ESCRITOS DA BEATA ALEXANDRINA

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É natural que as pessoas comecem por ter curiosidade de conhecer a biografia da Beata Alexandrina, mas é igualmente natural que essa curiosidade se dirija depois para os seus escritos. Neles podem conhecê-la a partir da sua palavra e podem sobretudo conhecer o que Jesus e sua Mãe nos querem dizer através dela.

Por isso, a partir de agora e certamente durante bastante tempo, vamos colocar aqui escritos seus. Hoje é esta carta ao P.e Pinho, a primeira que lhe dirigiu, proximamente poderá ser uma página dos Sentimentos da Alma ou da Autobiografia, etc.

Já se definem aqui alguns traços, talvez os principais, do seu estilo: clareza, leveza, despretensão, delicadeza, um humanismo de excelente qualidade, uma piedade cheia de bom-senso. Ao contrário de tantas das suas páginas, nesta carta só ouvimos a sua voz, não intervêm Jesus nem a sua Mãe Santíssima.

 

“Balasar, 28 de Agosto de 1933.

Viva Jesus!

Senhor Padre Pinho,

Então como tem passado desde o dia 20 até hoje? O grande excesso de trabalho não agravou o estado de saúde de Vossa Reverência? Sempre tenho pedido isso a Nosso Senhor; oxalá as minhas orações sejam ouvidas. Quanto mim, tenho passado muito mal do coração; tenho perdido bastantes forças e por essa razão pedi à minha irmã para me escrever esta, para não estar a fazer esforços.

Agora tenho a agradecer a Vossa Reverência o livrinho que me mandou (não fazemos ideia do livro a que se refere). Não é fácil imaginar como fiquei contente! Havia talvez uma hora que eu tinha estado a chorar porque sentia muitas saudades ao pensar as palavras que me dizia e que tanta consolação davam à minha pobre alma; e o carinho com que tratava esta pobre doente! E agora pensar que estou tão distante de Vossa Reverência! Mas bem me reconheço indigna de uma tão grande graça, de lhe poder falar mais vezes; mas vejo que Nosso Senhor vela por mim porque fez com que o Sr. P.e Pinho, mesmo no meio de tantos trabalhos, me não pudesse esquecer.

Recebi a carta de Vossa Reverência, li-a muitas vezes; em a ler me sentia mais forte para amar a Nosso Senhor e por Ele sofrer tudo quanto fosse da sua santíssima Vontade. Não me tenho esquecido, nem nunca mais me posso esquecer, de tudo quanto me pediu. E peço que continue a fazer a caridade de pedir por mim.

Então terei a consolação de no dia 16 me vir visitar? Quanto ao carro, espero que se arranje, mas queria que Vossa Reverência fizesse o favor de mandar dizer ao certo se vem, e a hora, para se poder prevenir, porque pode haver dificuldades nesse dia devido à festa de Nossa Senhora das Dores, na Póvoa; mas no caso de não conseguir o carro, um sobrinho do Sr. Abade de Cavalões, que é nosso primo, tem uma mota muito boa que pode transportar algumas pessoas, e penso que se prontificará a isso, no caso de ser preciso — a não ser que Vossa Reverência não possa vir nela, atendendo ao estado de saúde em que se encontra; mas se não puder, sempre de há-de conseguir um carro. Eu sem a visitinha é que não posso ficar! A hora, marcará a que melhor lhe convier: se for de manhã, fazemos gosto que Vossa Reverência jante aqui.

Peço perdão de todas as minhas faltas.

Muitas lembranças de minha mãe e irmã, que Vossa Reverência não se enganou que ela tem passado parte do tempo na cama. Sou esta que pede que a abençoe,

Alexandrina Maria da Costa”

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