ALEXANDRINA E O MÊS DE
JUNHO
EMISSÃO 33
O mês
de Junho é o mês do Sagrado Coração de Jesus!
Neste
mês, mais do que em qualquer outro do ano, as almas e os corações
dos fiéis sentem uma maior atracção por esta Fonte de amor que é o
Coração do nosso Deus, na pessoa de Jesus Cristo, nosso Salvador e
Redentor.
É
também neste mês de Junho que mais nos tornamos para a devoção mais
do que milenária a este Coração que tanto ama os homens e que deles
recebe tantos ultrajes e tantas blasfémias, justamente para reparar
esses pecados de lesa-majestade, dos quais Jesus se queixou à
sua serva, Santa Margarida Maria de Alacoque e, mais perto de nós à
Beata Maria do Divino Coração e mais particularmente ainda à nossa
tão querida Alexandrina Maria da Costa.

E foi
justamente a esta que Jesus disse um dia, como para nos
tranquilizar:
— Coragem a todos, o que é de Deus não morre; é certo o triunfo. Vou
dar-te o sangue do meu divino Coração, a minha vida divina da qual
só vives e dás às almas. (S. 06-01-1945)
Alexandrina estava sempre muito atenta à mais pequena munição do
Senhor e tudo fazia para o consolar, para em tudo fazer a sua divina
vontade. Um dia – em Janeiro de 1953 – Jesus agradeceu-lhe este
zelo, o que a surpreendeu e a levou a exclamar humildemente:
– Ó Jesus, não tendes que agradecer a esta miserável filhinha. Sofri
muito. Não fui eu, Jesus, fostes Vós no meu corpo. Só Vós fostes
a minha força. Dei-Vos muito, meu Amor? Não Vos dei nada do que era
meu: dei-Vos o que era Vosso. Sou eu, Jesus, sou eu a agradecer. O
meu eterno “obrigada”, Jesus. (S. 02-01-1953)
Mas
Jesus já antes, a 30 de Março de 1945, dia do aniversário da
Alexandrina, lhe tinha agradecido e até mesmo apresentado as suas
congratulações pelo dito aniversário. A resposta da Alexandrina,
também foi cheia de humildade e de filial submissão à divina
Vontade:
– Falai,
falai, meu Jesus, são para Vós as felicitações, as saudações e os
louvores. O que faço eu sem Vós, meu Jesus? O que sou eu sem Vós?
Podeis dizer, podeis falar, a grandeza é Vossa, a miséria é minha.
(S. 30-03-1945)
Quantas
e quantas vezes, no decorrer dos anos, Jesus lhe apresentou o seu
divino Coração como abrigo, como refúgio contra os males do mundo…
— Minha filha, ó minha filha, vem cá. Dá-me as tuas mãos. Vem para a
barquinha do Meu Divino Coração. Por Mim és salva como foram os meus
apóstolos. Este mar é o mar das paixões, esta fúria tempestuosa é a
fúria louca dos vícios. (S. 30-04-1954)
E
ainda:
— Vem, minha filha, vem viver de Mim, fortalecer-te de Mim. Este mar
é o mar dos vícios, é o mar das paixões. Não te manchaste nelas. Fui
buscar-te ao fundo para te dar conforto e levantar-te de tal
desfalecimento. Tu vais a este mar de vícios sem conta e de toda a
espécie buscar as almas e trazê-las ao meu Divino Coração. (S.
21-05-1954)
Mas, a
Alexandrina tinha sempre presente a sua missão: salvar as almas e, a
sua resposta ao Senhor é clara e demonstra a sua coragem no
desempenho da mesma missão:
— Vós não Vos cansais, Jesus. Perdoai a todos. Lembro-Vos as minhas
intenções. (S. 26-03-1954)
Provavelmente, por isso mesmo, para a “premiar” pela coragem que
demonstra, Jesus também lhe mostra o seu amor, o seu carinho, como
aqui:
— Aceita, no dia do meu Divino Coração, dou-te, renovo-te a oferta
do meu Divino Coração. Tudo quanto ele tem é teu: riquezas, amor,
misericórdia e perdão. Por ti tudo será dado às almas. És o segundo
canal por onde passa para o mundo tudo o que é meu. (S. 25-06-1954)
Jesus
ama a Alexandrina – a maior alma vítima, como Ele mesmo o disse – e
porque a ama muito, exprime-se como o esposo do Cântico dos
Cânticos:
— Minha filha, as minhas delícias eram estar no teu coração,
fazer-te gozar e viver na mesma alegria comigo. As almas, as almas,
o mundo assim o exigem. Oh! Se eu tivesse mais almas vítimas que se
dessem por Mim e por elas como a vítima deste
calvário!... Quero
vítimas, quero vítimas! (S. 06-08-1954)
Durante
este mês de Junho, vamos portanto meditar sobre os textos – muito
numerosos! – em que se fala do Coração de Jesus.
Jesus
quer ter necessidade de cada um de nós no mistério da redenção e nos
convida, para que juntos reparemos os crimes do mundo e obtenhamos a
misericórdia divina. É pungente esta queixa de Jesus – que é ao
mesmo tempo um convite à conversão:
— Minha filha, chora comigo nas mesmas lágrimas. Sente igualmente a
dor do meu Divino Coração. O mundo, o mundo, os pecadores, são a
causa de tudo isto. Não foste tu a beber o veneno. És a
vítima daqueles que o
bebem. Não foste tu a prender o coração e a língua com cadeias, mas
sim o demónio, para que não mais possa ter remédio. (S. 18-06-1954)
Esperemos que as nossas orações obtenham conversões duráveis e
sinceras e que Jesus possa dizer à cada um de nós, como o disse à
Alexandrina:
— Como é bela esta cena! Jesus vai ao fundo do mar buscar a vítima
das almas. A vítima das almas penetra em todo este abismo para as
conduzir e introduzir no Coração do seu Esposo, Jesus. Calvário
ditoso, viveiro das almas! Se tu visses como elas vêm a Mim,
canseirosas como as formiguinhas para o celeiro! (S. 21-05-1954)
Porque,
diz ainda Jesus:
— Minha filha, quero todos os corações e todas as almas, reunidas
numa só mão, numa só massa, numa só vida, num só amor, que é o amor
de Jesus e tudo introduzir e fechar no Seu Divino Coração.
Esta
ansiedade dava-me a morte, se Jesus não me conservasse a vida
– confessa a Alexandrina. (S. 20-08-1954)
E, para
que Jesus possa também fazer a cado um de nós o que fez à querida
Alexandrina, sejamos diligentes nas “coisas” de Deus:
Jesus meteu dentro do meu peito o Seu divino Coração. Era como um
vaso dos mais ricos e belos que se podem imaginar. Todo ele era
ouro, todo ele eram chamas. (S. 27-08-1954)
Santo
mês de Junho para todas e todos, amigos e devotos da Alexandrina
Maria da Costa que a Santa Igreja beatificou em 25 de Abril de 2004.
Afonso
Rocha |