Consagração
do mundo a Maria
Emissão - 14
Na
última emissão falei-vos da morte mística da Beata Alexandrina. Hoje
vou vos falar da consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria,
da qual ela foi a iniciadora, como o prova um documento editado pela
Santa Sé a quando da instrução do processo de beatificação, no qual
se pode ler o seguinte:
“Foi
ela que em 1936, por intermédio do seu director espiritual escreveu
ao Santo Padre para pedir esta consagração”.

De
facto, no dia 30 de Julho de 1935, Jesus fala, pela primeira vez à
Alexandrina na Consagração do mundo a Maria, nestes termos:
“Manda dizer ao teu pai espiritual que, em prova do amor que dedicas
a Minha Mãe Santíssima, quero que seja feito todos os anos um acto
de Consagração do mundo inteiro, num dos dias das suas festas,
escolhido por ti: Assunção, Purificação ou Anunciação, pedindo à
Virgem sem mancha de pecado que envergonhe e confunda os impuros,
para que eles arredem caminho e não me ofendam. Assim, como pedi a
Santa Margarida Maria para ser o mundo consagrado ao Meu Divino
Coração, assim peço-te a ti para que seja consagrado a Ela uma festa
solene.”
O Padre
Mariano Pinho, não se apressou, preferiu a prudência e esperou mais
de um ano, antes de escrever ao Papa Pio XI, a 11 de Setembro de
1936. A carta foi enviada ao Secretário de Estado do Papa, o Cardeal
Eugénio Pacelli, futuro Pio XII.
Esta
iniciativa motivou um inquérito da Santa Sé e foi encarregado deste
um sacerdote Jesuíta, o Padre António Durão que visitou a
Alexandrina e lhe fez muitas perguntas, a fim de julgar o bem
fundado do pedido enviado ao Papa. Ficou muito bem impressionado com
a Alexandrina.
Um
pouco mais tarde, em Maio de 1938, o Padre Mariano Pinho foi
escolhido para pregar o retiro dos Bispos portugueses reunidos em
Fátima. O zeloso sacerdote aproveitou desta excelente ocasião para
motivar os Bispos portugueses a solicitarem a Consagração mundo a
Maria, conforme o pedido de Jesus, o que foi feito no fim do retiro,
em Junho de 1938. O Padre Mariano Pinho escreveu ele mesmo o pedido
em Latim e todos os Bispos presentes assinaram o dito pedido.
Este
novo pedido resultou em nova investigação por parte da Santa Sé que
enviou junto da vidente um eminente professor co colégio português
de Roma, o Cónego Manuel Pereira Vilar.
O
encontro entre a Alexandrina e o Cónego Vilar foi um sucesso. Neste
período encontramos um Bispo açoriano (depois Cardial) que teve
papel de relevo: D. José da Costa Nunes.
Mas
porque as coisas tardavam e alguns eminentes eclesiásticos pareciam
pouco susceptíveis aos dizeres de uma simples camponesa, Jesus
permitiu um sinal: a vivência da Paixão pela “doentinha de Balasar”.
No dia
3 de Outubro de 1938 Alexandrina começou a viver a Paixão de Jesus
de maneira visível todas as sextas-feiras. Esta vivência da Paixão
durou até 20 de Março de 1942, ano da consagração, continuando
depois de maneira invisível.
Nesses
momentos — durante os “êxtases” da Paixão —, a Alexandrina
readquiria milagrosamente os movimentos de todo o seu corpo, e
normalmente rezava ajoelhada na sua cama, em direcção à Igreja
paroquial de Balasar.
Entretanto o Papa Pio XI faleceu e ocupou o seu lugar o Cardeal
Eugénio Pacelli, com o nome de Pio XII.
Em 20
de Março de 1939, Jesus prediz à Alexandrina: «É este Papa que
consagrará o Mundo ao Coração Imaculado de Minha Mãe».
Em 16
de Junho de 1939 — festa do Sagrado Coração de Jesus — a Alexandrina
escreve pela última vez ao Papa, a pedir novamente a Consagração do
Mundo ao Coração Imaculado de Maria.
Em 3 de
Outubro de 1942, Jesus voltará a insistir:
— Depressa, depressa a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de
Maria.
Finalmente Pio XII decidiu consagrar o mundo a Maria, concretizando
assim o pedido feito por Jesus por intermédio da Alexandrina.
No dia
31 de Outubro de 1942 ela recebeu de Fátima um telegrama do Padre
Mariano Pinho, anunciando-lhe que, em Roma, o Santo Padre Pio XII
fez, finalmente, a Consagração do Mundo ao Coração Imaculado de
Maria, em língua portuguesa, com especial menção à Rússia.
E foi
precisamente após essa mesma Consagração do Mundo que a vivência da
Paixão de Cristo deixou de ser visível e tão dolorosa, passando a
ser vivida apenas no seu íntimo.
Afonso
Rocha |