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O Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo

Emissão - 18

Depois de vos ter falado nas emissões precedentes dos dois directores espirituais da Alexandrina, vou hoje falar-vos do seu médico, a quem Jesus chamou carinhosamente de Cireneu, o Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo.

Aproveito para informar que sobre ele, o meu bom amigo Professor José Ferreira editou uma longa biografia.

Manuel Augusto de Azevedo nasceu em Ribeirão, uma aldeia pouco distante de Balasar e perto de Famalicão em 21 de Setembro de 1874.

Depois da escola primária ingressou no Seminário de Braga, onde estudou até ao curso de teologia e depois entrou na vida civil. Professou no Colégio de Ermesinde e prestou serviços notáveis na diocese do Porto, nos anos 30.

Retomou os estudos na Universidade de medicina do Porto e obteve o seu diploma, voltando depois para a sua terra natal, onde exerceu até à sua aposentação.

Ali realizou a sua vocação com carinho e amor, reservando um dia por semana aos pobres, que recebia gratuitamente.

Na sua Autobiografia, a Alexandrina dá-nos conta do primeiro encontro com ele:

– Em 29 de Janeiro de 1941, recebi a visita dum Sr. Padre conhecido, acompanhado por várias pessoas da sua freguesia. Apresentou-mas na chegada, mas só depois de conversar muito fiquei a saber que um deles era médico.

Á bom saber-se que a Alexandrina tivera até esta data vários médicos, entre os quais sobressai o Dr. Abílio de Carvalho, que foi Governador de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, antes de ser eleito Presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, cargo que ocupou até à morte que o colheu ainda novo.

Falando ainda do Dr. Azevedo, a Alexandrina escreveu:

Conservou-se calado e sorridente. Não sei o que sentia intimamente por ele. Mal eu pensava que, dentro em pouco, ele seria meu médico assistente.

Principiou a examinar-me minuciosamente, mas com toda a prudência e carinho. Depois de feito o seu exame, achou conveniente convidar o Sr. Dr. Abel Pacheco e o meu médico assistente naquela altura, que vieram conferenciar a meu respeito.

Foi assim, que em 14 de Fevereiro de 1941, o Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo — médico enviado por Deus — se tornou seu médico assistente, o “médico providencial” da “Doentinha de Balasar” e o será até à morte desta a 13 de Outubro de 1955.

Este médico, homem cultivado e cheio de fé, vai, durante muitos anos defender a Alexandrina e demonstrar que, ao contrário do que alguns pensam, ela não era uma impostora, mas uma verdadeira vítima.

Eis o que escreve o Prof. José Ferreira, na obra citada:

“Impressiona ainda muito mais o que por ela fez em concreto, defendendo-a perante a autoridade eclesiástica, perante médicos especialistas e nas páginas de jornais adversos. E isto levado a cabo por um pai que, com o exercício da sua profissão, tinha de sustentar e formar catorze filhos.”

Para isso, a mais das cartas que escreveu a diversas entidades religiosas e civis, vai provocar o internamento da Alexandrina numa clínica do Porto, para provar cientificamente que o que se passa nela é obra de Deus.

O Dr. Henrique Gomes de Araújo, homem honesto e sábio, mas agnóstico, vai fazer tudo, durante os 40 dias e 40 noites que ela passará na sua clínica, para a destabilizar, o que nunca conseguirá. Por isso mesmo, no fim deste longo internamento publicará um documento importante onde confessa que a ciência é incapaz de compreender e explicar o caso da Alexandrina que não come nem bebe, alimentando-se apenas da Eucaristia e vivendo, todas as sextas-feiras a Paixão do Senhor.

Mas, sobre o Dr. Gomes de Araújo, falarei noutra emissão a ele consagrada.

Várias vezes, nos escritos da Alexandrina, encontramos pequenas mensagens dirigidas por Jesus ao médico, o “Bom samaritano”.

No dia 27 de Março de 1942, podemos ler nos Sentimentos da alma:

― Minha filha, todas as minhas graças e todo o meu amor se estendem sobre o Cireneu que te auxilia e sobre todos os seus descendentes até ao fim.

E estas palavras tão ternas, no dia 3 de Outubro de 1942:

— Diz ao teu médico, diz a essa grande alma, diz a esse infundidor da minha divina luz e amor nos corações, que o amo com todo o amor, e tanto mais o amarei quanto mais ele cuidar de mim e da minha causa. A obra é de Deus, e Deus sempre triunfará.

É também ao Médico que Jesus vai pedir para que intervenha junto do Arcebispo de Braga, como se pode ler nos escritos datados de 5 de Setembro de 1942:

— Jesus pede ao médico da sua crucificada para que ele peça ao Senhor Arcebispo que faça que a sua causa triunfe, que faça que o mundo seja consagrado ao Imaculado Coração da Virgem-Mãe.

Não seria possível citar aqui todas as mensagens dirigidas por Jesus ao bom médico, por serem muito numerosas.

Todavia, antes de terminar, penso que esta outra citação tem aqui o seu lugar e demonstra uma vez mais, se isso fosse necessário, o amor e o carinho de Jesus para com o Dr. Azevedo. Ouçamos estas com data de 7 de Novembro de 1942:

— Diz, diz, minha filha, ao teu médico, não posso deixar de ter para com ele as maiores provas de amor por ter sido o amparo, o braço firme da causa divina em momentos que os homens tentaram destruir.

O Dr. Azevedo foi uma das 48 testemunhas que prestaram declarações a quando do Processo diocesano.

O seu testemunho é longo, mas muito instrutivo. O médico aí revela uma vez mais o seu carinho para com a Alexandrina de demonstra o conhecimento perfeito que tinha da vida da sua “Doente”.

Infelizmente, não teve a felicidade, aqui na terra, de assistir à glorificação da Alexandrina, visto ter falecido em 20 de Dezembro de 1971, com 77 anos de idade.

No Céu, e na companhia dela, terá certamente assistido à Beatificação que ocorreu em 25 de Abril de 2004, 33 anos depois do seu nascimento ao Céu.

Afonso Rocha

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