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Primeiro convite à crucifixão

EMISSÃO - 12

Até aqui a vida da Alexandrina, mesmo se “salpicada” — palavra que meto entre aspas — por alguns dons particulares, parece ser uma vida normal, quase diria: comum a todos os filhos de Deus.

Depois de ter obtido a graça da Santa Missa celebrada no seu quarto, em 1933, o novo ano — 1934 — vai trazer à Alexandrina novas graças, novas missões, novas obrigações.

Já quase no fim deste ano ela vai receber uma proposta de Jesus que a surpreende: o primeiro convite à crucificação, como ela o explica numa carta enviada ao seu Paizinho espiritual, com a data de 8 de Setembro de 1934:

«Quinta-feira, dia 6, o Sr. Abade veio trazer Nosso Senhor a uma doente minha vizinha, e ao mesmo tempo trouxe também para mim. Depois de comungar não sei como fiquei ; estava fria, parecia-me que não sabia dar graças. Mas, louvado seja o meu bom Jesus ! não olhou para a minha indignidade, nem para a minha frieza. Parecia-me ouvir dizer :

— “Dá-me as tuas mãos que as quero cravar comigo ; dá-me os teus pés que os quero cravar comigo ; dá-me a tua cabeça que a quero coroar de espinhos, como me fizeram a mim ; dá-me o teu coração que o quero trespassar com a lança, como me trespassaram à mim ; consagra-me o teu corpo, oferece-te toda a mim, que te quero possuir por completo e fazer o que me aprouver”.»

Compreende-se perfeitamente que ao ouvir um tal convite ela diga ao seu Director espiritual:

«Foi isto o bastante para me ter tido muito preocupada. Não sabia o que havia de fazer ; calar-me e não dizer nada, parece-me não ser a vontade de Nosso Senhor, parece-me que o meu bom Jesus não queria que eu ocultasse isto.»

Claro que não, sobretudo que este convite se repetiu, como ela continua a explicar ao Padre Mariano Pinho:

«Isto repetiu-se na sexta-feira, e hoje, dia de Nossa Senhora», 8 de Setembro.

Mais ainda: a Alexandrina deve obedecer em tudo ao seu pai espiritual e nada lhe esconder, para que este saiba como dirigi-la e acompanhá-la espiritualmente. Esta obediência cega não lhe impede de perguntar, de pedir conselho e, na mesma carta ela pergunta:

«Será isto uma ilusão minha ?»

Um dos grandes medos da Alexandrina era enganar-se e pela mesma ocasião enganar os outros. E ela termina a sua narração com est humilde súplica:

«Ai, meu Jesus, perdoai-me se Vos ofendo ! Eu não Vos queria ofender ; faço por obediência, e a não ser calar-me, não sei como pudesse proceder doutra forma.»

Neste mesmo mês de Setembro — no dia 26 — a Alexandrina vai ter outro encontro — encontro este desejado pelo Padre Mariano Pinho cujas obrigações não lhe permitem de estar mais frequentemente presente junto da sua dirigida — ela vai encontrar-se com o Padre Alberto Gomes que será doravante o seu confessor e o será até à morte da Alexandrina, à qual ele assistirá.

E, justamente porque a Alexandrina se está transformando, pela acção divina numa espécie de pára-raios para os pecadores, o demónio começa também a assediá-la e a perturbá-la cada vez mais fortemente, esperando impedi-la de obedecer a Deus e àqueles que o Senhor colocou no seu caminho, para a guiarem.

No mês seguinte, Jesus fala-lhe do futuro desposório espiritual e convida-a para a missão de vítima, pedindo-lhe: “Ajuda-me na redenção do género humano”.

Um pouco mais tarde, poucos dias antes do Natal, no dia 20 de Dezembro deste mesmo ano de 1934, Jesus confia-lhe a missão dos Sacrários e dos pecadores.

Afonso Rocha

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