Ermelinda nasceu em Lovenjoul, próximo de Louvain, no Brabante
(actual Bélgica), filha de Ermenoldo e Armesinda, de família ilustre
ligada aos duques do Brabante.
Recebeu
uma educação adequada à sua classe social, mas longe de prender seu
coração aos atractivos da vaidade ou ao brilho da grandeza, desde
criança ela aspirava pela vida solitária, pela oração e pela
Pala-vra de Deus.
Recusando qualquer proposta de casamento e tendo feito voto de
castidade, para que seus pais não a ligassem a nenhum compromisso,
cortou seus cabelos, renunciou às pompas do século e dedicou-se
inteiramente a Deus praticando severas austerida-des.
Mas,
desejando ainda maior entrega, deixou a casa paterna e foi viver em
Bevec (Beauvechain). Ali, pés nus, Ermelinda ia à igreja onde
passava os dias e as noites em oração. Ela não tinha outra ambição
que ser uma humilde serva de Nosso Senhor.
Advertida por um anjo que dois jovens senhores do local iam tentar
seduzi-la, ela abandonou Bevec e fugiu para Meldrik (chamada depois
Meldaert ou Meldert), na atual Diocese de Malinas (Mechelen).
Ermelinda passou ali os restantes dias de sua vida, vivendo de ervas
e numa ascese semelhante a dos antigos solitários do deserto do
Egito, combatendo o demónio e a carne. Ela faleceu no final do
século VI, ou no início do século VII, no dia 29 de outubro.
Anos
depois, o local onde seu corpo fora enterrado pelos anjos foi
encontrado. Em 643, uma capela foi erguida no local onde fora
sepultada e numerosos milagres ocorreram ali.
Há doze
séculos Santa Ermelinda é venerada em toda Diocese de Malinas
(Mechelen), mas particularmente em Meldert e em Lovenjoul. Em
Lovenjoul surgiu uma fonte de água milagrosa, que obtém a cura das
doenças dos olhos, chamada “Fonte de Santa Ermelinda”, porque irriga
as terras que pertenceram aos seus pais.
A
partir do século XIII suas relíquias sofreram inúmeras vicissitudes,
transladações, ocultação, para protegê-la das profanações dos
invasores e dos ímpios durante a invasão francesa em 1792.
Finalmente, em 22 de julho de 1849, foram definitivamente
depositadas na igreja de Meldert num magnífico relicário. Nesta
cidade existe ainda a Confraria dedicada a esta Santa.
A
Diocese de Malines a festeja no dia 29 de outubro, tradicionalmente
tido como o dia de sua morte.
O nome
Ermelinda caiu em desuso, mas existe ainda numa forma abreviada,
Linda. O nome Ermelinda é de origem alemã: ‘Erme’ = ‘poderosa’;
‘linda’, de ‘linta’ = ‘escudo’. Portanto, temos aí um “escudo
poderoso” que é venerado há séculos numa demonstração do apreço que
Deus Nosso Senhor tem por esta sua dedicada e fiel serva. |