PAIXÃO VISÍVEL
Emissão -
22
Prosseguindo estas emissões sobre a Beata Alexandrina Maria da
Costa, vou-vos falar hoje de como a Alexandrina começou a viver, de
maneira visível a Paixão de Jesus.
Isto
não aconteceu de repente: Jesus preparou-a para isso. Vejamos como
ela mesma o explica ao se Director espiritual:

«Quinta-feira, dia 6 de Setembro de 1934, o Sr. Abade veio trazer
Nosso Senhor a uma doente minha vizinha, e ao mesmo tempo trouxe
também para mim. Depois de comungar não sei como fiquei; estava
fria, parecia-me que não sabia dar graças. Mas, louvado seja o meu
bom Jesus! não olhou para a minha indignidade, nem para a minha
frieza. Parecia-me ouvir dizer:
—
“Dá-me as tuas mãos que as quero cravar comigo; dá-me os teus pés
que os quero cravar comigo; dá-me a tua cabeça que a quero coroar de
espinhos, como me fizeram a mim; dá-me o teu coração que o quero
trespassar com a lança, como me trespassaram à mim; consagra-me o
teu corpo, oferece-te toda a mim, que te quero possuir por completo
e fazer o que me aprouver”.
Este
pedido surpreendeu a “Doentinha de Balasar”, o que perfeitamente se
compreende, como ela mesma o explica, na mesma carta ao seu Pai
espiritual:
«Foi
isto o bastante para me ter tido muito preocupada. Não sabia o que
havia de fazer; calar-me e não dizer nada, parece-me não ser a
vontade de Nosso Senhor, parece-me que o meu bom Jesus não queria
que eu ocultasse isto. Isto repetiu-se na sexta-feira, e hoje, dia
de Nossa Senhora, assim como também a obediência em tudo, como já
expliquei a Vossa Reverência. Será isto uma ilusão minha?»
O medo
de se enganar e pela mesma ocasião enganar os outros estava sempre
presente no seu espírito.
Um mês
vai passar e, Jesus vai voltar a falar na Paixão, explicando mesmo o
que lhe aconteceu:
«Quando Nosso Senhor me pede o meu corpo
— escreveu a Alexandrina —, quando chega à coroação de espinhos,
diz-me:
—
“Que dores horríveis eu senti quando Me coroaram de espinhos! Perdi
tanto sangue, e tanto inútil! Fiquei exausto de forças, as minhas
carnes despedaçadas, até a minha beleza desapareceu. E no meio de
tantos algozes queres, minha querida filha, participar comigo de
toda a minha Paixão? Oh! não me dês uma negativa! Ajuda-me na
redenção do género humano!”
A
proposta torna-se clara: “Ajuda-me na redenção do género humano”.
A
Alexandrina continuava perplexa e mesmo duvidosa, e até mesmo o
demónio procurava fazê-la duvidar; eis porquê, no dia 5 de Outubro
de 1934, Jesus diz-lhe:
«Que
temes tu, minha filha, se Eu estou contigo? Eu sou o teu Senhor, o
teu Amado, o teu Esposo e o teu Tudo. Fixei em ti a minha morada,
sou o teu mestre, aprende as minhas lições e pratica-as: Eu te darei
aquele amor com que desejo que tu me ames.»
E,
referindo-se directamente ao demónio, Ele pergunta:
«A
quem queres obedecer, a Mim e ao teu director ou ao demónio? Manda
dizer ao teu pai espiritual que te vou modelando e preparando para
coisas mais sublimes.»
No ano
seguinte, a 30 de Julho de 1935, Jesus vai-lhe falar pela primeira
vez da consagração do mundo à Virgem Maria. Muitos vão duvidar —
durante quase 3 anos — da realidade deste pedido. Então o Senhor vai
dar um sinal de como é bem Ele que pede a Consagração do mundo à sua
bendita Mãe: A vivência, de maneira visível da Paixão todas as
sextas-feiras a partir das três horas da tarde.
Esta
“Paixão” pública começou no dia 3 de Outubro de 1938 e durou até 20
de Março de 1942, sinal que a consagração ia ser feita e foi mesmo,
no dia 31 de Outubro desse mesmo ano, pelo Papa Pio XII.
As
pessoas que eram autorizadas a assistir à dita Paixão saiam daquele
pequeno quarto com as lágrimas nos olhos… e muitos saiam de lá
convertidos.
O
diálogo travado entre Jesus e a Alexandrina todos o podiam ouvir,
porque a “Doentinha” repetia em voz alta as palavras de Jesus, que
foram escritas por diversas pessoas, mas sobretudo pela Deolinda e
pela professora Sãozinha.
Terminemos esta emissão com uma bela promessa de Jesus à sua esposa
de Balasar:
— Minha filhinha, vive só para Mim; ama-Me muito, pensa só em Mim, e
já que tão generosamente te ofereceste como vítima pelos pecados do
mundo, eu colocarei em ti como que um canal para passar as graças às
almas para toda a qualidade de crimes, para que tu me conduzas
muitas almas.
Quantos
e quantos podem testemunhar a veracidade destas divinas palavas! Eu
sou um deles!
A Beata
Alexandrina é na verdade um canal que liga as almas a Deus.
Afonso
Rocha |