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ESCRITOS DA BEATA ALEXANDRINA

“SENTIMENTOS DA ALMA”
— 1945 —

5 de Abril de 1945 – Sexta-feira

Continuo a sentir duas coisas ao mesmo tempo: a perda de Jesus e a perda das almas. A perda de Jesus faz-me sentir tal horror e revolta que não se pode explicar. Quero amaldiçoar esta perda e amaldiçoar a terra. Parece que me atormentam todos os horrores do inferno. Sinto que era melhor perder tudo e tudo sofrer do que perder a Jesus. Só a Sua perda basta para ser o maior martírio do corpo e da alma.

— Meu Jesus, perder-Vos! E sobre esta grande dor cai o peso da Vossa justiça divina.

Que tormento e dor sem igual. E a perda das almas! Ai quanto custa! O meu coração corre atrás delas. Que ternura e amor lhes dispensa. A alma com os seus olhares vê a sua fugida. Que agonia! Não há amor que as prenda, não há palavras que as comova, nem ouvidos que as escutem. Correm, correm para a perdição. Oh, que dor a de Jesus. E que dor a minha, sentindo isto. Não posso consentir que as almas se percam. Esta manhã, com a vinda de Jesus ao meu coração, levantaram-se em mim novas ânsias que deram princípio dum novo mundo dentro em meu coração. É um edifício mundial a construir-se. As ânsias são de pureza e de amor; o edifício é levantado com isto. Que chamas ardentes, que fogo abrasador. Esta pureza e este amor não são meus, não me pertencem; pertencem ao edifício, pertencem ao mundo. Meu Deus, que ânsias consumidoras. Queria falar ao mundo inteiro, queria falar só em amor e pureza; só destas riquezas queria que ele vivesse. Durante a tarde, senti-me no grande convívio, nuns grandes laços da mais estreita amizade. De manhã, senti um novo mundo de amor. Ao cair da tarde, a grande ceia do amor. Amor, que grande ingratidão recebeu. Com esta ingratidão vi e senti a cruz atravessada em meu coração; era regada com o sangue que momento a momento jorrava dele. a cada respiração saía uma golfada de sangue. Dolorosa quinta-feira, tão cheia de espinhos. A dor tirava-me a vida. Já de noite, veio o demónio, maldoso como sempre. Figurou-se-me que, com os seus dentes, retalhava o meu corpo e punha em bocadinhos o terço e levava para longe a imagem da Mãezinha. Foram só as manhas dele, depois da luta, tudo tinha junto de mim. Que estrondo fazia o meu coração.

— Queres gozar? Oh, quanto vale o prazer! Posso sossegar. Oh, como tu pecas!

Quando ele bailava de satisfação, veio juntar-se ao gozo, que ele chama gozo à dor a que só com um milagre de Jesus se pode resistir. Com muito custo chamei por Jesus, chamei muitas vezes, a afirmar-Lhe sempre que não queria pecar. Os demónios com caras muito feias afirmavam o contrário. Veio Jesus, e à Sua voz divina eles fugiram. Ele chamou:

— Anjo bendito, suaviza a dor da minha esposa, da minha vítima, da minha crucificada; leva-a ao seu lugar: é vítima da pureza, vítima do meu amor, vítima das almas.

Depressa tomei a minha posição, sem esforço, sem sentir dores. Depressa vieram as nuvens negras, as dúvidas de ter ofendido gravemente a Jesus.

 

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