmana. Desejavam um Cristianismo
adormecido.
Mas os
católicos da Espanha não se submeteram aos desejos dos árabes. Não
por provocação aos muçulmanos, mas porque a sua fé, vivida com
coerência, não podia se apagar pela renúncia e pelo silêncio. Também
Eulógio, nascido em Córdoba de uma família da nobreza da cidade, foi
um desses cristãos íntegros. Ele era sacerdote de Córdoba quando a
perseguição aos cristãos começou e já era famoso pela cultura e
actuação social audaciosa, ao mesmo tempo em que trabalhava com
humildade junto aos pobres e necessitados. Formado na Universidade
de Córdoba, muito requisitada na época, ele leccionava numa escola
pública e se reciclava visitando dezenas de museus, mosteiros e
centros de estudos.
Escrevia muito, como por exemplo os livros: "Memorial" e "Apologia",
nos quais fez uma contundente análise da religião muçulmana
confrontada com a cristã, pregando a verdade que é a liberdade pela
fé em Cristo. Essa defesa da fé e dos fiéis ele apregoava na escola
pública onde leccionava bem como nos conventos e igrejas que
visitava, aprimorando os preceitos do cristianismo aos fiéis e às
pessoas que o escutavam, conseguido milhares de conversões.
Por
isso, e por assistir aos cristãos presos, os quais amparava na fé, o
valoroso padre espanhol irritou as autoridades árabes que, apesar do
respeito que tinham por ele, mandaram prende-lo. Baseado no que
ocorria nos calabouços, onde eram jogados os cristãos antes da
execução da pena de morte, escreveu a "História dos Mártires da
Espanha". Uma obra que registrou para a posteridade o martírio de
pessoas cujo único crime era manter sua convicção na fé em Cristo.
Depois,
libertado graças à influência de familiares e autoridades locais,
voltou a actuar com a mesma força. Falecido o bispo de Córdoba,
Eulógio foi nomeado para o cargo. Passou então a ser considerado
líder da resistência aos muçulmanos e, quando conseguiu converter a
filha de um influente chefe árabe, a paciência dos islâmicos chegou
ao fim. Eulógio foi novamente processado, preso e, desta vez,
condenado à morte.
Sua
execução se deu no dia 11 de Março de 859. Data que a Igreja manteve
para sua festa, já muito antiga para os cristãos espanhóis e os da
África do Norte, depois estendida para todos os cristãos, pela
tradição de sua veneração.
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