Os “santinhos” da Beata Alexandrina
Emissão 24
Amigos
auditores, é de notoriedade pública que os Santos que a Igreja
beatificou ou canonizou, tinham as suas devoções e os seus
“santinhos” de predilecção.
Sabe-se
que Santa Teresa de Ávila tinha uma devoção muito particular por S.
José, esposo de Maria e que a propagação da mesma devoção ao mesmo
grande Santo foi a missão de Santo André Bessette que no Canadá
mandou construir uma enorme igreja em sua honra.
Sabemos
igualmente que S. João Baptista Vianney, o Santo Cura de Ars, tinha
uma devoção muito especial por Santa Filomena e que Santa Teresinha
do Menino Jesus tinha grande admiração pela Venerável carmelita,
Irmã Maria de S. Pedro, que esteve na origem da devoção à Santa
Face.
Como
estas grandes Santas e Santos, a Beata Alexandrina tinha também os
seus “santinhos” de devoção.
Para
com Santa Teresinha do Menino Jesus ela tinha uma devoção muito
grande, ao ponto que esta Santa Doutora da Igreja lhe apareceu logo
da primeira vez que a Alexandrina sofreu a Paixão do Senhor.
Na sua
Autobiografia ela escreveu:
“Vi
por duas vezes Santa Teresinha. Na primeira vez, via vestida de
freira, entre duas irmãs, à porta do Carmelo. Na segunda, vi-a
cercada de rosas e envolvida num manto celestial”.
Ela
considerava santa Teresinha como sua irmã espiritual.
No seu
Diário de 3 de Outubro de 1947 — que era então o dia em que a Igreja
celebrava a jovem Santa —, encontramos este diálogo entre as duas
almas predilectas de Jesus:
«Veio Santa Teresinha, vestida de luz, com um diadema formosíssimo.
Como Ela era linda e bondosa! Abraçou-me, beijou-me muito e num
abraço prolongado disse-me:
— Minha irmã, minha querida irmã, esposa do Meu esposo e filha do
meu Senhor. Tem coragem! Que grande glória te espera no Céu! Que
formosa coroa formada do teu martírio. Sofre com alegria, conta com
a Minha protecção, aqui na terra, e virei ao teu encontro, na
passagem para a eternidade.
― Santa Teresinha, minha querida Santa Teresinha, confio em ti,
conto com a tua protecção, ama por mim a Jesus e à Mãezinha e a toda
a Santíssima Trindade. Apresenta-Lhe todos os meus pedidos, alcança
para todos os que me são queridos e toda a minha família as bênçãos
e graças do Céu; lembra-te de todos a que a mim se recomendam,
lembra-te do mundo inteiro.»
Alguns
anos mais tarde, a 2 de Outubro de 1952, voltamos a encontrar as
palavras que então a Alexandrina dirigiu à sua querida “irmã
espiritual”:
«Teresinha, Teresinha, minha querida amiga, roga por mim ao Senhor.
Ama por mim Jesus, ama por mim a toda a Santíssima Trindade, ama por
mim a querida Mãezinha. Teresinha, Teresinha, minha querida amiga,
quero abraçar-te, quero estreitar-te muito ao meu pobrezinho
coração. Vela por mim, ajuda-me na minha cruz, no meu calvário.
Quero, quero abraçar-te e não mais separar-me de ti. Ah! se eu fosse
contigo para o Céu!... Já lá estaria com certeza, se como tu
soubesse amar, se como tu soubesse sofrer e mais ainda se como tu
soubesse ser pura e santa. Obrigada, obrigada, minha querida
Teresinha, pela tua chuva de rosas.»
Simplesmente comovente!
Pela
agora Santa Jacinta Marto a Alexandrina tinha igualmente uma grande
devoção, toda envolvida de ternura e carinho. Muitas vezes lhe
rezava e a invocava, como podemos ler na mesma Autobiografia, como
ela recorreu a ela logo do seu internamento de 40 dias no Porto:
«Tinha aos pés da minha cama um retrato da pequenina Jacinta, que me
mandaram para lá. Eu olhava-a com amor e, então, já sem temer que as
vigias contassem ao médico, dizia assim: ‘Querida Jacinta, tu, tão
pequenina, soubeste o que isto custa! Ajuda-me, lá do Céu onde
estás’.»
O Padre
Mariano Pinho, seu primeiro director espiritual, a certo momento —
penso que em 1932 ou 1933 — enviou-lhe uma estampa da então beata
Gema Galgani, com esta indicação: “Eu depois lhe explicarei quem ela
foi”. E é de crer que na verdade ele lhe explicou quem fora a Santa
italiana, porque depois a Alexandrina teve por ela uma devoção
sincera e muitas vezes a invocava nas suas orações diárias, como
aqui:
«Ó
Santa Teresinha, Santa Gema, ó São José e santos meus queridos,
valei-me.»
Acabámos de ver que ela recorria a S. José, casto esposo de Maria.
A
Alexandrina tinha pelo santo Patriarca uma devoção sem limites e
nele depositava uma grande confiança, pois sabia ser grande a sua
intercessão junto de Jesus que Ele criou e educou durante tantos
anos em Nazaré.
Algumas
vezes o viu-o em visão como ela nos conta no seu Diário de 11 de
Janeiro de 1945:
«Vi
S. José, vi a Mãezinha com uma criancinha ao colo agarrada ao seu
pescoço santíssimo. Ela sorria alegremente para mim.»
Em
algumas situações de mais perigo para a sua alma, particularmente
durante os ataques do demónio ela implorava o Céu de vir ajudá-la na
luta, como aqui em 18 de Janeiro de 1945:
«Por
algumas vezes pude fitar a Jesus Crucificado, Jesus pequenino, a
Mãezinha e S. José.»
Terminarei a minha conversa de hoje com este pedido de Jesus à
Alexandrina, no dia 20 de Março de 1945:
«Minha filha, desejo tanto que o meu querido pai S. José seja
conhecido e amado! Anseio que todos os esposos o imitem, as esposas
imitem minha Mãe santíssima, os filhos a Mim. Queria que todos os
lares, todas as casas fossem semelhantes à de Nazaré.»
Meus
amigos, tenhamos todos e cada um ou cada uma, em particular, a Beata
Alexandrina como nossa “santinha” preferida.
Posso
testemunhar que ela nos escuta e intercede por nós.
Afonso
Rocha |